O ano é 1808. A corte portuguesa chega ao Brasil, fugindo da invasão de Napoleão Bonaparte a Portugal. Duzentos anos depois, as repórteres Sandra Moreyra e Mônica Sanches, da Rede Globo, resolveram inovar e contar sob ótica jornalística o fato encontrado nos livros de História. A série “A Corte Portuguesa no Brasil” ilustrou a palestra das jornalistas sobre reportagem histórica, no curso de telejornalismo do Globo Universidade, em parceria com a PUC-Rio.
A idéia surgiu nas férias de Mônica em 2007. Ao voltar para o trabalho, ela apresentou o roteiro para a equipe do Jornal Nacional, que aceitou a proposta. A Globo News também se interessou, e foi aí que a parceria entre as duas jornalistas teve início.
– É difícil trabalhar junto – admitiu Mônica.
– A solução foi dividirmos o conteúdo por interesse – completou Sandra, autora das reportagens para a Globo News.
A partir do mesmo tema – a chegada da família real ao Brasil – foram programados conteúdos e abordagens distintos para telejornais da Rede Globo e da Globo News, de acordo com os respectivos perfis editoriais. O Hoje, por exemplo, concentrou reportagens mais focadas em cultura, gastronomia, comportamento. Já o Jornal da Globo abordou questões mais pesadas, como a corrupção.
Imprimir um olhar diferenciado sobre um fato histórico e dele produzir uma série de reportagens inovadoras revelou-se uma missão árdua e gratificante para as jornalistas. O ponto de partida, contaram elas, foi uma extensa pesquisa seguida do tradicional garimpo jornalístico, do ofício de correr atrás de fatos e ângulos novos para melhor contar uma história.
– Neste trabalho de reportagem, vimos que a versão mais conhecida da fuga da família real era simplista – lembrou Sandra. Ela rebateu, assim, um antigo preconceito em relação ao ofício:
– Costumam dizer que o jornalista não passa de um generalista, que não vai fundo em nenhum assunto. Isso é mentira. Nosso treinamento é ouvir, pesquisar e procurar saber a história por trás de cada fato.
Em busca de história por trás da notícia, Sandra e Mônica vasculharam os fatos, iluminaram os bastidores – atributos para os quais o jornalismo histórico se mostra proveitoso. Ambas falaram com empolgação do trabalho de revisitar a vinda de D. João VI para o Brasil. Sandra observou que as três invasões de Napoleão a Portugal, em 1807, ficaram “escondidas atrás das estantes de livros”:
– Foi difícil achar historiadores na França para falar a respeito das invasões da França a Portugal. Este era um calo para Napoleão. Um historiador chegou a me dizer: “nunca interessou à nossa História divulgar isso”. As informações para as matérias exigiram muita leitura, estudo e pesquisa. Quanto à autenticidade do material obtido via internet, Mônica alertou que cautela é essencial:
– Precisamos levar em conta o que diz o órgão oficial.
Os estudantes assistiram a trechos da série. As cenas gravadas na Quinta da Boa Vista – antiga residência da família real, em São Cristóvão – chamaram a atenção. Todas se passam na madrugada. Sandra explicou: para reproduzir o passado, preferimos a penumbra.
– Viramos a equipe morcego. Os meninos da luz fizeram da Quinta um Palácio de Versalhes – brincou Sandra.
As jornalistas levantaram seis pontos básicos para o êxito de uma reportagem histórica:
1) Planejar o roteiro;
2) Conciliar idéia e orçamento;
3) Estudar e pesquisar, privilegiando fontes oficiais; 4) Ter um olhar diferenciado sobre os fatos, procurando o inédito; 5) Ter persistência na busca de locações; 6) Participar da decupagem da fita e da edição.
A chegada da corte portuguesa mostrada na telinha
Um mergulho fundo na História do Brasil
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