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Rio de Janeiro, 13 de outubro de 2024


Cultura

Musa do rádio foi fundamental para o Brasil

Paula Araujo - Do Portal

19/02/2009

Divulgação Museu Carmen Miranda

“Não se aprendiam canções novas pelo rádio. A presença de sambas em discos era insignificante e a de marchinhas, quase nula. Tudo isso logo mudaria e, em grande parte, porque haveria uma Carmen Miranda”. Assim o autor Ruy Castro define, em Carmen: uma biografia, a evolução que a música popular sofreu devido à artista. 

Uma série de homenagens relembraram a portuguesa, desde o dia 9 de fevereiro, no Rio de Janeiro, onde chegou quando tinha menos de um ano e ficou por três décadas. Para celebrar o centenário da atriz, uma medalha comemorativa foi lançada pela Casa da Moeda e uma estátua integra o acervo permanente do Museu Carmen Miranda. A Semana Carmen Miranda, que foi até o dia 15 do último mês,  pode ter sido a última homenagem à artista no atual Museu. Existe o  projeto da Secretaria de Estado de Cultura  de  transferir o acervo para Copacabana, junto ao da Imagem e do Som, onde hoje funciona a boate Help.

Segundo Ruy Castro, a cantora teve total importância para a música brasileira.

- Sem Carmen não teríamos nem o samba, nem o samba-choro, nem a marcha de carnaval, nem as várias composições de ritmos tal como os conhecemos a partir de 1930. Carmen foi decisiva para dar forma a todos eles, mesmo porque eles estavam começando junto com ela.

O jornalista lembra porque o carnaval teve seu auge na voz da cantora. “O samba não era bem o samba antes de 1928 ou 1929, estava mais para o maxixe. O carnaval das marchinhas simplesmente não existia antes do carnaval de 1930, que foi o do “Taí”, de Joubert de Carvalho, interpretado por ela.”

 Na década de 1930, a pequena notável teve um papel fundamental no desenvolvimento da indústria fonográfica do Brasil, quando cantou na rádio Mayrink Veiga como a primeira do meio a assinar contrato.

- Ela foi importantíssima para a difusão do disco, do rádio, do cinema musical brasileiro e da presença de atrações brasileiras nos cassinos.

 Segundo o escritor e pesquisador de MPB Ricardo Cravo Albin, na época eram vendidos, em velhos discos, mil cópias quando uma música era sucesso. “Carmen Miranda vendeu 20 mil cópias com a marchinha “Taí”, ou seja, 20 vezes mais do que era o normal”, declara.

 Em 1938, a cantora atuou em seu primeiro filme, “Bananas da Terra”, de Wallace Downey, no qual mostrou “O que é que a baiana tem”, música de Dorival Caymmi. Com desenvoltura e entusiasmo únicos, a baiana de turbante só precisou interpretar ela própria para ter sucesso. Para Ruy Castro, ela influenciou centenas de brasileiros.

- Todos os cantores brasileiros “de bossa”, homens e mulheres, foram ou são sucessores de Carmen Miranda. Eles são os não-românticos, como Luiz Barbosa, Moreira da Silva, Ciro Monteiro, Joel de Almeida, o Bando da Lua, Aurora Miranda, Dircinha Batista, Vassourinha, Os Anjos do Inferno, Jorge Veiga, Emilinha Borba, Blecaute, Isaurinha Garcia, Lucio Alves, Dora Lopes, João Gilberto, Elza Soares, Clara Nunes, Daniela Mercury, entre outros.