Era um dia como outro qualquer. Seu Almeida acordou pela manhã, ansioso para saber como andava a obra da sua casa. Já estava cansado de morar de favor. Ligou para o mestre de obras, que, em tom de desânimo, lhe deu a notícia amarga:
– É, seu Almeida... Sua casa vai ficar pronta como combinamos, mas depois de seis meses vamos ter de fechar para alguns ajustes.
Só faltava essa! Irritado com a notícia, esbravejou:
– Como assim?! Vocês me fazem morar num lugar muito distante onde mal consigo trabalhar, me prometem um prazo para deixar tudo tinindo e ainda vão precisar que eu me mude mais uma vez? Sem contar que essa obra já estourou o meu orçamento!
Não conseguia se acalmar. Lembrava-se dos grandes momentos que vivera naquele lugar, das rezas e correntes que o convocavam em momentos decisivos. Tinha perdido a conta de quantas vezes surgia como salvador da nação. Às vezes dava toques dramáticos. Ficava escondido, com um riso iminente, até o último momento para das às caras, só para ver os aflitos corações palpitarem. Mas, nesses últimos dois anos, as três cores não se faziam tão presentes como em sua casa. Era tudo mais frio, mais preto e branco. E azul.
A saudade batia forte. Queria reviver os momentos de casa cheia – colorida em verde, branco e grená –, com os mais velhos contando histórias do tempo que passou, os jovens cantando até perderem a voz e os mais novos correndo frente à imensidão das paredes. Queria voltar a participar dos momentos em que mudava a história, no último minuto da partida. Queria voltar para casa, reencontrar o histórico Maracanã. Queria deixar de ser o “seu” Almeida para voltar a ser Sobrenatural.
* Texto produzido para a disciplina Técnicas de Comunicação I, lecionada pela professora Cláudia Versiani.
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