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PUC-Rio

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Rio de Janeiro, 16 de abril de 2024


Ciência e Tecnologia

Patrimônio verde do campus é mapeado por alunos

Gustavo Coelho - Do Portal

05/06/2008

Na contramão das ameaças ecológicas que alimentam discussões no Brasil e no mundo - da Amazônia à crise de alimentos - a PUC-Rio intensifica os esforços de integração ao meio ambiente. A universidade faz, pela primeira vez, um levantamento aprofundado sobre a flora que torna o campus num oásis urbano, freqüentado até por moradores da Gávea e visitantes atraídos pela natureza.

O mapeamento da biodiversidade do campus, feito por alunos do Departamento de Geografia da PUC-RIO, ainda está em fase inicial. Na quinta-feira, 4 de junho, os estudantes apresentaram um resultado parcial do projeto, iniciado há um mês e meio. Segundo um dos professores que coordenam a iniciativa, Luiz Felipe Guanaes, cerca de 15% do campus já foram mapeado. A radiografia completa será concluída em 2010.

Já se sabe que os cinco terrenos da PUC-Rio no bairro somam 140 km², a maior parte encravada na vegetação original da Mata Atlântica. Embora seja um exemplo de preservação e um trunfo de hospitalidade, o patrimônio verde da ainda é desconhecido, em parte, até por especialistas.

Titular do Departamento de Serviço Social e colaborador do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (NIMA), o professor Roosevelt de Souza também faz parte do projeto. De acordo com ele, há cerca de 110 espécies de flora catalogadas na PUC. Algumas são raridades, como o mogno, o pau-brasil e o jequitibá rosa.

Acompanha o mapeamento uma série de ações para preservar o patrimônio ecológico e combater o risco de extinção. Nos próximos meses, 300 mudas de diversas espécies serão plantadas no campus, para compensar a construção do novo prédio da Petrobras no estacionamento.

- Selecionamos espécies que possam enriquecer a biodiversidade do campus. Parte da vegetação que encontramos aqui está praticamente extinta. O que temos na PUC é um mini- Jardim Botânico – compara Roosevelt.

A flora da PUC-Rio também carrega grande valor histórico. No chamado “Campus 2”, um pouco afastado do terreno principal, há uma árvore que intriga os especialistas. Da família do jequitibá, tem 300 anos. Uma idade estimada com base no tombamento da árvore pela prefeitura em 1976. Para professores da PUC-Rio, pode somar até 500 anos - o que a tornaria nada menos do que a mais antiga do Brasil.

Um dos defensores desta tese é o padre Josafá Siqueira, um dos especialistas em meio ambiente da universidade. De acordo com ele, árvores da mesma família do jequitibá localizadas na Amazônia tiveram a idade calculada nos mesmos 300 anos, embora sejam de tamanho mais reduzido. Assim, a árvore da PUC-Rio seria até alguns séculos mais velha. 

Controvérsias à parte, o padre Josafá ressalta que a biodiversidade da PUC-Rio é muito rica, sob vários aspectos:

- Essas espécies fazem parte da história ecológica da cidade. Para ser preservada, a biodiversidade  exige  integração forte de alunos, professores, funcionários, visitantes. Pode ser usada para educar, e também é fonte de inspiração.

A estudante Itauana Coquete, do terceiro período de Comunicação, é uma das admiradoras da variedade de flores e plantas que deixa o ambiente "muito agradável". Ela admite, no entanto, que não imaginava o tamanho da riqueza ecológica do campus:

- Sempre achei bom que a universidade fosse arborizada, mas não tinha idéia da importância histórica dessa vegetação. Saber que a árvore mais antiga do Brasil pode estar na PUC é uma grande surpresa.

Para o aluno Guilherme de Carvalho, do terceiro período de Engenharia, a universidade cumpre um papel pioneiro na preservação da biodiversidade. "Trabalhos de conscientização são essenciais", ressaltou.

Calouro do curso de Comunicação, João Figueiredo destacou a importância da proximidade do verde:

- Além de ajudar a manter uma boa temperatura, a vegetação daqui também cria um visual muito bonito.

Árvores que sobrevivem no campus

Algumas das 110 espécies de flora da universidade são raras. Originário das florestas equatoriais, o mogno está ameaçado de extinção porque não pode ser plantado em larga escala. É muito utilizado na produção de móveis pela facilidade com que é trabalhado.

Figura importante nos livros de história, o pau-brasil quase desapareceu após ser intensamente explorado nas primeiras décadas de colonização portuguesa no país. Árvore típica do litoral brasileiro, sofreu com a expansão dos cultivos de café e cana-de-acúçar. Classificado pelo Ibama como uma espécie “vulnerável”, o pau-brasil sobrevive em jardins botânicos e canteiros urbanos.

 

Árvore-símbolo do estado de São Paulo, o jequitibá-rosa chega a 50 metros de altura e seis de diâmetros. É a mais alta do Brasil, e uma das mais antigas do planeta.