Às vésperas da Rio+20, o Brics Policy Center (BPC), iniciativa da Prefeitura do Rio e do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da PUC-Rio dedicada ao estudo dos países Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, promove o seu II Seminário Internacional, que reúne representantes destes países para discutir o desenvolvimento sustentável e a agenda social dos países Brics. A cerimônia de abertura, que ocorreu nesta terça-feira, 24, no Palácio da Cidade, em Botafogo, contou com a participação do diretor de programas da Secretaria Executiva do Ministério do Meio Ambiente, Ariel Pares; do presidente do Instituto Pereira Passos (IPP), Ricardo Henriques, representando a prefeitura; do diretor do IRI e supervisor geral do BPC, João Pontes Nogueira; e do reitor da PUC-Rio, padre Josafá Carlos de Siqueira.
Nogueira lembrou que a Eco92 foi um marco importante na história pós-Guerra Fria, guardando muitas promessas de mudanças no mundo. O diretor considera a Rio+20 uma oportunidade para relançar bases sobre a sustentabilidade no planeta, partindo de rearticulações de temas como a exclusão social e a pobreza extrema.
– Temos que discutir como ter uma governança efetiva no desenvolvimento sustentável. A contribuição dos Brics nesse cenário é fundamental, na medida em que eles põem essa temática em destaque. A partir do olhar dos países desenvolvidos ou em desenvolvimento, queremos melhorar a economia dando prioridade à sustentabilidade – afirmou, ressaltando que as duas décadas que decorreram desde a Eco92 trouxeram crescimento, mas também déficit no bem-estar ambiental.
O seminário propõe a busca de reais soluções para o desenvolvimento sustentável, reunindo pesquisadores relacionados aos países Brics e a suas temáticas.
– Tudo isso é uma grande oportunidade, mas temos que partir para a prática ao invés de ficar só nos projetos e planos – ressalvou Ariel Pares.
Para o reitor da PUC, o seminário pode aprofundar questões relevantes não só em relação à Rio+20, mas em relação ao futuro em caráter internacional.
– É a oportunidade para discutirmos assuntos em torno da temática ambiental de relevância planetária.
Biólogo de formação, fundador do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (Nima) da PUC-Rio e autor de livros sobre o tema, o reitor disse que a geração de hoje é marcada por uma nova ética, interessada em mudar o planeta, reduzir os efeitos das mudanças climáticas e corrigir hábitos sustentáveis:
– Os jovens têm o desejo intrínseco profundo de poder testemunhar mudanças de hábitos e questões de sustentabilidade. Eles apostam mais nos gestos e menos nas palavras.
E ressalvou que há uma urgente necessidade de aproximação entre a linguagem da ciência e da política. Enquanto uma é mais voltada para o real, a outra é utópica.
– Hoje não há espaço para a visão fragmentada do mundo. Não podemos receber a Rio+20 como reflexão da Eco92, como um recuo ao passado. Precisamos viver um presente voltado para o futuro – disse.
Padre Josafá lembrou que os países Brics estão “engravidados” de inúmeras experiências sustentáveis na área social, de educação, econômica e de inclusão social, e devem emergi-las na Rio+20: “Se trouxermos essas conhecimentos à tona, daremos um passo significativo”.
Representando a Prefeitura do Rio, Ricardo Henriques disse que, embora tenhamos desperdiçado acúmulos possíveis da Eco 92, agora precisamos usar a esperança que nos cabe para esse desafio. Esperança que não deve ser alimentada somente em eventos como as conferências das Nações Unidas.
No mesmo dia, em Nova York, o embaixador Luiz Alberto Figueiredo, subsecretário do Itamaraty para Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia, anunciou a intenção de se dar maior autonomia aos países-membros da ONU, a partir da criação de um Conselho de Desenvolvimento Sustentável a partir da Rio+20. Este fórum contaria com ações permanentes no cenário ambiental.
Também preocupados com as discussões em torno da conferência da ONU, oito professores da PUC-Rio se reuniram no último dia 18 para relatar a experiência do Planet Under Pressure, evento pré-Rio+20 que ocorreu em Londres, no mês de março.
A PUC-Rio será sede do último encontro antes da conferência, entre 11 a 15 de junho. A Rio+20 será realizada entre 20 e 22.
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