“As empresas contratam por habilidades técnicas, mas demitem por perfil de caráter”. Com esta avaliação, a professora Sandra Korman, coordenadora da Oficina de Gestão de Projetos Profissionais do Prounir, e Evandro Ouriques, diretor de Comunicação e Cultura do Núcleo de Estudos do Futuro da PUC-SP, justificam a importância de se repensar os conceitos de emprego, carreira, futuro. Apostam na construção de um projeto de vida profissional, baseado em metas e etapas encadeadas, para facilitar a inserção no mercado.

Nos dias 9, 10 e 11 de novembro, Sandra Korman, Evandro Ouriques e outros especialistas mostrarão, numa série de palestras destinadas especialmente aos alunos bolsistas, por que e como desenvolver um plano de vida profissional. Organizado por Sandra, o I Seminário de Gestão de Projetos Profissionais reforça a proposta de potencializar as chances de inserção do jovem no mercado. Será realizado das 19h às 22h, na sala 102-K, Edifício Kennedy, e faz parte do Projeto ProUnir. (Veja a programação completa no fim da reportagem.)

Sandra Korman esclarece que a Oficina de Gestão de Projetos Profissionais, ligada ao seminário, não funciona como uma “aula de reforço”, mas como iniciativa complementar às demais ações do ProUnir:

– O objetivo é potencializar as chances de inserção dos jovens no mercado. No Brasil, há desigualdade étnica e socioeconômica. As deficiências devem ser amparadas, a desigualdade não – afirma – O seminário pretende estimular um pensamento projetivo para o futuro, mas também um reflexivo, valorizando a cultura e as habilidades que o estudante já tem – ressalta a jornalista e psicóloga, que coordena o Departamento de Comunicação da PUC-Rio. Sandra abrirá o seminário, no dia 9, às 19h, com a palestra Trabalho como envolvimento do jovem em cartografias profissionais.

Projeto profissional remete à definição de um roteiro para a carreira: onde se quer chegar (a médio e longo prazos) e como fazê-lo. Um dos atributos importantes é a pesquisa de setor: averiguar as características, as oportunidades, as exigências, por exemplo, do setor pretendido, e assim construir os caminhos para a inserção profissional. A coordenadora lembra que não é preciso escolher uma profissão “para o resto da vida, porque isso paralisa as pessoas”. Ela explica as etapas necessárias à elaboração de um projeto profissional:

– É preciso estudar o contexto (econômico, histórico etc); descobrir “quem eu sou, o que desejo realizar, com quais ferramentas pretendo interferir na realidade”; descobrir a “causa pessoal”, o motivo pelo qual vale a pena exercer a profissão; e conhecer muito bem o setor profissional ambicionado. O planejamento, de fato, começa depois disso.

Para Evandro Ouriques, coordenador do NETCCON-Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência da UFRJ, o primeiro passo para se dedicar a um planejamento é desfazer-se de valores e crenças enraizados para entender a si mesmo:

– Projeto profissional é sempre um projeto de vida. A carreira deve estar vinculada à vida, ser um desdobramento dela. O plano de carreira não é um processo acabado, ao contrário, dura para sempre. – afirma Evandro, cuja palestra, Diferença social e pertencimento: A questão da consciência de si na construção de vidas e carreiras sustentáveis, também está programada para o dia 9, às 20h30.

Para ele, as escolhas profissionais não devem ser guiadas fundamentalmente por astectos financeiros:

– As pessoas têm que trabalhar com o que amam. Se o critério fundamental for “a profissão que paga mais”, elas ficam frustradas e doentes, a sociedade fica violenta, a natureza cada vez mais afetada.

Segundo Sandra, a dificuldade de se fazer a pesquisa de setor, entrevistando profissionais do mercado e garimpando informações de diversas fontes, reflete a futura dificuldade de se inserir nele. O aluno bolsista, porém, apresenta certa vantagem neste aspecto:

– O bolsista já vem com o diagnóstico do setor, em que, muitas vezes, já trabalha. Ele ousa mais e quer explorar suas potencialidades, o que é bom – observa.

Para a professora Claudia Chaves, coordenadora do ProUnir, é importante ter ciência de que o currículo não é critério principal para a evolução na carreira:

– As pessoas tendem a considerar o currículo fundamental e a se preocupar com técnicas para enviar e elaborar o documento. Na verdade, o currículo mostra o que o estudante já fez, mas nenhuma empresa contrata apenas pelo passado, e sim pelo que pode ser feito no futuro – salienta Claudia, que vai abordar o assunto na palestra Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Currículo é currículo, pessoa é pessoa, dia 11, às 19h.

Já a assistente Andréa Paiva, integrante da equipe de coordenação do ProUnir, aborda o perdão e a reconciliação como temas políticos – que ajudam a desenvolver inclusive capacidades profissionais. De acordo com a especialista, não se deve pensar o conflito como ameaça, pois "ele força o desenvolvimento de habilidades":

– Este é um tema humano, importante de ser tratado, já que às vezes nos encontramos em espaços e situações “desumanizantes”. É preciso encarar os conflitos da vida como oportunidades de crescimento, e se autovalorizar para conseguir se relacionar bem com o outro. Isto é importante em qualquer profissão – lembra Andréia, que dará a palestra Convivência e diálogo: a arte de transformar conflito em oportunidade de crescimento, dia 11. Abaixo, a programação completa do seminário:

Programação do I Seminário de Gestão de Projetos Profissionais

Dia 9

19h – Sala 102-K
Trabalho como envolvimento do jovem em cartografias profissionais – Com Sandra Korman, coordenadora de Graduação do Departamento de Comunicação Social e da Oficina de Gestão de Projetos Profissionais do Prounir.

Mediador: Alexandre Carauta

20h30 – Sala 102-K
Diferença social e pertencimento: A questão da consciência de si na construção de vidas e carreiras sustentáveis – Com Evandro Ouriques, diretor de Comunicação e Cultura do Núcleo de Estudos do Futuro da PUC-SP.

Mediadora: Joana Beleza

Dia 10

19h – Sala 102-K
A arte da voz e da fala no cotidiano, na profissão, na comunicação e na vida, e a consciência da voz no espaço global, parcial e pessoal por meio de uma técnica vocal – Com Hermes Frederico, professor de Comunicação Oral da PUC-Rio.

Mediadora: Cláudia Veras

20h30 – Sala 102-K
O processo de seleção como uma etapa da construção profissional – Com os psicólogos Luiz Tito Boechat e Tatiane Curi.

Mediador: Marcelo Mocarzel

Dia 11

19h – Sala 102-K
Convivência e diálogo: a arte de transformar conflito em oportunidade de crescimento – Com Andréa Paiva, assistente social do programa de bolsas da Vice-Reitoria para assuntos comunitários, e integrante da equipe de coordenação do projeto Prounir.

Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Currículo é currículo, pessoa é pessoa – Com Claudia Chaves, coordenadora do projeto Prounir.

Mediadora: Karen Soares

20h30 – Sala 102-K
Qual é o limite da imaginação? Biruta Mídias e a mirabolante história de um menino que voou alto com suas ideias – Com Alan James, sócio fundador da Biruta Mídias Mirabolantes, eleita a melhor empresa para o jovem trabalhar no Estado do Rio de Janeiro.

As inscrições serão 30 min antes das palestras e haverá certificado.