Na semana do Dia do Jornalista, e no ano em que a imprensa brasileira comemora seu bicentenário, o Rio de Janeiro ganha o Centro de Cultura e Memória do Jornalismo. Patrocinado pela Petrobras e criado pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, o projeto foi lançado nesta quarta-feira, na Academia Brasileira de Letras (ABL). A coordenadora é a professora Carla Siqueira, do departamento de Comunicação Social da PUC-Rio.
Com os objetivos de preservar e divulgar a história do jornalismo brasileiro, além de promover uma reflexão acerca da atividade jornalística, o Centro proporcionará aprimoramento para profissionais e atividades culturais ao acesso de todos. Cursos, salas de cinema, biblioteca, livraria, ilhas de edição e espaços expositivos estão nos planos da organização. A implantação será constituída por duas fases. A primeira é de formulação, sobre como funcionará o Centro. Já a segunda de concretização do espaço físico, através da escolha de um prédio no centro da cidade a ser oferecido pelo Governo do Estado. Carla admite que pode demorar até a finalização da última etapa, e fala sobre a cautela necessária ao se abrir um centro cultural.
- É um caminho longo. Vemos vários centros culturais abrindo e fechando. Mas, se tivermos cuidado, daqui a um ou dois anos podemos ter um lugar muito bacana de memória do jornalismo.
E os planos não param por aí. Após a concretização jurídica e física do Centro de Cultura e Memória do Jornalismo, a meta é desenvolver parcerias com universidades. O motivo é claro: contribuir para o aperfeiçoamento dos futuros profissionais do ramo. A PUC-Rio será uma das faculdades com que a professora pretende fazer como parceira.
Carla se envolveu no projeto através do que ela define como uma “feliz coincidência”. O sindicato procurou sua empresa, a Plural, que realiza pesquisa e desenvolvimento de projetos culturais. Sua experiência nesta área é ampla: Carla coordenou o projeto Memória do Movimento Estudantil para a Fundação Roberto Marinho e ao longo da carreira estudou história da imprensa no Brasil, tema de sua dissertação de mestrado e tese de doutorado.
Além disso, leciona as disciplinas História da Imprensa no Brasil e Metodologia em Pesquisa de Comunicação na PUC-Rio. A inauguração na ABL promete dar uma prévia do que irá compor o acervo do Centro. Os convidados assistirão a um vídeo contendo depoimentos de jornalistas importantes do país falando sobre a necessidade de se ter um centro de memória do jornalismo. Nomes como Tereza Cruvinel, Marcelo Beraba, Luiz Garcia, Cícero Sandroni, Ana Arruda Callado e Regina Zappa aparecerão na tela. Carla ressalta o depoimento de Cruvinel.
- Ela afirma que a imprensa é patrimônio da democracia. Portanto, a sociedade tem que ser educada para entender o papel da mídia e cobrar dela uma boa atuação.
O acervo do Centro de Cultura e Memória do Jornalismo será reunido através de doações e acordos com entidades para digitalizar material de pesquisa já existente. O acesso do público a esse arquivo será possível desde a primeira fase de implantação do projeto: um site e um livro com depoimentos dos jornalistas entrevistados já estão programados. A professora da PUC-Rio diz que ficará realizada caso tudo ocorra como o previsto.
- Optei por não ser uma jornalista atuante em redação, mas meu amor ao jornalismo me fez estudar sua história e me dedicar a isso. Ter um local onde possa continuar esse trabalho, oferecendo-o para o público, é a realização de um sonho.