Pauta recorrente em debates desde o avanço do jornalismo on-line, o futuro do jornalismo impresso está garantido segundo José Luis Alcântara. Convidado professor Álvaro Caldas, o diretor da sucursal de O Estado de São Paulo no Rio de Janeiro tranquilizou os estudantes de Comunicação que lotaram, nesta segunda-feira, a sala 102K: o jornal impresso não será extinto – desde que se mantenha o compromisso com a profundidade e a contextualização, ressalvou.
Alcântara lembrou algumas diferenças entre as redações nas décadas de 60, 70, 80, quando a internet era um sonho, e as atuais, movidas a e-mails e buscas na web:
– As pessoas precisavam pesquisar pilhas de papel para encontrar uma informação. Com a internet, este processo se tornou muito mais ágil. O dinamismo e a certa frieza são características das redações de hoje. Havia pressão, mas o jornalismo era algo mais romântico.
O diretor do Estadão explicou o impacto da revolução tecnológica na produção de notícias:
– A internet obrigou os jornais a uma reformulação. Tiveram de tomar medidas para melhorar só conteúdo. O Estado de São Paulo criou o caderno semanal Paladar, focado na gastronomia de alto nível, por exemplo. É uma forma de chamar a atenção dos leitores, criar alternativas de leitura para eles.
Ele também apontou caminhos para a sobrevivência do jornalismo impresso:
– É necessário que haja um maior investimento nos equipamentos e na formação dos repórteres. A internet criou vícios dentro de uma redação. Lugar de repórter é na rua. Quando as reportagens são apuradas pelo telefone ou pela internet, abre-se espaço para a divulgação de informação erradas, como certa vez, que publicaram que o arcebispo era a favor da legalização da maconha ou quando “mataram” o Zuenir Ventura.
Ao encerrar a palestra, o jornalista opinou sobre a queda da obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão:
– Não sou contra nem a favor da obrigatoriedade do diploma, mas acho que o profissional deveria se formar em alguma outra profissão, como economia, e depois fazer um curso de pós-graduação em jornalismo. A especialização em uma área é fundamental. Se não for possível não tem problema. A vivência dentro de um jornal e a prática capacita os repórteres a falarem de todos os assuntos.
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