Gabriela Ferreira e Gustavo Coelho - Do Portal
05/06/2008Com objetivo de discutir o estudo e a aplicação da sustentabilidade na PUC-Rio, a XIV Semana do Meio Ambiente foi inaugurada nesta terça-feira, dia 3 de junho, com um debate sobre proteção da biodiversidade, organizado no Auditório Padre Anchieta.
Na parte da manhã, o superintendente do Ibama no Rio de Janeiro, Rogério Rocco, criticou a burocracia, a falta de comunicação com outros órgãos do governo, e o modelo desenvolvimentista, preferido da maioria dos prefeitos do Rio.
Na parte da tarde, a nova secretária estadual do Ambiente, Marilene Ramos, falou sobre a urgência de estruturação do sistema de gestão, com a divisão das áreas hídricas do Estado do Rio em dez regiões, e a criação de Comitês de Bacias, responsáveis por elas. A secretária criticou a situação do meio ambiente do Rio que, segundo ela, é de abandono. Para enfrentar as dificuldades, Marilene quer trabalhar com educação ambiental, a começar pela fiscalização, que tem sido esquecida pelo governo. Nos seus planos, a criação de um Disque-ambiente que receba denúncias da população.
- Não há fiscalização. O Estado deve agir e punir severamente quem comete crimes ambientais. Há diversas maneiras modernas de fiscalizar áreas de preservação. Não é necessário mandar fiscais todos os dias. Temos também que levar a discussão para as escolas e universidades – disse.
Já para Rocco, a maior dificuldade do Ibama é encontrar um meio termo:
- Ainda temos um longo caminho antes de conseguir equilibrar os sistemas de preservação e de desenvolvimento. Até hoje, conservar é considerado anti-econômico, e desenvolver é visto como anti-ambiental. Felizmente, projetos como os corredores ecológicos já resultaram na criação de áreas de preservação em todo o estado, e vêm estimulando o poder público a trabalhar mais.
O professor Rogério de Oliveira, do Departamento de Geografia da PUC-Rio, ressaltou a importância de se compreender as mudanças nos ecossistemas para entender a questão ambiental. De acordo com Oliveira, as paisagens que existem atualmente guardam apenas uma distante relação com o que havia séculos atrás:
- O que era natureza pura, intocada, não existe mais. Tudo que há hoje é uma herança, deixada após séculos de transformação na paisagem. Nosso desafio é gerir sistemas sócio-ecológicos, que ainda precisam de estudos mais aprofundados.
Marilene anunciou que os programas de investimentos em saneamento precisam tirar o Estado do Rio do “vergonhoso” patamar de apenas 25% de tratamento de esgoto e 60% de coleta. Sua meta é chegar ao patamar de 80% de coleta e tratamento.
A XIV Semana do Meio Ambiente acontece em associação com a Feira de Valores da Universidade Católica (FEVUC). Até a próxima sexta-feira, dia 6 de junho, estão programados mini-cursos, palestras, oficinas e apresentações culturais. O evento é uma iniciativa do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (NIMA).
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