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Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 2024


Cultura

Escritor, pedagogo e homem público

Paula Giolito - Do Portal

04/11/2008

Os 60 anos da morte de Monteiro Lobato, um dos principais escritores infantis brasileiros, foram lembrados pela Cátedra UNESCO de Leitura e o Departamento de Letras da PUC-Rio com as “Jornadas Lobatianas”, realizadas nos dias 21 e 22 de outubro no Auditório Anchieta. Foram oficinas de discussão, exibições de vídeos-depoimento e mesas redondas compostas por alunos da disciplina “Lobato: o escritor, pedagogo e o homem público”, eletiva do curso de pós-graduação em Literatura Brasileira.

Sob orientação dos professores Eliana Yunes e André Moura, os pós-graduandos apresentaram artigos sobre temas envolvendo o universo de Lobato, como trabalho de conclusão da disciplina. As pesquisas e seus resultados foram discutidos em seis mesas-redondas nomeadas com frases do escritor, como “Tudo é loucura ou sonho no começo” e “Nada mais tenho feito senão pintar com palavras”. As mesas foram divididas de acordo com temas específicos que se propunham a discutir as diversas faces de Lobato, e as mediações foram feitas por professores especialistas.

Na quarta-feira, 22, houve a exibição do filme “Monteiro Lobato, Furacão na Botocúndia”, seguida de comentários dos professores da PUC-Rio Júlio Diniz e Rosana Kohl Bines. Para Diniz, a obra de Lobato deu significativa importância à cultura brasileira e está viva até os dias atuais. “Lobato foi um dos principais formadores do meu imaginário quando eu era criança”, diz o professor. À tarde, o público pôde acompanhar três mesas que discutiram diferentes características do universo do escritor, como a Pedagogia, suas obras infantis e seu lado “pensador”.

Na mesa “Todos os livros podiam tornar-se uma farra infantil”, que procurou debater a pedagogia de Lobato, a professora Maria Teresa Gonçalves Pereira (UERJ) defendeu que o termo “pedagogia” carrega uma idéia de rigidez, severidade, que não esteve presente na personalidade do autor, nem em suas obras. “O pedagogo busca conduzir a um caminho, e é o que Lobato fez em seus textos, de forma leve e criativa, seduzindo o leitor. Nós, Lobatianos, moramos nos seus livros”, completou.

Monteiro Lobato tem uma vasta obra dedicada ao público adulto que é pouco conhecida. Sua fama literária surgiu graças a textos infantis como “O Sítio do Pica-pau Amarelo”. Em 1977, as histórias de Narizinho, Pedrinho e Emília, personagens do Sítio, foram transformadas em episódios de uma telenovela transmitida pela TV Globo.