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Rio de Janeiro, 13 de outubro de 2024


Campus

"Inovação deve se tornar parte do DNA"

Igor de Carvalho - Do Portal

30/08/2010

O desenvolvimento de uma "universidade do futuro" passam por quatro caminhos essenciais: maior integração entre a academia, a sociedade, o poder público e a iniciativa privada; estímulo à inovação tecnológica, com a adoção, por exemplo, de currículos que valorizem mais a criatividade e a "gestão do pensamento"; interdisciplinaridade; e diálogo entre as instituições de nível superior. O prognóstico foi construído por acadêmicos do Brasil e do exterior na conferência Desafios para uma universidade de classe mundial, quinta-feira passada, na PUC-Rio. Eles apontaram alguns dos deveres de casa para ampliar o papel universitário para qualificação às novas demandas de mercado e para o avanço social. 

Diante de 120 pessoas, convidados de Alemanha, Coréia do Sul e Porto Rico, além do assessor especial da reitoria da PUC-Rio, Danilo Marcondes de Souza Filho, apresentaram propostas para cumprir os desafios de adequar o ensino universitário às exigências do mundo globalizado. O encontro também homenageou os 15 anos do padre Jésus Hortal, S.J, à frente da reitoria da universidade e deu as boas-vindas ao novo reitor, padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J. Na abertura da conferência, o vice-reitor para Assuntos Administrativos da PUC-Rio, Luiz Carlos Scavarda do Carmo, destacou a importância da aproximação entre as empresas e a universidade:

– Essa interação é muito rica. Possibilita o debate sobre as inovações necessárias para o ensino. Devemos discutir o futuro na universidade.

O professor Jochen Litterst, da Universidade Técnica de Braunschweig, na Alemanha, ressalvou: não há uma “receita de bolo para a universidade do futuro”. Sua construção integra referências diversas, inclusive do passado:

– Quando pensamos em algo novo, devemos olhar o passado, para aproveitar os pontos positivos e evitar os mesmos erros – lembrou o acadêmico.

Feita a ressalva, Litterst sugeriu “melhorar a comparação internacional dos diplomas e investir na orientação prática para os alunos”. Alinhada à importância da experimentação, a PUC-Rio tem investido em laboratórios e na pesquisa tecnológica, observou Danilo. O vice-reitor ressaltou também a necessidade de um pensamento intercultural e interdisciplinar.

– É preciso maior interação da universidade com sociedade, empresas e governo. Também é necessário ampliar a produção de conhecimento e a divulgação dos resultados de pesquisas – acrescentou.

Quanto à formação dos alunos, Danilo Marcondes chamou atenção para um ensino interdisciplinar, aberto para a inovação:

– É preciso formar alguém capaz de resolver problemas que ainda não existem. Estar pronto para encarar o novo enquanto novo.

Wonjong Joo, diretor de inovação do Centro de Educação em Engenharia da Universidade de Seul, na Coréia do Sul, propôs um curso de engenharia "mais diversificado":

– O curso deve formar engenheiros personalizados, de acordo com as demandas do mercado. As universidades precisam desenvolver mais pesquisas em conjunto com as empresas. Os reitores precisam estar envolvidos, investindo nesse processo.

Ele também destacou a necessidade de cooperação entre universidades. “Cada uma deve apresentar sua personalidade, suas estratégias, mas desenvolvendo um trabalho em conjunto, estimulando a competitividade”, explicou.

Para Lueny Morell, professora da Universidade de Porto Rico, “uma das preocupações das empresas é a busca por novos talentos”. Assim, propôs que os currículos escolares fossem mais flexíveis, para melhorar a adaptação dos profissionais ao mercado.

– Para mudar esses currículos, pode-se buscar uma aprendizagem ligada ao interesses dos alunos, desenvolvendo as competências deles – sugeriu a professora.

Lueny acredita que as universidades precisam refletir “sobre o tipo de indivíduo que querem produzir”. Para isso, ela recomenda aos professores uma forma de ensino menos rígida:

– Somos os catalisadores do desenvolvimento das competências dos alunos. Eles nasceram com a tecnologia, precisamos utilizar isso a favor deles. Temos de pensar como educadores.

A professora afirmou ainda que “os impérios do futuro serão os impérios da mente, portanto é importante aprender como gerenciar o pensamento, a mente”. Ela reforçou o peso da inovação para a "universidade do futuro":

– A inovação deve se tornar parte do sangue, do DNA. É preciso aplicar isso à engenharia, torná-la mais atrativa.

Conferência homenageia ex-reitor, padre Jesús Hortal, S.J.

Na abertura do encontro internacional,  o novo reitor da PUC-Rio, o padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J, o Secretário Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Dimas Lara Barbosa, o Superintendente do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Carlos Cavalcanti, exaltaram o papel do padre Jesús Hortal, S.J.

– Se hoje estamos aqui para discutir os novos desafios para a universidade do futuro é graças ao padre Jesús Hortal. Ele demonstrou muito esforço frente à reitoria da PUC-Rio – disse Dom Dimas.

Padre Josafá destacou o empenho em "pensar grande" do antecessor:

– Ele se preocupava em sempre lançar a PUC aos novos desafios. É um humanista, mas adquiriu fascínio pelas outras racionalidades.