Os jovens brasileiros não estão aptos a entrar no mercado de trabalho. É o que revela a pesquisa publicada no jornal “O Globo” no final do ano passado. Segundo a matéria, 71,6% dos jovens entre 15 e 19 anos ainda estão despreparados. Este panorama é lastimável, mas deve conduzir a uma reflexão mais profunda. Não se trata somente de um problema estrutural, nem é exclusivo do Brasil. Notícias e pesquisas comprovam que a realidade da juventude está mudando no mundo inteiro.
Essa mudança é fruto do estilo de vida contemporâneo: desenvolvimento dos meios de comunicação, mudanças comportamentais e supervalorização do entretenimento. Em oposição ao engajamento característico de décadas passadas, os jovens de hoje são produto de todas as facilidades que o mundo tem oferecido. O acesso irrestrito das crianças à informação e aos conteúdos da TV e da internet tornou-se perigoso. Essas ferramentas, apesar de extraordinárias, tendem a exibir uma realidade vazia, sugerindo um estilo de vida cada vez mais fútil. É o que caracteriza os jovens atuais. Muitos começaram desde pequenos a formar a personalidade baseados em uma cultura de imagens, estímulos e conforto. Hoje se encontram numa adolescência prolongada.
As lições, que antes tinham tempo certo para aparecer, hoje são atropeladas pela pressa. As crianças tornam-se adolescentes mais cedo e antecipam inúmeras experiências. Entretanto, por falta de maturidade, – natural da pouca idade – acabam por não assimilá-las devidamente. Com tantas vivências mal aproveitadas e etapas queimadas, o curso natural da vida está sendo alterado. O amadurecimento custa a chegar. Com a maturidade prejudicada, tudo se torna superficial. Estudos e especializações são vistos como obrigatoriedade, e não como oportunidade. O resultado dessa expansão da mentalidade adolescente é a inconseqüência, a irresponsabilidade e a falta de limites.
É inevitável que esse adiamento da maturidade se reflita nas estatísticas. Os jovens estão deslocados. Vivem, cada vez mais cedo, realidades que não condizem com sua mentalidade. Demoram para crescer. E, como a sociedade não pode esperar, exige deles uma responsabilidade para a qual não estão prontos. Esse é o perfil de uma geração que ainda está aprendendo a usufruir produtivamente do poder que lhes foi dado. Mas que, enquanto não aprende, acaba perdendo o rumo, deslumbrada com tantas novas invenções.
Departamento de Química da PUC-Rio oferece esperança ao tratamento de câncer
Conectados: medo e prazer de ficar de fora na era digital
Consultor da ONU: governança deve incluir internet profunda
Eletrônica facilita diálogo entre carro, motorista e ambiente