A presidente Dilma Rousseff termina seu primeiro ano de mandato com maior índice aprovação desde a volta da democracia no fim dos anos 80. De acordo com pesquisa Datafolha, 59% dos entrevistados veem o governo como bom ou ótimo, 33% consideram regular e somente 6% o classificam como ruim ou péssimo. Para o sociólogo Ricardo Ismael, coordenador e professor de Graduação do Departamento de Sociologia e Política, isso se deve a três fatores principais: uma cobertura jornalística menos dura do que tinha o presidente Lula; projetos sociais e crescimento contínuo herdados do último governo; e o fato de a presidente ter começado a fazer política”.
– O Lula teve uma lua de mel mais curta por causa do mensalão e de problemas com a imprensa, diferentemente do que aconteceu no governo Dilma, que, apesar da faxina ministerial, a imprensa atacava o ministro e o partido do ministro. Ela também manteve estáveis o emprego e a inflação, as duas variáveis mais importantes para a avaliação do governo. E começou a aparecer mais. Não como Lula, que chegava a fazer mais de um discurso por dia, mas começa a aparecer – avalia Ismael.
O professor também destaca que o combate à corrupção também é um fator importante, por “ela ter sido menos tolerante com os desvios de conduta de seus ministros, do que foi, por exemplo, o Lula”.
Ismael acredita que esse seria o momento “perfeito” para fazer uma reforma ministerial mais técnica, substituindo os ministros associados a partidos políticos por outros que tenham experiência com os assuntos do ministério que ocupa lida, caso do Ministério da Ciência e Tecnologia, onde o ex-senador petista Aloizio Mercadante passou o controle para o cientista Marco Antonio Raupp, que já foi presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), mas, ”infelizmente”, ele crê que essa reforma será minimalista.
– Minhas expectativas diminuíram quanto a essa reforma ser mais técnica, mas é um ano de eleição, e tenho dúvidas de que ela seja mais ousada. Está permanecendo um conservadorismo, talvez influenciada pelo próprio presidente Lula. Acabará sendo feita de maneira muito pontual que atingindo somente os ministros que vão concorrer às prefeituras e aqueles que já estão com seus prazos de validade vencidos, como é o caso do Negromonte (ministro das Cidades, investigado por fraude em um aval da Copa de 2014).
Esse conservadorismo se deve, principalmente, ao ano de eleição. Fazer uma reforma mais efetiva e técnica poder arriscado para as alianças eleitorais que o PT pretende, “e essas alianças podem ser mantidas para 2014, quando a Dilma ou até mesmo o Lula podem tentar concorrer de novo à presidência”.
– Ela perderá um momento precioso. Poderia tentar diminuir o número de ministérios, que é um absurdo (38 no total). Era o momento de tentar ser mais ousada e apontar um padrão de conduta mais claro para os seus ministros, para que não voltemos aos problemas de 2011, principalmente agora com as eleições, com o financiamento dos partidos e as pessoas fazendo novas licitações para pegar mais dinheiro.
Ismael aponta que além da corte de gastos pela redução de ministérios, deveria haver um aumento nos investimentos em infraestrutura e na área social, mas por ser ano de eleição, provavelmente, a presidente terá uma “política fiscal mais frouxa”.
– A Dilma fez uma economia muito grande em 2011. Ela conseguiu fazer com que a inflação começasse a cair com o Banco Central reduzindo taxa de juros. O governo está realmente segurando os gastos, mas em ano de eleição a pressão vai ser muito maior ainda para gastar. Este ano ela provavelmente terá uma política fiscal mais frouxa e irá reanimar os investimentos públicos e as obras vinculadas à Copa.
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