Informação é poder. A ética nos meios de comunicação foi discutida no segundo dia do Seminário Ética Mídia Verdade, na PUC-Rio. Para o editor-executivo do jornal O Globo, Ascânio Seleme, a ética é a essência dos jornais. Nas redações, atende por vários nomes: verdade, justiça, liberdade, e tolerância. Segundo ele, O Globo tem seu próprio código de ética, no qual não é permitido o jornalista, usar falsa identidade, manipular fotografia, e principalmente publicar notícias quando prejudicam terceiros. Para Ascânio Seleme, não vale a pena publicar qualquer coisa pela audiência. “O leitor do O Globo vai atrás da verdade. A ética vende jornal”, afirma. “A boa história tem que ser exata. Se não for exata não é uma boa história”, disse o jornalista.
Já o professor da PUC-Rio Ralph Ings Bannell acredita que a perda dos valores na contemporaneidade compromete a ética. “Ética é como quero viver minha vida, indignação é sentimento moral”, explicou o professor. Segundo Bannell, a mídia estimula, mas ao mesmo tempo inibe a esfera pública.
Guilherme Castelo Branco, professor de Filosofia da UFRJ, convidou o público a pensar os impactos da ética na indústria cultural. Segundo o professor, os séculos XX e XXI caracterizam-se pela publicação de jornais de investigação e opinião. “Opinião de um lado e sensacionalismo de outro”. Na contemporaneidade multiplicam-se os cadernos de suplementos, que ele define como “a condição pós-moderna”.
Para a segunda etapa do debate “Mídia e Ética”, os convidados foram Eduardo Raposo, coordenador da pós-graduação em Ciências Sociais da PUC-Rio e Miguel Serpa Pereira, da Comunicação Social da PUC-Rio. Eduardo Raposo traçou um perfil da sociedade ocidental contemporânea para situar a mídia da atualidade. Ele explorou, com exemplos, a imensa capacidade de comunicação da sociedade contemporânea e o crescimento de todas as formas de mídia. Com relação à ética nas mídias, ele disse crer que haverá de surgir novos padrões de ética para acompanhar as inovações um mundo “que não é mais o mesmo”.
- Há ruptura em todo o plano da civilização, como na época do Renascimento e, se há crise nas instituições, e a ética pertence a elas, Qual é a ética que vai surgir? - indaga.
O professor Miguel Pereira falou sobre o “lugar” da ética na atualidade. Para ele, há dois lugares possíveis, nos quais se pode situar a ética para melhor entender a sua atuação na mídia. Um dos “lugares” da ética é o lugar das relações. Ele afirmou que a ética só existe quando “existe o outro”. A outra hipótese, segundo o professor, é que a ética situa-se no lugar do olhar sobre o outro, sobre a sociedade e sobre o mundo. “A ética é o lugar que resolve o confronto entre os olhares de um sobre o outro”, conclui ele.
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