O Facebook acelera o processo de conhecimento entre os usuários e, com a ajuda das informações concentradas nos perfis, a amizade não raramente termina em namoro. Quase a metade (48,2%) dos 18 milhões de integrantes no Brasil usam a rede social para flertar. A estimativa faz parte da pesquisa Flertebook Brasil: um estudo sobre o flerte e a internet na cultura brasileira, cujas primeiras conclusões foram detalhadas pelo diretor da agência Blue Id, Germano Penalva, nesta quinta-feira (13), na PUC-Rio (assista à palestra). Participaram também do encontro o mestrando da PUC-Rio João Vitor Rodriguez, que explicou o estudo Amizade: as regras gramaticais do sentimento on-line, e o aluno de Publicidade Alberto Pereira, que apresentou Compartilhar: um estudo sobre os usos da tecnologia entre os jovens, ambos profissionais do Infoglobo, que mostraram análises de comportamentos no Facebook.
Realizada com 705 pessoas no país, a pesquisa da agência Blue Id confirma o papel crescente da rede social na construção de relacionamentos. A professora de Comunicação Claudia Pereira, outra participante do debate, identifica uma nova maneira para se paquerar:
– Se antes você conhecia na noite e pedia o telefone, agora você adiciona no Facebook, vai para o chat, se conhece, e aí sim pede o telefone.
Assim aconteceu com Juliana Serapio (foto) e Allan Albuquerque. Eles se conhecerem brevemente na boate Fosfobox, em Copacabana. Antes de marcarem, pelo telefone, de se rever, usaram a internet para se conhecerem melhor. A analista de risco Juliana conta que as conversas com Allan, graduado em Engenharia Mecânica pela PUC-Rio, migraram para a rede social.
Depois de identificar interesses em comum no perfil e de conversar diariamente durante duas semanas no chat, o casal se encontrou "para valer":
– Ele me chamou para ir ao bar Bukowski, em Botafogo. Levei duas amigas, e ele estava com amigos também – lembra a analista de risco.
A professora ressalva, porém, que caso os interesses não sejam parecidos, a relação pode estacionar na rede social. “Eduardo e Monica não se casariam”, brinca Claudia, ao lembrar o vídeo, acompanhado de música da banda Legião Urbana, sobre o casal de gostos diferentes.
Para 60% dos entrevistados, foto do perfil é o mais importante
Ao explicar os principais pontos da pesquisa, Germano destaca o uso da rede social no flerte por facilitar tanto no tempo de resposta – que não precisa ser imediata – quanto no comportamento de pessoas mais reservadas. Como o designer Leandro Rangel (foto), tímido assumido. Ele dividia a sala de aula com Vivian Alfinito havia quatro anos. Nunca tinham trocado sequer uma palavra, nem pelo Facebook, apesar de serem amigos pela rede. Até que, no fim do ano passado, Leandro reparou a foto de uma jovem ruiva entre seus amigos – era Vivian – e a história começaria a mudar. O caso ilustra uma das informações mais emblemáticas do estudo: para 59,7% dos entrevistados, o mais importante no Facebook é a foto do perfil, seguido por interesses e fotos de viagem (45,1%).
Leandro pretendia encontrar Vivian no dia do aniversário dela, mas houve um desencontro. O casal, no entanto, já foi a uma festa e jantou em restaurante japonês, onde conseguiu conversar. O designer reconhece a vantagem do virtual:
– A internet tem aquela coisa de te deixar forte, porque falar na cara das pessoas é uma coisa complicada. Hoje, tenho confiança em falar com mulheres.
Embora represente novos canais e esperanças para relacionamentos amorosos, redes como o Facebook ainda guardam desafios à comunicação. A ferramenta “cutucar”, por exemplo, desperta dúvidas entre os usuários, de acordo com a pesquisa. Enquanto alguns a encaram como um simples ‘oi’, outros identificam certo interesse pela pessoa "cutucada". O estudante de Jornalismo da ECO-UFRJ Will Vaz "cutucava" a ex-namorada Dilana Azevedo antes de o relacionamento começar. Para Will, isso funcionava como uma “massagenzinha no ego”, mas não necessariamente flerte:
– Se a pessoa me "cutuca", quer minha atenção. Então, eu sou querido – deduz.
Hoje, porém, o estudante não usa mais a ferramenta por associá-la a “pessoas mais carentes”. Já o relacionamento não durou muito: terminou na segunda-feira seguinte.
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