Jana Sampaio - aplicativo - Do Portal
18/12/2013A seis meses do prazo final para consumar as coligações para as urnas de 2014, os três principais pré-candidatos a presidente tiveram de antecipar o discurso eleitoral e se mobilizar para encaminhar as alianças. Na avaliação de especialistas como o cientista político Cesar Romero Jacob, diretor do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, César Romero Jacob, a antecipação da campanha decorreu do movimento “Volta Lula” e de uma série de equívocos que aguçaram o momento de instabilidade política deflagrado nos protestos de junho. Jogo antecipado, agora o andamento e a chance de um segundo turno depende, dizem os especialistas, menos do grito das esquinas do que fatores como o desempenho da economia — pressionada pelo preocupante casamento entre inflação alta e crescimento baixo —, a capacidade de coesão dos tucanos em torno da candidatura do senador mineiro Aécio Neves e a habilidade do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), para compensar a falta de palanque em São Paulo e para transformar em cacife eleitoral a aliança com a ex-senadora Marina Silva.
As ruas cobravam, em princípio, serviços públicos com a qualidade do "padrão Fifa" prometido para os estádios da Copa. Apontaram um descompasso entre o interesse social e os representantes formalmente instituídos. Depois, pondera Jacob, “forças políticas uniram-se à massa, mas com o objetivo de enfraquecer os partidos hegemônicos”. Para a corrida eleitoral, 2014 já havia começado.
O estopim simbólico desta antecipação da corrida eleitoral remete a uma decisão controversa do governo: adiar o aumento das passagens, normalmente aplicado em janeiro, para conter a inflação. O reajuste de 20% pulou para junho, quando os holofotes estavam voltados para a Copa das Confederações e os primeiros estádios em teste para o Mundial. Onde estava previsto o entusiasmo com os jogos, viu-se uma eclosão de protestos que, descontadas a dicção difusa e os arroubos de violência destoantes, tornaram-se a maior mobilização do país desde o impeachment do ex-presidente Fernando Collor, em 1992. Do coro contra o aumento das passagens, o clamor das ruas multiplicou-se em brados por melhorias nas áreas de educação, saúde e segurança pública, por providências contra a corrupção e por representações políticas e mediáticas mais alinhadas aos anseios populares.
Representantes do Legislativo e do Executivo correram para sinalizar que faziam parte do barco. “Precisamos oxigenar o nosso velho sistema político. Encontrar mecanismos que tornem nossas instituições mais transparentes, mais resistentes aos malfeitos e, acima de tudo, mais permeáveis à influência da sociedade”, declarou a presidente Dilma Rousseff, em cadeia nacional. Em seguida, anunciou um pacote de medidas em resposta às manifestações populares, nos quais se destacavam a proposta de um plebiscito sobre reforma política e a promessa de mais recursos para a educação, a saúde e o transporte público.
A presidente também tratou de receber alguns principais interlocutores de dois grupos marcantes nos protestos de junho: o Movimento pelo Passe Livre e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto. Ainda causou um princípio de incêndio com o Congresso, ao sugerir o tal plebiscito – naufragado semanas à frente – sem consulta parlamentar. Uma saia-justa no vice-presidente Michel Temer (PMDB), que, depois de descartar o plebiscito, teve de recuar. O episódio expõe a fragilidade da base de apoio parlamentar do governo.
Câmara e Senado cuidaram de aprovar, a toque de caixa, um conjunto de medidas supostamente afinadas com o apelo popular, como o voto aberto para cassações e a punição para empresas corruptoras. A ex-senadora Marina Silva, que mais tarde se uniria a Eduardo Campos numa aliança para concorrer à Presidência, considerou as reações “aquém da grandeza e da profundidade” da onda de protestos. Esperava-se que a oposição tucana, especialmente o senador mineiro Aécio Neves, virtual candidato do PSDB à Presidência da República, subisse o tom e explorasse a instabilidade política impulsionada pelas ruas. Mas, por circunstâncias como as disputas internas no partido, as críticas mantiveram-se relativamente mornas. Ainda assim, o cenário insinuava-se suficiente para antecipar e esquentar o jogo político-eleitoral de 2014.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), candidato à reeleição, luta para reaver a popularidade corroída desde o aumento, em junho, das tarifas dos ônibus intermunicipais e do metrô, seguido pelas acusações de truculência contra manifestantes e pelo desgaste provocado pelas denúncias de que autoridades tucanas receberam propinas de empresas supostamente envolvidas na montagem de um cartel no setor de transporte. Dilma e Alckmin, observam os analistas, buscam recuperar os capitais políticos perdidos por atritos resultantes das mobilizações populares e de confrontos partidários.
Para o também cientista político e professor da PUC-Rio Ricardo Ismael, o contexto tende a gerar uma relativa reciclagem. Os protestos produziram, afirma o analista, dois comportamentos já observados no cotidiano político. De um lado, partidos no poder traçam “pequenos esforços” para aproximar a agenda política do clamor popular. Do outro, estão políticos que mantêm a esperança de os protestos não passarem de “fogo de palha juvenil”
— Apesar de as manifestações de junho terem sacudido o mundo político, os parlamentares que estão no poder continuam os mesmos. Como observo uma mudança geracional em curso nas grandes cidades, que pede justamente por mudanças políticas por não se sentirem representados, esse processo tende a gerar novas lideranças. Porque há políticos e partidos que podem se reciclar. Mas outros, não — argumenta Ismael.
Antecipação da campanha se reflete na economia
Na avaliação de Jacob, autor de A geografia do voto nas eleições para prefeito e presidente nas cidades do Rio de Janeiro e em São Paulo e A geografia do voto nas eleições presidenciais do Brasil: 1989-2006 (Vozes e Editora PUC-Rio), o anúncio da pré-candidatura de Dilma, para o público interno do partido e para o país como um todo, somou-se ao movimentado cenário político e estimulou o desejo da presidente de “ocupar o máximo de espaço político com viagens pelo país”. Já se observa um tom de campanha, em que Dilma e o ex-presidente Lula ressaltam os avanços dos últimos 10 anos à frente do Palácio do Planalto.
— Uma sucessão de erros de Dilma e de Alckmin fez eclodir e intensificar os protestos, ao mesmo tempo em que a população começou a se dar conta de que a Copa e os gastos referentes à competição talvez tenham sido um equívoco, frente às prioridades do país, que, ao meu ver, são os serviços públicos de qualidade. Sobretudo no Rio de Janeiro e em São Paulo, forças políticas se uniram à massa, mas com o objetivo de enfraquecer os partidos hegemônicos – analisa o cientista.
Entre táticas – mais ou menos ortodoxas –, articulações e retóricas típicas de campanha, a presidente Dilma começa o novo ano com a popularidade pouco chamuscada pelos protestos e pelos acidentes de percurso no jogo político. Segundo levantamento feito pelo Instituto MDA, em novembro, a avaliação positiva da presidente beira os 40%, depois de ter caído a 31,3% no frigir das Jornadas de Junho.
O número logo transforma-se em munição, ou trunfo, na corrida eleitoral antecipada. No Fórum Internacional de Direitos Humanos em Brasília, dia 12 passado, o ex-presidente Lula disse que, caso o PT não consiga fazer tudo o que planeja no próximo mandato de Dilma, será necessário “fazer para frente”. Uma dupla indicação: de que considera certa a vitória da sucessora e de que volta à disputa pelo poder central está longe de ser descartada.
Materializada nos discursos, nas agendas – inclusive a presidencial – e nas articulações aceleradas, a precipitação da corrida eleitoral reflete-se também na economia. Segundo Ismael, a preocupação de Dilma em manter o expressivo cacife a faz adiar mudanças “cruciais para a estabilização econômica”. A presidente, ressalta Ismael, tem evitado medidas impopulares, “porém necessárias para as metas de inflação e o câmbio flutuante”.
— Diferentemente de outros momentos da história política brasileira, desde o início do ano a postura deles (governo) era de antecipar o debate eleitoral, que só irá começar, de fato, após a Copa do Mundo,. De certa forma, essa antecipação amarrou o governo, que agora não pode tomar nenhuma medida antipopular. Tudo que se tenha a fazer para ajustar a economia só será feito em 2015. Ou seja, deixou o governo imobilizado por quase dois anos, o que é ruim — opina.
Na visão de Jacob, os sintomas da economia compõem um diagnóstico impreciso, mas problemático. A estabilização ou não do tripé econômico — formado por câmbio flutuante, meta de inflação e responsabilidade fiscal — terá impacto direto na hora da escolha nas urnas.
— Dilma tem uma série de problemas a enfrentar, como a inflação. Isso tem levado a Petrobras a manter um preço artificial da gasolina, como uma forma de segurar a inflação — exemplifica Jacob — O bolso, como se diz, é a parte mais sensível do ser humano. Então, este será um dos desafios inseridos no jogo eleitoral.
Jacob: Movimento “Volta Lula” antecipou a corrida presidencial
Embora as manifestações de junho tenham aditivado a propulsão da disputa presidencial para o próximo ano, a largada desta corrida remonta à eleição do ex-ministro da Educação Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo. Uma ala do PT pegou o vácuo para lançar a campanha “Volta Lula”. Era a deixa para o ex-presidente antecipar a esperada pré-candidatura à reeleição de Dilma Rousseff. Para Romero Jacob, o anúncio feito por Lula foi também uma forma de mantê-lo no jogo político como a liderança petista:
— Durante todo o mandato, Dilma foi poupada pelo partido, como nas eleições para prefeito. A não exploração da sua imagem foi uma forma de evitar que “a criatura se voltasse contra seu criador”, numa tentativa de afirmar sua liderança.
A estratégia, porém, fez com que os adversários também antecipassem o discurso. Aécio Neves (PSDB-MG) tem tido apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para alinhar o partido nacionalmente e conseguir apoio dos tucanos paulistas Geraldo Alckmin e José Serra.
Caso os tucanos consigam encontrar a coesão interna e um discurso oposicionista potente, especialistas projetam a possibilidade de segundo turno entre as duas vias que governam o país há 19 anos. O apoio do PSDB paulista a Aécio Neves pode estancar o ciclo de atritos observados desde a emenda de reeleição promulgada em 1996, que permitiu ao presidente Fernando Henrique candidatar-se, contrariando o acordo com o ex-presidente Itamar Franco. (Itamar, que assumira a presidência depois do impeachment de Collor, queria concorrer em 1998). Os mineiros reviveram o sentimento de traição da época do café-com-leite e não apoiaram candidaturas dos paulistas.
Já Marina Silva, apontada como possível terceira via e principal beneficiária das Jornadas de Junho, uniu-se ao governador pernambucano Eduardo Campos, presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB). Na fatura por não ter sua Rede aprovada pelo Supremo Tribunal Eleitoral, Marina ocupa agora uma posição coadjuvante na campanha. Pelo menos até que pesquisas digam o contrário. Na eleição de 2010, ele recebeu 20 milhões e pôs a agenda ambiental na pauta política.
A coligação, avalia Jacob, Campos prejudica a pretensão de Campos de angariar parte dos aliados de Aécio, como a bancada ruralista liderada por Ronaldo Caiado (DEM-GO), inimigo político de Marina. A eficiência em resolver as principais dificuldades dos presidenciáveis será decisiva para uma disputa competitiva, acredita o cientista político:
— Lula emplacou uma candidata desconhecida, mineira radicada no Rio Grande do Sul, onde iniciara a carreira política, apoiada por um paulista. A campanha publicitária foi muito forte. Ela tem boa votação em Minas, Rio Grande do Sul e São Paulo, por causa do PT paulista, que dá sustentação, e no Nordeste, por conta do Bolsa Família. Ainda assim, caso Fernando Henrique consiga apaziguar a briga interna entre os tucanos paulistas e os tucanos mineiros, ressentidos desde a emenda da reeleição, que impediu Itamar Franco a voltar ao Palácio do Planalto, a disputa presidencial tende a ficar acirrada —projeta Jacob — Se José Serra e Alckmin – o PSDB paulista – apoiar Aécio, acredito que não será fácil para Dilma vencer as eleições no primeiro turno.
Sobre o fôlego de Eduardo Campos, o analista pondera:
— Campos acha que Aécio não emplaca e quer ser a segunda via. Mas, sem base eleitoral, nem apoio político em São Paulo, fica complicado. A chave da eleição depende, em parte, se o FHC vai conseguir apaziguar a briga interna entre tucanos paulistas e mineiros — reitera.
O ex-governador de São Paulo declarou recentemente que não será candidato à presidência pelo PSDB, nem por outro partido. O clima mais ameno, no entanto, não garante o apoio à campanha de Aécio. Embora o mineiro afirme que o partido está unido, nem Serra nem Alckmin se pronunciaram. Aécio, “que ganha tudo que disputa desde 2002, de governador a maioria na Câmara dos Deputados”, como lembra Romero Jacob, diz que defenderá uma “reconciliação do Brasil com o passado”, sobretudo com os anos em que Fernando Henrique Cardoso governou o país, numa referência ao entendimento interno entre os tucanos.
Já Eduardo Campos desdobra-se para converter a aliança com Marina em dividendos eleitorais. Uma das principais dificuldades é angariar aliados de Aécio, como os ruralistas. Até agora o Partido Popular Socialista (PPS) foi o único a formalizar apoio para as eleições de 2014.
Outra adversidade às ambições de Campos é a falta de palanque em São Paulo, estado que concentra um terço do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas nacionais) e um quarto do eleitorado — o colégio eleitoral paulista equivale à soma dos outros três estados do Sudeste. Jacob lembra que nenhuma das terceiras vias que antecederam Campos e Marina tinha o apoio dos paulistas:
— Marina é, nacionalmente, maior do que Campos, o deixando condicionado eleitoralmente à fundadora da Rede. Se antes ele vinha dialogando com os ruralistas, isso agora se torna inviável. Ele tem que administrar a visão ambientalista da acreana com seu projeto desenvolvimentista. Se ela for candidata, certamente o agronegócio irá trabalhar contra.
Romero Jacob ressalta que, apesar das fragilidades e dificuldades, os adversários de Dilma à Presidência têm potencial para chegar ao segundo turno. O especialista destaca, por outro lado, a importância de Lula na campanha de Dilma, decisiva na eleição anterior, quando ainda era desconhecida do grande público e disputava a atenção com figuras habituais ao horário eleitoral, como Serra e Marina. “Lula é o craque sentado no banco de reservas”, resume o pesquisador, numa metáfora exemplar.
— Quem está no governo tem mais visibilidade, mas também precisa lidar com intempéries como a economia sob uma inflação persistente. Isso será explorado na campanha eleitoral contra ela. Por outro lado, o PT sabe que sempre poderá recorrer a Lula, que é o craque sentado no banco de reservas — compara — Mas, independentemente de quem for eleito, será necessário um projeto para todo o país, não apenas para regiões individualizadas. Hoje só o PT e o PSBD têm projetos concretos para o Brasil. Será preciso se desfazer da ideia de que não se faz aliança com o partido X ou o político Y. Para a aprovação de projetos de lei, é preciso fazer concessões. Faz pare do jogo político.
Faltam discursos e propostas dissonantes, observam analistas
Na avaliação do especialista, faltam discursos dissonantes aos presidenciáveis, como é observado, por exemplo, nas eleições presidenciais americanas. Para ele, a tentativa dos opositores de atacar o Mensalão é prejudicial à política, pois restringe o debate e “desgasta o outro pelo escândalo e não pelo projeto político”:
— Eles não propõem coisas diferentes, é tudo no mesmo campo. Todo mundo disputando o mesmo tipo de voto, diferentemente do que se viu na campanha dos EUA, com os democratas e os republicanos.
Ismael concorda e acrescenta que a tentativa do Partido dos Trabalhadores em transformar em vítimas condenados como José Genuíno e José Dirceu — ex-presidente do PT e ex-ministro da Casa Civil, respectivamente — é uma forma de "reduzir danos". Na visão do professor, se Dilma mudasse a reforçasse o coro de se tratam de presos políticos, como sustentam líderes petistas, ela poderia ter a campanha prejudicada.
Eleições no Rio: vácuo na política estimula campanhas acirradas
Enquanto o cenário nacional Aécio, Campos e Marina jogam para levar a disputa antecipada para o segundo turno, o Rio esboça viver em 2014 uma das eleições mais concorridas, prevê Ricardo Ismael. Para o professor, a aliança PT-PMDB, apesar de estremecida, deverá se manter. Diferentemente do que vem sendo propalado pelos partidos, ele acredita que o interesse do ex-presidente Lula em conservar a união em nível estadual acabará atendido:
— Tenho a impressão de que o momento para o PT pular fora do governo Cabral já passou. No auge das manifestações e um pouco depois, o PT poderia fazê-lo, mas manteve a aliança. Agora o presidente do PT no Rio, Washington Quaqua, tem dado declarações sobre o fim da aliança, porém isso não se concretiza porque Lula não quer. Lula vai tentar trabalhar para que a candidatura do PT seja apoiada pelo PMDB no Rio.
Ainda de acordo com Ismael, há três alternativas ao impasse:
— Uma das leituras que podemos fazer é que a candidatura do Pezão não é irreversível. Além de o governo Cabral ser mal avaliado (38% ruim/ péssimo), o candidato do partido não vem se mostrando competitivo. A tendência mais forte é que o candidato da oposição vença no Rio, seja Lindberg, Cesar Maia, Crivella ou Garotinho. Mas, para que se tenha um palanque que possa dar muitos votos para Dilma, é importante que PT e PMDB cheguem a um acordo. O cenário de Pezão candidato e Lindberg renunciando é muito improvável, para não dizer inexistente. Outra possibilidade é ter os dois como pré-candidatos, como está hoje na mesa, mas que diverge da vontade de Lula. O que sabemos é que vai se encerrar o ciclo do PMDB. A candidatura do Lindberg é irreversível; mas a do Pezão, não.
Na opinião de Romero Jacob, o jogo ainda não está turvo. Ele não descarta uma disputa entre Pezão (PMDB) e Lindberg (PT). Como trunfo, Pezão conta com a exposição midiática que terá a partir de março, quando o governador Sérgio Cabral se dedicará à campanha ao Senado e o vice assumirá até as eleições de outubro. Já o candidato petista conta com a base do partido no governo há dez anos e com o apoio de Lula.
— Não acho que o Pezão seja inviável. Quando ele assumir o governo, passará a ter uma visibilidade maior. O problema dele é a herança do governo Cabral que, apesar de ter acertado na grande política, errou na simbologia política — avalia o professor — Na grande política, ele acertou porque há muito tempo um governador não atraía tantos recursos para o estado, devido ao alinhamento entre prefeitura, governo estadual e governo federal. Quando há desentendimento entre esses grupos, o dinheiro não chega. Por exemplo, as obras do Porto Maravilha estão sendo realizadas com investimento federal.
Já os deslizes em relação ao que Jacob chama de “pequena política” dificultam a ambição de Cabral fazer o sucessor no Palácio Guanabara:
— Por outro lado, Cabral erra na pequena política, com o deslumbramento com Paris e as viagens de helicóptero. É claro que os adversários políticos vão usar isso contra seu pré-candidato, ainda mais num momento de efervescência política como o que vivemos neste ano. Diferente do papa Francisco, que acerta nos dois âmbitos: aposta na aproximação com o povo e na simplicidade. Numa campanha eleitoral, um publicitário pode reverter esse caso com a exploração do aparente sucesso do modelo das UPPs. Avalio esta situação da seguinte forma: o ex-presidente Lula mantém a candidatura de Lindberg porque teme que Sérgio Cabral apoie o Aécio. O principal temor da Dilma é que Cabral diga uma coisa e faça outra. Acho que todos estão no jogo. Hoje, na política do Rio existe um vácuo — observa Romero Jacob.
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