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Rio de Janeiro, 27 de julho de 2024


Cultura

Um Machado de histórias

Glaucia Marinho - Do Portal

30/09/2008

O centenário de Machado de Assis foi lembrado na “Semana de História 2008”. Realizado de 1 a 5 de setembro, no auditório do RDC, o encontro foi concebido pelos alunos e professores do Departamento de História. “A Semana de História enriquece as discussões fora da sala de aula, e é uma oportunidade de conhecer uma pluralidade de versões”, disse o ex-aluno Felipe Proença, integrante do grupo que organizou o encontro. 

“A partir da obra de Machado de Assis, a literatura brasileira alcançou o patamar do melhor na literatura ocidental”, afirmou a pesquisadora da Casa de Rui Barbosa, Marta Senna. Segundo ela, a partir daí a literatura brasileira passou a ficar em igualdade de condição com autores como Dostoievsky, Honoré de Balzac e Charles Dickens. Para a pesquisadora, todos os autores brasileiros que vieram após Machado são tributários a ele. “Machado abriu uma quantidade de portas e janelas para literatura da quais os escritores brasileiros se beneficiaram até hoje.”

Ela também chamou atenção para a criatividade e dinamismo de sua obra. “Ele cria personagens que na verdade são seres humanos que poderiam estar em qualquer tempo e lugar, porque aquilo que lhe interessa é a condição humana, sua fragilidade, sua vulnerabilidade, sua contradição e sua alegria.” Isso conferiria à obra machadiana um diferencial, já que leitores de diferentes procedências e épocas podem compreender um livro como "Dom Casmurro".

Marta Senna apresentou o site idealizado por ela, e lançado pela Casa de Rui Barbosa, www.machadodeassis.net, onde o leitor tem acesso a informações sobre as obras de Machado. O pesquisador que procurar, por exemplo, Ladeira do Livramento, o portal traz todas as referências na obra de Machado sobre a Ladeira.

Para a professora da PUC-Rio, Márcia Gonçalves, mais do que apresentar as características e contradições do ser humano, os personagens de Machado exploram a miséria humana. “Dom Casmurro e Esaú e Jacó apresentam a miséria humana no aspecto das oscilações, das dúvidas e de como certa ambigüidade marca a ação do homem no mundo”.

Segundo ela, uma das peculiaridades da literatura machadiana está no fato de que ninguém é só bom ou só mau. "Somos tudo isso e mais alguma coisa e mais o que as circunstâncias nos vierem fazer ser”, lembra. Segundo Márcia, os textos de Machado sempre tem algo a nos dizer. Ela também destacou a crítica as relações sociais no Brasil de sua época. “Machado faz uma crítica sutil sem cair na obviedade”, conclui.