Em no máximo dez anos, o rádio brasileiro será digital, mas o debate ainda gira em torno do modelo a ser adotado. O preço dos novos equipamentos, a qualidade do som e a convergência de mídias são os principais critérios na escolha do padrão, diz o professor de Radiojornalismo da PUC-Rio, Marcelo Kischinhevsky. Em palestra sobre rádio digital, ele explicou que o principal modelo europeu, o Digital Audio Broadcasting (DAB), foi desenvolvido a partir dos anos 80, tem alta qualidade, som estéreo e defasagem de apenas um segundo. Além disso, há multiprogramação, com cinco ou seis canais de áudio simultâneos. Entretanto, o que não favorece a implantação desse padrão é que ele exige a substituição de todos os receptores analógicos. “É o que está desclassificando o rádio digital no território brasileiro, já que cada um custa de
O que diferencia o DAB do In-Band On-Channel (IBOC), modelo americano de Rádio Digital, é que o segundo permite transmitir sinais digitais junto com os sinais analógicos. Ou seja, quem tem receptor analógico, continua ouvindo o sinal AM, e quem tem receptor digital, ouve a transmissão em alta qualidade, sintonizando na mesma freqüência de AM. As emissoras nacionais preferem o modelo americano, porque assim elas não teriam que mudar a freqüência. Porém, segundo o professor, os testes realizados no Brasil não tiveram bons resultados, não há a cobertura de sinal em toda a área original e o som está com defasagem de até oito segundos.
Outro padrão cogitado é o Digital Radio Mondiale (DRM), um consórcio formado em 1998, e integrado pelas redes públicas de 30 países, a maioria europeus, destinado a transmissões em AM e ondas curtas. Está entre os mais votados para ser o modelo brasileiro em AM, criticado pela má qualidade de recepção.
Já o padrão japonês, que ainda está em fase de implantação, é convergente. A idéia é unir TV, rádio, telefonia e internet em um só veículo. O professor Kischinhevsky considera este o modelo mais adequado para o país. “A realidade do mundo é essa. Outros padrões não trabalham com o conceito de convergência, e essa é a palavra do momento”, explicou.
Independentemente da escolha do padrão do Rádio Digital, muitas mudanças vão ocorrer no veículo, e os estudantes de jornalismo têm muito a comemorar. Segundo o professor, a produção de conteúdo vai aumentar e a demanda por jornalistas também. “O conteúdo vai ser cada vez mais específico. O rádio digital vai causar a radicalização da segmentação”, disse. Serviços de rádio por assinatura serão criados e o repórter terá que se especializar em determinados assuntos. Que se preparem os futuros jornalistas.
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