Na década de 1960, quando Jornada nas Estrelas estreou na televisão americana, não se imaginava que algumas peças de ficção ganhariam as lojas duas ou três décadas mais tarde – como o celular acionado com os dedos e o iPod. Enquanto o seriado colecionava adeptos e versões cinematográficas, pesquisadores antecipavam o futuro. Na PUC-Rio, a tarefa renova-se, por exemplo, nos Departamentos de Engenharia e Informática. O automóvel "inteligente" é uma das ambições futuristas.
Segundo o coordenador do Curso de Engenharia de Controle e Automação da Universidade, Mauro Speranza Neto, a tendência é que os carros se tornem "mais independentes do ser humano". Terão condições de corrigir equívocos de direção e prevenir acidentes. Se o motorista tomar alguma medicação que o deixe com sono, por exemplo, o veículo poderá guiá-lo automaticamente.
Para chegar até lá, estudantes mergulham na programação e na montagem de automóveis. Ainda nos primeiros períodos, constroem máquinas feitas de Lego. Depois desenvolvem avanços tecnologícos para facilitar a vida do motorista. Em 30 anos, terão sido responsáveis pela consumação do carro híbrido (terrestre e aéreo), projetam os especialistas.
No caminho do modelo hibrido, observa Speranza Neto, está a automação do veículo,. Assim, pessoas sem formação de piloto poderão controlá-lo. Futuro distante? O professor garante que não:
– A nossa ideia é formar alunos capacitados em programação de veículos terrestres para que, daqui a alguns anos, possam desenvolver os carros híbridos ou mistos, que são o futuro do mercado.
Outra exigência para o automóvel de última geração é o zelo com o meio ambiente. Neste mês, o presidente americano, Barack Obama, firmou um pacto com montadoras e sindicatos em torno da fabricação de carros “verdes”, veículos elétricos que poluem bem menos do que os modelos tradicionais, exclusivamente com motor a combustão. Neste compasso, alunos de Engenharia Mecânica da PUC-Rio desenvolveram um veículo elétrico sobre duas rodas. O de quatro rodas ainda depende de financiamento.
No laboratório de Robótica, estudantes também buscam antecipar o futuro. Criam, por exemplo, robôs para inspeção de tubulações na usina nuclear de Angra dos Reis, a 200 quilômetros do Rio. Desenvolvem também robôs para competições. Pretendem avançar para uma máquina capaz de dar suporte a uma operação policial ou a resgate em um acidente. Num tiroteio, o robô seguiria na frente dos policiais e, por meio de comandos, avisaria-os sobre os riscos. Segundo o professor de Robótica Marco Meggiolaro, a construção é tecnologicamente viável, mas faltam recursos.
Um dos projetos mais inusitados e audaciosos dos futuros engenheiros é a implantação de interface cérebro-computador. Significa escrever no computador com o pensamento. Segundo Meggiolaro, um eletroencefalograma em forma de touca, já utilizado pela medicina na investigação de doenças como a epilepsia, capta sinais cerebrais capazes de serem convertidos em letras na tela do computador. A mesma tecnologia faria uma pessoa mover uma cadeira de rodas só com a mente.
– Queremos ir além dos aparelhos em uso pela medicina. Queremos fazer o que há de mais tecnológico para ajudar pessoas no futuro – observa Meggiolaro.
O professor do Departamento de Informática da PUC-Rio Marcelo Gattass acredita que será possível descobrir, por exemplo, se uma pessoa está com a pressão alta enquanto trabalha em seu computador. Um dispositivo com o formato de pen drive funcionará como aparelho de pressão. Algo semelhante poderá estender-se ao carro: tecnologia associada ao GPS (em português, Sistema de Posicionamento Global) informará, por exemplo, a temperatura corporal do motorista e o hospital mais próximo, prevê Gattass.
Em busca de novas tecnologias, tornam-se essenciais parcerias como a estabelecida entre os Departamento de Informática e História e a Petrobras. Em uma área da empresa onde será construído o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ), no município de Itaboraí, fica o Convento de São Boaventura, onde estudou Frei Galvão. Datada de 1650, a construção, em ruínas, é considerada um dos mais belos e importantes conjuntos arquitetônicos religiosos do período colonial. Ali a Petrobras planeja inaugurar, em três anos, o Centro de Informações, uma espécie de museu virtual. Conta com a colaboração dos Departamentos de Informática e História da PUC-Rio para criar o programa virtual e recuperar os acervos históricos.
– A ideia é que o visitante chegue ao local e, por meio de uma tela transparente, consiga, ao olhar para o convento, visualizar imagens da construção no passado – antecipa o professor.
A técnica poderá auxíliar construtoras na venda de apartamentos, por exemplo. O único problema, de acordo com Gattass, é o custo:
– Se as construtoras adotarem o programa, talvez tenham de subir o preço dos apartamentos. Porém, a utilização, facilitará muito as vendas.
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