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Rio de Janeiro, 4 de dezembro de 2024


Cidade

Para muitos cariocas, todo dia é um dia sem carro

Rodrigo Serpellone - Do Portal

21/09/2012

 Arte: Eduardo Ribeiro

Engarrafamentos, estresse e buzinas. Esta é a rotina da maioria dos motoristas do Rio de Janeiro que dirigem diariamente. A caminho do trabalho, da faculdade ou do lazer, uma parcela crescente de cariocas foge do trânsito complicado em meios de transporte alternativos. A caminhada, a bicicleta, o skate e a bicicleta elétrica são os mais comuns para se abandonar o motor. O Portal PUC-Rio Digital conversou com moradores do Rio para quem o Dia Mundial Sem Carro é um dia como outro qualquer de suas vidas, seja pela questão ecológica ou pela praticidade de chegar mais rápido a locais próximos.

Max Gleiser, aluno de comunicação social da PUC-Rio

Com uma placa escrita “Respeite. Um carro a menos”, o estudante Max Gleiser, de 21 anos, morador de Ipanema, vai e volta da PUC de bicicleta elétrica. Um dos primeiros a ter o veículo – uma Lev e-bike S amarela, comprada há quatro anos –, Max de início sofreu com brincadeiras da irmã e dos amigos. Mas não abre mão da praticidade, da rapidez e da economia: o custo médio é de R$ 0,01 por quilômetro. Eduardo Ribeiro

Sai muito mais barato, não tem que pagar para estacionar nem abastecer. E o trânsito nem se fala. Já cheguei à PUC em oito minutos de bicicleta elétrica. Quando vinha de carro, levava até 50 minutos – conta o aluno do 4º período de Cinema.

O novo meio de transporte, ecologicamente correto, tem velocidade média de 30 km/h e leva cinco horas para carregar a bateria. Max também tem uma bicicleta comum e um carro, o qual raramente usa: “Não compensa”. A bicicleta normal ele usa para percorrer pequenas distâncias, como em idas ao mercado ou à locadora de filmes.

Amante do vento no rosto proporcionado pela bicicleta elétrica, Max só usa seu carro quando há túneis no caminho, como nos caminhos para a Barra e Botafogo. A única desvantagem das bicicletas, para ele, é a falta de local de estacionamento.

Enquanto a elétrica fica no mesmo lugar que as motos, a normal precisa de tranca, o que é raro em shoppings, por exemplo.

Bruna Zolini, engenheira de produção

Moradora da Lapa, amante de belas paisagens e pontos turísticos, a engenheira de produção da Petrobras Bruna Zolini, de 30 anos, tenta manter a roupa limpa enquanto pedala para chegar ao Centro, onde trabalha: Arquivo pessoal

– Vou toda arrumada para trabalhar, de roupa social e pedalando. Como é perto de casa, não chego a suar. Uso acessórios para a roupa não bater na corrente.

Maratonista, Bruna adora correr e se exercitar. A engenheira quase não usa carro nem transportes coletivos. Vai à praia, ao mercado e ao shopping andando, correndo ou pedalando.

– Já peguei ônibus sem saber qual era o preço. Meus amigos dizem que sou chique, pois ando mais de avião do que de ônibus ou metrô. E é verdade mesmo – conta, rindo.

A engenheira gosta de correr em lugares com vistas agradáveis, como mirantes ou pontos turísticos. Deste modo, e com uma alimentação saudável, ela mantém seu corpo em forma, aproveita as paisagens cariocas e não polui o meio ambiente.

Pedro Cunha, estudante de ciências econômicas da Uerj

Ativista da organização Viva Hoje, Pedro Cunha, de 22 anos, organizou debates sobre a Rio+20 na Uerj, onde estuda ciências econômicas, além de ter participado do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC).  Arquivo pessoal

Pedro não é contra o uso de carro, mas sim de combustíveis fósseis. Acredita que há formas de energia melhores e que o carro pode ser usado de maneira inteligente. O estudante destaca o menor gasto e o bem-estar que os meios alternativos de transporte proporcionam:

– Não é só poluir o meio ambiente. Acho até mais relevante fugir de engarrafamentos e economizar, já que não tenho gastos com gasolina, estacionamento e impostos.

Morador da Barra da Tijuca, bairro ainda sem ciclovias, ele se vê obrigado a usar ônibus a todo o momento.

– Em alguns locais, é muito perigoso andar de bicicleta. E tudo é muito longe no bairro – conta ele, que, por um grupo no Facebook, mobiliza pessoas para ações de sustentabilidade no bairro.

Primeiro mapa detalhado das ciclovias do Rio traz serviços

Na manhã desta sexta-feira (21), no quiosque da Riotur em Copacabana, foi lançado o mapa cicloviário da cidade. O guia, que mostra o traçado das rotas da Zona Sul, Centro, Grajaú, Maracanã e Tijuca, indica os principais pontos turísticos próximos às vias e também a localização de serviços como oficinas de bicicletas, hospitais e estações de metrô e trem com bicicletários.

O lançamento do mapa faz parte de uma série de ações da prefeitura para aumentar o uso de bicicletas, e consequentemente, diminuir a emissão de gases nocivos à saúde. O Rio tem 290 quilômetros de ciclovias, e a meta da prefeitura é chegar a 450 quilômetros até 2016. O mapa terá tiragem inicial de 50 mil exemplares e será distribuído em hotéis, quiosques de informação de turismo e na Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Na criação do projeto foram envolvidos técnicos, engenheiros, ONGs e ciclistas.

Programação do Dia Mundial Sem Carro

Sábado (22):

- Marcha das 500 bicicletas, às 18h, nos Arcos da Lapa (Av. Mem de Sá, 48);

- Comemoração do Dia Mundial Sem Carro, das 9h às 15h, no Parque dos Patins (Lagoa Rodrigo de Freitas), organizada pela CET-Rio.

Domingo (23):

- Um Dia Sem Carro, abertura do II Fórum Internacional da Mobilidade por Bicicleta (BiciRio) com passeio de bicicleta, das 8h às 15h, no Monumento dos Pracinhas (Av. Infante Dom Henrique, 85, Aterro do Flamengo). A “bicicletada” vai até a Enseada de Botafogo e volta ao Aterro.