Gabriel Camargo - Do Portal
11/01/2013Volta e meia a possibilidade de colisão entre um corpo celeste e a Terra deixa o campo da ciência ou as obras de ficção científica para ganhar os holofotes da mídia. Assim foi observado na quarta-feira passada, quando o asteroide Apophis passou a 14,4 milhões de quilômetros da Terra. Uma distância relativamente pequena, em proporções cósmicas, mas inofensiva. Apesar da frequência com que frequenta a literatura e o cinema, a chance de uma tragédia do gênero é remota, esclarecem os astrônomos.
O prognóstico tranquilizador está longe, no entanto, de representar um refresco para os guardiões do trânsito espacial. Cientistas seguem monitorando, por exemplo, o Apophis, que voltará a se aproximar da Terra em 2029 e em 2036. Neste ano a possibilidade de um choque, embora improvável, não é descartada, observa David Helfand, ex-diretor do Departamento de Astronomia da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.
Com o nome inspirado em um demônio da mitologia egípcia, o asteroide foi descoberto em 2004. Astrônomos estipularam, incialmente, 2,7% de chances para uma colisão em 2029, porém novos cálculos da agência espacial americana (Nasa) projetam que o asteroide passará a 22.208 quilômetros do nosso planeta. Um raspão em termos cósmicos, recorde de aproximação nos tempos modernos.
Segundo o astrofísico Douglas Falcão, coordenador de educação do Museu de Astronomia e Ciências Afins, a colisão entre planetas do mesmo sistema, apesar de rara, faz parte da história:
– Esse é um evento que já foi comum na história do sistema planetário. Quando os planetas se formaram, eram absolutamente comuns os choques entre eles. O processo de formação dos planetas se dava por agressão. A quantidade caiu muito, mas ainda existe. Um exemplo disso é a Lua: do lado que não podemos observar, a superfície é repleta de crateras, ou seja, por muitas vezes funcionou como um grande escudo para a Terra.
Para Falcão, o risco de choques assim, embora hoje seja remoto, jamais deixará de existir. Se ocorresse, diz o especialista, seria um fenômeno de escala planetária, ou seja, alcançaria a todos na Terra. A realidade aproximaria-se, por exemplo, dos filmes de ficção. Mas até certo ponto.
– A questão não é se vai colidir, a questão é quando. Já aconteceu diversas vezes e vão acontecer mais vezes. A colisão pode leva à extinção do homem? Sim, mas não necessariamente. Pode ter outras consequências, como a quebra da nossa cultura tecnológica, por exemplo. E não funciona como nos filmes de ficção científica, onde podemos desviar o asteroide, por exemplo. Não podemos fazer muito além de observar. Não há nada a fazer: é só mais um passo na evolução dos planetas – afirma o especialista.
“O que procuramos não é vida inteligente. Isso é ficção científica”
Também nesta semana, foi divulgado um estudo que indica a existência de 17 bilhões de planetas rochosos com tamanhos próximos ao da Terra. A descoberta revigora outra pergunta, ou desejo, que há milênios habita o imaginário mundial: haverá vida extraterrestre? Falcão explica que a procura científica concentra-se em formas de vida, mas sem associá-las a inteligência:
– Não foi surpresa: era uma questão de tempo a descoberta de mais planetas. Sobre a vida extraterrestre, a procura é baseada em lugares com condições físicas que podem favorecer formas de vida que nós conhecemos. Procuramos planetas que possuem água líquida, por exemplo. Mas o que procuramos não é vida inteligente, isso é ficção científica. Estamos atrás de microrganismos.
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