Este ano, os alunos do Departamento de Geografia trouxeram um assunto pertinente para ser discutido na XI Conferência de Geografia. O encontro, que acontece até o dia 6, no salão da Pastoral, tem como tema Sustentabilidade: Uma ideia em Debate, e conta com profissionais da PUC-Rio e de outras instituições de ensino.
No primeiro dia do evento, os professores da Universidade Denise Pini e Rogério Ribeiro discutiram a possibilidade da conciliação entre capitalismo e sustentabilidade. Para Ribeiro, o grande marco na vida ecológica do planeta aconteceu com a substituição de combustíveis naturais pelo combustível fóssil, o petróleo.
- É inegável a transformação que houve na natureza com a entrada do petróleo no cenário mundial. As modificações no sistema ecológico têm início já com o transporte dessa fonte de energia. Para transportá-lo, a paisagem precisa ser modificada, o que é uma agressão ambiental. Sem contar com toda a poluição causada com sua queima e com o acúmulo de produtos derivados, que são jogados na rua, como o plástico, por exemplo.
De acordo com o professor, a crise ecológica que se vive hoje é decorrente desta fonte de energia fóssil.
Antes, a madeira era a principal fonte de energia. Sua queima liberava um carbono proveniente da natureza. Hoje, a queima de petróleo lança na atmosfera gases maléficos para o ecossistema e para o homem. Os efeitos disso podemos sentir com essa desregulação da temperatura – afirmou.
Ribeiro também comentou que o crescimento do número de produtos orgânicos talvez seja insuficiente para superar o que já está enraizado na sociedade.
- O produto orgânico é aquele que não utiliza energia fóssil em nenhuma etapa de sua produção, o que é difícil atualmente. Hoje, cada produto que se consome tem certa quantidade de energia fóssil atrelada a ele. É possível uma convivência entre cultivo e sustentabilidade, mas não nos moldes que conhecemos, o que será difícil implantar para termos uma sociedade sustentável.
Para a professora do Departamento de Ciências Sociais Denise Pini, a sustentabilidade é a grande utopia do século XXI. Num primeiro momento, ela afirmou não haver conciliação entre capitalismo e sistema sustentável.
- Não há conciliação uma vez que a lógica do capitalismo é predatória, tanto do homem como da natureza. Somos levados a crer que temos certas experiências porque vivemos em um sistema capitalista e isso acaba deixando a ideia de preservação em segundo plano – afirmou.
Ainda de acordo com Denise, não basta preservar a natureza, é preciso resolver a questão da desigualdade social. Segundo ela, a igualdade é necessária para se alcançar o desenvolvimento sustentável em qualquer país. No Brasil, ela elogiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao afirmar que o governo vem dando concretude a uma série de projetos sobre este tema. Para Denise, o próprio capitalismo vem se transformando em meio à globalização e está abrindo espaço para novos caminhos. Um deles é o da sustentabilidade, em todos os sentidos, não só o ecológico. A conciliação entre capitalismo e sustentabilidade talvez pudesse ser possível a partir desse momento, com a resignificação dos dois termos. A professora concluiu sua apresentação afirmando que se faz necessária a ação conjunta do governo e da sociedade.
- Para mudar, é preciso uma conexão entre ações da sociedade e do governo. Não sou hipócrita para dizer que a sociedade sozinha fará o serviço. É preciso uma união. As pessoas precisam mudar seu comportamento e o governo deve pensar amplamente. Temos que fazer como as mulheres no século passado. Elas mudaram a si mesmas e conseguiram mudar a sociedade por completo. É necessário que todos mudem internamente para que a sustentabilidade entre no cotidiano. Se fizermos a nossa parte, será mais fácil alcançar o objetivo maior.
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