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Rio de Janeiro, 26 de abril de 2024


Ciência e Tecnologia

Os rumos da TV digital no Brasil

Yasmim Rosa - Do Portal

23/07/2009

Reprodução

Implantada atualmente em 20 cidades do país, a TV digital vem mudando os rumos do sistema televisivo brasileiro. Há dois anos em processo de adaptação, muito se tem discutido sobre os reflexos do novo sistema na sociedade. O professor do Departamento de Comunicação Social Marcos Dantas revela que ainda é preciso investir para que a transição do modelo analógico para o digital seja feita no tempo previsto.

A televisão digital reserva muitas surpresas, especialmente na área da interatividade. Com apenas um clique, sem sair do sofá, será possível fazer compras, acessar informações sobre os programas e, para os amantes do futebol, até escolher o ângulo em que prefere assistir ao jogo. Já é viável fazer tudo isso atualmente, mas apenas para quem possui TV por assinatura. A chegada da TV digital vai oferecer, de graça, o que há pouco tempo só era acessível a alguns.

O processo para receber o sinal digital é simples. Os novos televisores ou os conversores usados com as TVs convencionais terão uma espécie de leitor capaz de entender o conteúdo que as emissoras vão enviar com a programação normal.

 Para Marcos Dantas, a adaptação dos televisores ou a substituição para aparelhos já com os conversores inclusos será o grande problema aqui no Brasil.

- A pergunta é: todas as residências que hoje têm aparelhos de TV vão substituí-los por aparelhos digitais? Isso é duvidoso num país como o Brasil, onde as desigualdades são muito discrepantes - afirma.

Ainda de acordo com o professor, nos Estados Unidos foi necessário aumentar o prazo para a adaptação dos aparelhos. No Brasil, existe mais locais onde o acesso é difícil e a população tem baixa renda.

- Se nada for feito para ajudar nessa mudança, vamos enfrentar uma situação ainda mais grave que os americanos. Pode ocorrer até a inviabilização do desligamento do sinal analógico e, em consequência, outros problemas serão gerados a partir disso.

 De acordo com Dantas, possivelmente o governo terá que ajudar financeiramente no processo de conversão. Segundo ele, “bolsas-conversores” serão distribuídas para que em 2017, prazo final para que a transição se complete, todo o país esteja integrado no Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD).

Apesar de todo o investimento na criação de um middleware brasileiro, o dinheiro gasto na implantação do sistema ainda é insuficiente para que o país se torne referência na área. Para Dantas, seria necessário investir no desenvolvimento tecnológico e nas indústrias produtoras de equipamentos digitais para TV, incluindo aparelhos receptores.

Mas a TV digital também trará outros benefícios para o Brasil. Com a utilização do novo modelo, a indústria montadora de televisores, toda ela localizada na Zona Franca de Manaus, poderá passar por melhorias. Além disso, as redes de TV aberta serão auxiliadas no sentido de se defenderem da corrosão de seus mercados pelas redes de TV paga. Porém, o mais importante serão os benefícios de âmbito cultural e político.

Para Dantas, apesar do sistema digital ainda estar em processo de adaptação, é necessário que se discuta o futuro desse modelo.

- Mais cedo ou mais tarde, a TV digital precisará de uma regulamentação própria, pois hoje, ela se encontra sem legislação. Espero que a 1ª Conferência Nacional de Comunicação, convocada pelo governo para o final do ano, debata o tema.

Ainda segundo o professor, o Ginga é considerado um dos middlewares mais desenvolvidos atualmente. Durante sua criação, os técnicos envolvidos no projeto preocuparam-se não apenas com o aparelho, mas também com a sua funcionalidade. Ele é apropriado às condições sócio-econômicas do Brasil e de outros países em condições similares às brasileiras.

Sua tecnologia permite que toda a população tenha acesso à informação, à educação à distância e aos serviços, usando apenas a TV, meio de comunicação presente em todo o território. Ele leva em consideração também a importância da televisão como um meio complementar para inclusão social/digital. Além disso, será possível que todos produzam material interativo, dando novo impulso às emissoras comunitárias e à produção de conteúdo pelas grandes empresas.

Com o intuito de apresentar os conceitos e ferramentas que permitam o desenvolvimento de conteúdo e aplicações para o novo padrão de TV digital brasileiro, o Departamento de Informática da Universidade promoverá, entre 27 de julho e 28 de setembro, o curso de extensão "Desenvolvimento de Aplicação e Conteúdo para TV Digital em Ginga-NCL". As aulas irão abordar temas como padrões e arquitetura do Sistema Brasileiro de TV Digital, a linguagem do sistema NCL e Lua, além de laboratórios em que programas interativos serão feitos, utilizando o Ginga e ferramentas gráficas. Para saber mais sobre o curso, basta acessar a página da Coordenação Central de Extensão ou ligar para a Central de Atendimento pelo telefone 0800 970 9556.