Com cerca de 50 participantes, a palestra Energia Solar Fotovoltáica: combustível limpo, abundante e inesgotável para o século XXI foi ministrada pela doutora e professora Leila Cruz, da seção de Engenharia Mecânica e de Materiais do Instituto Militar de Engenharia (IME). O encontro ocorreu na sala de reuniões do Departamento de Energia de Materiais (DEMa) da PUC-Rio, na última quinta-feira, 22. A palestra faz parte de uma disciplina de mestrado, coordenada pelo doutor em engenharia metalúrgica e engenheiro de pesquisa do DEMa Marcos Henrique Pinho Maurício. Os encontros são realizados semanalmente.
Atender à demanda crescente de energia de forma sustentável é o grande desafio da humanidade no século XXI. Com este objetivo, Leila, que estuda há 25 anos materiais utilizados na conversão de energia solar, preparou um seminário voltado para engenheiros da área. A palestrante afirma que o intuito não é alarmar nem levantar a “bandeira verde”, mas mostrar que o projeto é viável.
– Hoje, a parcela dessa energia no mundo está crescendo muito. E o principal objetivo do meu estudo é a formação de gente. Mas formar pessoas que tenham consciência da importância das energias limpas para este século é importante e necessário. E acho que com este trabalho eu estou contribuindo para o desenvolvimento sustentável. Não é pensar só em custos, em números. É perceber que é viável, sim. Porque a tecnologia está se aprimorando e o governo, interessado, quer investir nisso. – explica.
Dados divulgados pela Agência Internacional de Energia indicam que, até 2030, o consumo mundial de energia crescerá 71%; o petróleo continuará sendo o combustível dominante; o carvão seguirá como a principal fonte de geração de energia; e a emissão de carbono manterá crescimento de 1,9% ao ano.
Foi a partir deste cenário inquietante que a palestra ocorreu, em direção às fontes de energia renováveis, limpas e inesgotáveis como a solar.
Leila apresentou o panorama atual da energia solar no Brasil e no mundo e mostrou as diferentes tecnologias disponíveis para a conversão em eletricidade.
– Houve uma evolução significativa na produção mundial desta energia. Em 2008, a produção foi 75% maior que no ano anterior. Isto equivale a meia Itaipu funcionando durante um dia.
Ela analisou também o custo atual de energia solar, destacando os segmentos de mercado nos quais ela é competitiva.
– Não é apenas o preço da aplicação desta energia que diminui o incentivo à implementação desta tecnologia. O espaço que você precisa ter é muito grande. Para se ter uma ideia, precisamos, em média, de 40 metros quadrados para abastecer um apartamento de médio porte, o que daria, em números, R$ 40 mil. E por mais que, em longo prazo, você consiga este dinheiro de volta, isto demanda muito espaço e dinheiro disponível para aplicar este sistema.
Um dos participantes chamou atenção para o novo bicicletário da PUC-Rio, um exemplo de iniciativa que, mesmo em pequena escala, é iluminado pela energia solar acumulada durante o dia. Hoje, a utilização desta fonte movimenta mais de US$ 35 bilhões ao ano. Os maiores produtores são Estados Unidos, China, Japão e Alemanha, sendo estes dois últimos os principais agentes que conseguiram alavancar o mercado.
A energia fotovoltáica também foi aplicada no Brasil. Em 1994, o governo criou o ProDEM – Programa de Desenvolvimento dos Estados e Municípios. No entanto, o incentivo não foi suficiente para dar continuidade ao projeto.
– Nós temos, hoje, muita gente na área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Então, temos projetos que utilizam tecnologia fotovoltaica nacional esperando uma empresa pegar aquela tecnologia e desenvolver. O governo tem incentivado bastante esta parte de P&D, mas deixa muito a desejar no aspecto de realmente implementar a energia solar aqui no Brasil como uma opção para conversão de energia.
Nesta quinta, 29, a palestrante será a doutora e pesquisadora do departamento Paula Mendes Jardim, com o tema Apresentação dos novos microscópios eletrônicos de varredura do Laboratório de microscopia eletrônica do DEMa.
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