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Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 2024


Cultura

O documentário brasileiro em questão

Glaucia Marinho - Do Portal

04/07/2008

As diferenças entre a reportagem e os novos estilos de documentário brasileiro foram discutidas no XI Encontro da Socine, realizado na PUC-Rio. Para o professor Fernão Pessoa Ramos, da Unicamp, a representação do popular no documentário brasileiro contemporâneo tem uma estruturação diferente, até precária. Segundo ele, o documentário está construindo uma forma de representar o que não é, o que seria uma contradrição. Os filmes autorais mais significativos da última década, segundo Fernão, “transbordam sangue ou sordidez”. A começar pela trindade Cidade de Deus, Carandiru e Central do Brasil. “Eu tinha escrito trindade, mas agora acrescentaria sem dificuldade Tropa de Elite", conclui.

Em sua análise, a professora Renata Fortes, também da Unicamp, debateu os motivos que levam os diretores de cinema para a televisão. Ela usou o exemplo do diretor e produtor João Batista de Andrade, que segundo a professora migrou pelo “conjunto de possibilidades” que a TV oferece. "O caráter de momentaneidade dos depoimentos, a câmera que descobre coisas, a eletricidade da montagem, tudo aproximava o diretor do jornalismo televisivo”, diz ela, mostrando que o trabalho do cineasta trouxe várias contribuições  estéticas, ideológicas e temáticas para a estrutura e organização do jornalismo.

Já Heidy Vargas Silva, a terceira professora da Unicamp a integrar a mesa, acredita que o confronto entre ideologia e a necessidade do mercado é muito rico para esses cineastas e jornalistas. E que esse debate que vai pautar de forma transversal as produções que “hora criaram as obras primas do documentário e outras apenas sugerem talvez a ocupação de um espaço na grade de programação”.

A professora Marília Franco (USP) falou sobre um novo estilo, um híbrido que tem o objetivo de de confundir o espectador. São filmes de ficção que trabalham com parte documental. "É um absurdo que nós acadêmicos tenhamos negligenciado o que hoje é a cara da sociedade contemporânea”, concluiu Marília Franco, questionando a falta de interesse em pensar o fenômeno do "reality show".