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Rio de Janeiro, 15 de janeiro de 2025


Ciência e Tecnologia

A rotina de antecipar o futuro

Carolina Barbosa - Do Portal

14/08/2009

Carolina Barbosa

Na década de 1960, quando Jornada nas Estrelas estreou na televisão americana, não se imaginava que algumas peças de ficção ganhariam as lojas duas ou três décadas mais tarde – como o celular acionado com os dedos e o iPod. Enquanto o seriado colecionava adeptos e versões cinematográficas, pesquisadores antecipavam o futuro. Na PUC-Rio, a tarefa renova-se, por exemplo, nos Departamentos de Engenharia e Informática. O automóvel "inteligente" é uma das ambições futuristas. 

Segundo o coordenador do Curso de Engenharia de Controle e Automação da Universidade, Mauro Speranza Neto, a tendência é que os carros se tornem "mais independentes do ser humano". Terão condições de corrigir equívocos de direção e prevenir acidentes. Se o motorista tomar alguma medicação que o deixe com sono, por exemplo, o veículo poderá guiá-lo automaticamente.

Para chegar até lá, estudantes mergulham na programação e na montagem de automóveis. Ainda nos primeiros períodos, constroem máquinas feitas de Lego. Depois desenvolvem avanços tecnologícos para facilitar a vida do motorista. Em 30 anos, terão sido responsáveis pela consumação do carro híbrido (terrestre e aéreo), projetam os especialistas. 

No caminho do modelo hibrido, observa Speranza Neto, está a automação do veículo,. Assim, pessoas sem formação de piloto poderão controlá-lo. Futuro distante? O professor garante que não:

 – A nossa ideia é formar alunos capacitados em programação de veículos terrestres para que, daqui a alguns anos, possam desenvolver os carros híbridos ou mistos, que são o futuro do mercado.

Outra exigência para o automóvel de última geração é o zelo com o meio ambiente. Neste mês, o presidente americano, Barack Obama, firmou um pacto com montadoras e sindicatos em torno da fabricação de carros “verdes”, veículos elétricos que poluem bem menos do que os modelos tradicionais, exclusivamente com motor a combustão. Neste compasso, alunos de Engenharia Mecânica da PUC-Rio desenvolveram um veículo elétrico sobre duas rodas. O de quatro rodas ainda depende de financiamento. 

 No laboratório de Robótica, estudantes também buscam antecipar o futuro. Criam, por exemplo, robôs para inspeção de tubulações na usina nuclear de Angra dos Reis, a 200 quilômetros do Rio. Desenvolvem também robôs para competições. Pretendem avançar para uma máquina capaz de dar suporte a uma operação policial ou a resgate em um acidente. Num tiroteio, o robô seguiria na frente dos policiais e, por meio de comandos, avisaria-os sobre os riscos. Segundo o professor de Robótica Marco Meggiolaro, a construção é tecnologicamente viável, mas faltam recursos. 

Um dos projetos mais inusitados e audaciosos dos futuros engenheiros é a implantação de  interface cérebro-computador. Significa escrever no computador com o pensamento. Segundo Meggiolaro, um eletroencefalograma em forma de touca, já utilizado pela medicina na investigação de doenças como a epilepsia, capta sinais cerebrais capazes de serem convertidos em letras na tela do computador. A mesma tecnologia faria uma pessoa mover uma cadeira de rodas só com a mente. 

 – Queremos ir além dos aparelhos em uso pela medicina. Queremos fazer o que há de mais tecnológico para ajudar pessoas no futuro – observa Meggiolaro.

O professor do Departamento de Informática da PUC-Rio Marcelo Gattass acredita que será possível descobrir, por exemplo, se uma pessoa está com a pressão alta enquanto trabalha em seu computador. Um dispositivo com o formato de pen drive funcionará como aparelho de pressão. Algo semelhante poderá estender-se ao carro: tecnologia associada ao GPS (em português, Sistema de Posicionamento Global) informará, por exemplo, a temperatura corporal do motorista e o hospital mais próximo, prevê Gattass.

Em busca de novas tecnologias, tornam-se essenciais parcerias como a estabelecida entre os Departamento de Informática e História e a Petrobras. Em uma área da empresa onde será construído o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ), no município de Itaboraí, fica o Convento de São Boaventura, onde estudou Frei Galvão. Datada de 1650, a construção, em ruínas, é considerada um dos mais belos e importantes conjuntos arquitetônicos religiosos do período colonial. Ali a Petrobras planeja inaugurar, em três anos, o Centro de Informações, uma espécie de museu virtual. Conta com a colaboração dos Departamentos de Informática e História da PUC-Rio para criar o programa virtual e recuperar os acervos históricos.

– A ideia é que o visitante chegue ao local e, por meio de uma tela transparente, consiga, ao olhar para o convento, visualizar imagens da construção no passado – antecipa o professor.

A técnica poderá auxíliar construtoras na venda de apartamentos, por exemplo. O único problema, de acordo com Gattass, é o custo:

– Se as construtoras adotarem o programa, talvez tenham de subir o preço dos apartamentos. Porém, a utilização, facilitará muito as vendas.