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Rio de Janeiro, 15 de janeiro de 2025


Ciência e Tecnologia

América Latina aumentou em 150% o investimento científico

Evandro Lima Rodrigues - Do Portal

28/04/2010

Mauro Pimentel

Apesar das instabilidades políticas e econômicas, países da América Latina e do Caribe ampliaram os investimentos em ciência e tecnologia nos últimos dez anos, aponta estudo do CINDA (Centro Universitario de Desarollo). De acordo com a pesquisa, coordenada pelo professor Barnabé Santelices, da PUC-Chile, a região investiu US$ 43,88 milhões em 2007 – um aumento de 150% em relação a 1998. Apresentados na PUC-Rio, em encontro da Secretaria Geral Ibero-americana (SEGIB), da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e da UNIVERSIA, tais números representam os esforços latino-americanos para transformar a produção científica em ganho de competitividade. 

O avanço alcançado pela América Latina se mantém, no entanto, inferior ao registrado por países desenvolvidos.  Enquanto nos Estados Unidos e na Ásia, por exemplo, os investimentos em ciência e tecnologia aumentaram, respectivamente, 34,7% e 32,7%, em 2007, na Ibero-América o crescimento foi de 2,9%. Santelices discutiu, com representantes de universidades brasileiras e estrangeiras e do poder público, como o secretário de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, Luiz Eduardo Horta, alguns caminhos estratégicos para reduzir aquela distância. Reunidos na PUC-Rio, os especialistas debateram três desafios essenciais: o aperfeiçoamento da formação dos investigadores em ciência e tecnologia (em 2007, só 23,53% deles eram doutores); o aumento na taxa de admissão para o doutorado; e o aumento da quantidade de patentes produzidas, que, em 2007, somaram pouco mais de 6 mil em toda a América Latina.

 Bruno Pereti/Comunicar

Segundo Santelices, há ainda um quarto desafio: a modernização do quadro de disciplinas. Na avaliação do professor, o currículo deve privilegiar disciplinas "aplicadas e de fronteiras", em áreas como agricultura e medicina.

Modelo de parceria

Para o reitor da PUC-Rio, padre Jesús Hortal S.J., o encontro reforçou a importância de outra condição essencial ao desenvolvimento científico: a conjugação entre as instituições de pesquisa e o setor privado, como se observa no modelo da PUC-Rio. O Centro de Tecnologia em Dutos, parceria entre Petrobrás, Transpetro e PUC-Rio, ilustra este esforço conjunto, lembrou o reitor. Sem fins lucrativos, o Centro articula transferência de conhecimento a partir da união entre universidades e empresas. Conta com mais de 35 associados.

– A interação é um modelo que pode ser adotado pelo grupo ibero-americano para superar os desafios apontados – sugeriu o reitor. Ele destacou o “entrosamento” entre ensino superior, empresas e governo para “uma universidade que quer ser motor de desenvolvimento de novas ideias para o bem social”.

Segundo o relatório do CINDA (2007), nos países latino-americanos as universidades concentram os recursos humanos dedicados à investigação e à criação de novos conhecimentos. No entanto, a iniciativa privada dobrou a  oferta de emprego para cientistas e tecnólogos. Só na área industrial saltou 37,1% em dez anos. Já o setor público registrou queda de 14,3%.

O setor empresarial foi também o que mais investiu em financiamentos e execução de trabalhos em ciência e tecnologia na Ibero-América. Em 2006, 42,2% dos estudos fianciados no setor foram patrocinados por empresas. Para o professor do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio Pedro Cláudio Cunca, os números indicam que o desenvolvimento tecnológico exige uma participação maior dos investimentos públicos. 

 Bruno Pereti/Comunicar Santelices propõe a  criação de uma estrutura comum para reforçar a atuação das universidades ibero-americanas no desenvolvimento da produção científica. O objetivo é a malhor aplicação dos recursos para ciência e tecnologia:

– Com a criação de diferentes programas de desenvolvimento, bem como uma complementação de esforços e recursos, será possível aumentar e renovar o número de investigadores e aumentar o número de ilhas de excelência – apontou o professor.

Embora o caminho ainda seja longo rumo à produção científica dos países desenvolvidos, a América Latina quase triplicou a formação de doutores nos últimos dez anos: de 5.460, em 1998, para 13.775, em 2007. No mesmo período, o número de publicações científicas cresceu 108%.

Novas diretrizes

A agenda de inciativas voltadas para o aperfeiçoamento da produção científica e das universidades prevê, no próximo mês, o II Encontro Internacional de Reitores. Marcado para Guadalajara, no México, entre os dias 30 de maio e 1º de junho, reunirá 800 mil representantes de instituições superiores do mundo inteiro.