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Rio de Janeiro, 6 de novembro de 2024


Cultura

Cultura e entretenimento na XIV Bienal do Livro

Clarissa Pains, Luísa Sandes e Paula Araújo - Do Portal

14/09/2009

Monique Vasconcelos

O surgimento da Bienal do Livro, há 28 anos, proporcionou uma aproximação do público brasileiro com o universo da escrita. Nas últimas três edições do evento, mais um atrativo garantiu o crescimento desta intimidade com a literatura. Mesas-redondas e palestras incentivam a discussão de temas relacionados a diferentes obras e são responsáveis por estreitar a relação da sociedade com a leitura. A inspiração veio da Feira Literária Internacional de Paraty (Flip), que tem como objetivo a promoção da troca entre as pessoas e o mundo literário. A XIV Bienal do Livro do Rio de Janeiro organiza 67 sessões de debate entre escritores e personalidades culturais. Para integrar este time, profissionais da PUC-Rio estarão presentes, discutindo diversos assuntos. O Riocentro abriga o evento até o próximo dia 20.

Ontem, dia 13, cerca de 40 pessoas lotaram o Café Universitário para assistir à mesa-redonda dos professores da Universidade Álvaro Caldas, Oswaldo Munteal e Rossano Pecoraro. Eles tematizaram os 20 anos da queda do Muro de Berlim com diferentes abordagens, como a filosófica e a histórica.

A jornalista e professora da PUC-Rio Carla Rodrigues participará, no dia 15, de um debate acerca do feminismo. O papel das mulheres na sociedade foi tema de sua dissertação de mestrado e resultou no livro Coreografias do feminino, lançado na última terça, 8. Para Carla, a importância da feira está em formar e atrair leitores:

– O melhor da Bienal é a promoção do encontro das pessoas com os livros e autores. Quanto mais leitores um país tem, melhor. O evento se insere neste esforço.

A professora do Departamento de Comunicação Social Clarisse Fukelman se prepara para mediar três mesas:

– Estou lendo quase toda a obra dos autores participantes dos debates para formular perguntas interessantes. Vai ser uma conversa de alto nível – adianta.

Clarisse, que atua como mediadora há cerca de 20 anos, conta que, embora a prática de dar aulas ajude, a atividade pode ainda ser um desafio:

– Exige grande respeito com os autores, se colocar em segundo plano. Também é preciso habilidade para mediar eventuais conflitos de opiniões, o que, desta vez, acredito que não vá acontecer.

A primeira mesa, no dia 17, terá a participação de três autores que contarão como representam a figura da mulher. Segundo Clarisse, a ideia não é fazer um apanhado geral de como o homem vê o feminino, mas discutir principalmente a experiência dos três escritores.

– O objetivo é saber como é o processo de “mudança de sexo” deles no momento em que escrevem. – diz.

Por não se tratar de jovens autores, a professora acredita que as mulheres filtradas por eles estão sob um olhar mais maduro. Para ela, a ampla experiência cultural e de vida os permite “dar voz” a tipos femininos diversificados.

A segunda mesa, no mesmo dia, conta com biógrafos de algumas personalidades importantes, embora não midiáticas: Caio Fernando Abreu, Jaime Ovalle e Cruz e Souza. Clarisse acredita que o debate será interessante, uma vez que o interesse por biografias é crescente. De fato, somente a Livraria Saraiva registra 3000 publicações do gênero. O livro de Paula Dip, Para sempre teu, Caio F. - Cartas, conversas, memórias de Caio Fernando Abreu, está entre os 15 mais vendidos.

No dia 19, a terceira mesa mediada pela professora reúne escritores com focos diversos para discutir o prazer da leitura. Carola Saavedra retrata a sensibilidade feminina; Marcelino Freire aborda a vida urbana e as minorias sociais; e Ivana Arruda, apesar de ter uma abordagem semelhante à de Carola, se dedica a representar a juventude dos anos 60.

– Comparando com a primeira mesa, as referências literárias são bastante diferentes porque é outra geração. O Marcelino, por exemplo, tem uma linguagem de rap, muito veloz.

Segundo ela, as mesas-redondas, palestras e oficinas são o ponto alto da feira:

– O espaço de debates na Bienal é muito importante para que ela não seja apenas uma exposição de livros. – acredita.

A psicóloga e coordenadora de Graduação do Departamento de Comunicação Social, Sandra Korman, participará de uma oficina sobre saúde do professor no dia 20. Ela abordou o tema em sua tese de doutorado e, desde o ano passado, é consultora da campanha do Sindicato dos professores (Sinpro-Rio). Para Sandra, quando o professor adoece, a educação e o próprio futuro também adoecem. Daí a importância de tratar deste assunto na Bienal do Livro.

A Universidade também estará presente através da Editora PUC-Rio, no estande da Associação Brasileira de Editoras Universitárias (Abeu). Poderão ser encontrados livros recém-lançados, como Futuro da Autonomia – organizado pela Decana do Centro de Teologia e Ciências Humanas (CTCH), Maria Clara Bingemer, e pela Vice-Decana, Eliana Yunes – e Expressões da assistência social no estado do Rio de Janeiro – do professor de Serviço Social da PUC-Rio Myrtes de Aguiar Macedo –, entre outros. O destaque da editora será Contos de Arthur Azevedo: os efêmeros e inéditos, de Mauro Rosso. A obra será lançada na Bienal. No comando da Editora PUC-Rio, Fernando Sá tem boas expectativas em relação à feira:

– Queremos oferecer à sociedade a produção intelectual da nossa universidade. Esperamos que nossas publicações sejam bem recebidas – afirma.

A Bienal do Livro, que nesta edição homenageia os Estados Unidos, espera cerca de 600 mil visitantes. Eles poderão participar de uma programação rica e diversificada, com formatos inéditos e nomes internacionais. Um dos objetivos é atingir todas as faixas etárias e perfis. Por isso, o público infanto-juvenil contará com 84 apresentações. O investimento de R$ 1,7 milhão possibilitou a criação de três novos espaços.

O ingresso custa R$ 12 (inteira) e R$ 6 (meia-entrada para estudantes e idosos acima de 60 anos). Quem quiser participar de todos os dias do evento, pode comprar o Passaporte Bienal, vendido por R$ 60. Crianças menores de 1 metro não pagam.

Horário de funcionamento:

De segunda a sexta: das 9h às 22h
Sábados e domingos: das 10h às 22h

Mesas-Redondas

13 de setembro
de 18h a 19h50m
“1989-2009: 20 anos da Queda do Muro de Berlim”. Com Álvaro Caldas, Carlos Eduardo Martins, Oswaldo Munteal e Rossano Pecoraro.
Local: Café Universitário, Estande das Editoras Universitárias.

15 de setembro
19h30
“Cadê o feminismo que estava aqui?”. Com Carla Rodrigues e Valéria Meirelles.
Local: Espaço Mulher e Ponto.

17 de setembro
de 16h a 18h
“A mulher na literatura aos olhos do homem que escreve”. Com Gustavo Bernardo, João Almino e Rafael Cardoso.
Mediadora: Clarisse Fukelman.
Local: Café Literário.

de 18h a 20h
“Escrevendo sobre escritores”. Com Paula Dip e Humberto Werneck e Uélinton Farias Alves.
Mediadora: Clarisse Fukelman.
Local: Café Literário.

19 de setembro
de 14h a 16h
“O prazer do texto”. Com Carola Saavedra, Ivana Arruda e Marcelino Freire.
Mediadora: Clarisse Fukelman.
Local: Café Literário.

Oficina

20 de setembro
de 15 às 17h
“Saúde do Professor”. Com Sandra Korman e Elaine Juncken.
Local: Estande do Sinpro-Rio.