Em palestra na última sexta-feira, 2 de outubro, o sociólogo francês Michel Maffesoli defendeu a ideia de que o sagrado não deve ser visto como separado do corpo, mas parte da vida quotidiana.
– Somos seres inteiros, que podem se agrupar em diversas e infinitas tribos – afirma.
Diferente da visão apresentada pela tradição ocidental, a proposta do francês é encarar as dimensões sagrada e física de forma única. Deste modo, o sagrado é “lugar de vida” e está presente na realidade.
– Tendemos a considerar o quotidiano como inferior, sem importância, mas o dia-a-dia é fundamental para a compreensão do mundo.
Esses conceitos estão esmiuçados no seu mais recente livro, A Parte do Diabo, em que o autor, dialogando com várias áreas do saber, analisa o “lugar do mal”. O encontro, no auditório do IAG, recebeu mais de 50 pessoas, dentre estudantes e professores.
– Nós geralmente fazemos da sociologia uma ciência dura. Nas mãos de Maffesoli, ela se torna mais humana, alegre – disse Fernando Gonçalves, professor da disciplina na UFRJ, que participou do debate introdutório.
Com dezenove livros publicados, o sociólogo escreveu mais dois durante suas últimas férias. O único com título já definido, Matrimonium, será lançado em janeiro, na França, e ainda não tem data de lançamento prevista para o Brasil.
Um pouco sobre Michel Maffesoli
Considerado um dos fundadores da sociologia do quotidiano, Maffesoli é conhecido por suas análises sobre a pós-modernidade, o imaginário e, sobretudo, pela popularização do conceito de tribo urbana. Ao contrário do pensamento bastante difundido de que, no mundo pós-moderno, haveria uma tendência ao individualismo em excesso, o sociólogo francês afirma que o fenômeno observado é o da divisão das pessoas em tribos, definidas por gostos e interesses em comum.
Professor da Universidade de Sorbonne Paris V, Michel Maffesoli é um dos fundadores do Centro de Estudos sobre a Atualidade e o Quotidiano, membro do Instituto Universitário da França (IUF) e vice-presidente do Instituto Internacional de Sociologia (IIS). Publicou no Brasil, entre outras obras, A sombra de Dionísio, A conquista do presente, Elogio da razão sensível, O tempo das tribos, No fundo das aparências e A transfiguração do político, livro pelo qual recebeu o Grande Prêmio das Ciências Humanas da Academia Francesa em 1992.
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