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Rio de Janeiro, 13 de outubro de 2024


Cultura

Ex-aluna da PUC exibe seu primeiro longa no FestRio

Mariana Alvim - Do Portal

11/10/2011

 Ligia Lopes

Aos 23 anos, a jornalista Letícia Simões, formada na PUC-Rio no fim do ano passado, terá seu primeiro longa-metragem exibido no Festival do Rio. Bruta aventura em versos, sobre a obra da poetisa Ana Cristina Cesar, estreia nesta segunda-feira (10), no cinema Odeon, na Cinelândia, dentro da Première Brasil Retratos, mostra não-competitiva de filmes nacionais, e terá sessões até quinta-feira. Letícia está ansiosa:

– O fato de o meu primeiro longa-metragem ter sido selecionado para o Festival do Rio é meio surreal. Parece que a ficha não caiu ainda. Só vai cair na hora. Isso se eu não desmaiar.

Segundo a cineasta, o filme não é biográfico. Dentro de uma obra que abrange crônicas, dissertações e traduções, entre as muitas atividades realizadas por Ana Cristina, Letícia preferiu privilegiar a poesia. A opção talvez venha de um vínculo antigo de Letícia com a obra da poetisa. Assim como a personagem de seu filme, Letícia também escreve poemas. Neste ano, ela lançou seu primeiro livro, Pessoas de quem eu roubei frases, pela editora 7 Letras.

– Ela é essencial, formadora na minha poesia e na minha vida.

Ana C. foi um dos ícones da chamada poesia marginal, movimento que buscou divulgar poesia por meios alternativos, assim como outros grupos de contracultura que correram o mundo, unindo os hippies nos Estados Unidos e os revolucionários franceses de 1968. Ao lado de nomes como Paulo Leminski, Chacal e Francisco Alvim, buscava burlar a repressão da ditadura militar promovendo recitais e livros artesanais. A dificuldade em publicar suas obras em editoras também foi uma motivação para que os poetas buscassem alternativas para se expressar.

Divulgação Para falar de Ana C., que se suicidou em 1983, aos 31 anos, Letícia recolheu depoimentos de amigos, admiradores e especialistas: os poetas Armando Freitas Filho (foto), Chacal, Augusto Guimaraens, Alice Sant'Anna e Laura Liuzzi; a escritora e crítica literária Heloísa Buarque de Hollanda, o ator e diretor Paulo José e a atriz Ana Kutner, sua filha, e ainda dos coreógrafos e bailarinos Marcia Rubin, Oscar Saraiva e Patricia Nierdermeier, que produziram um espetáculo sobre a poetisa.

Além de escritora e jornalista – trabalhou em veículos como o Jornal do Brasil e Correio Braziliense –, Ana C. era tradutora de inglês e empreendeu muitas atividades acadêmicas e profissionais. Formou-se em Letras na PUC-Rio, fez mestrado em comunicação na UFRJ e em tradução literária na Inglaterra. De acordo com Letícia, a vastidão e a qualidade da obra de Ana Cristina a surpreenderam:

– Conversei com algumas pessoas que disseram que a tese de mestrado de Ana em tradução mudou suas vidas.

Formada em jornalismo na PUC em dezembro de 2010, Letícia chegou perto de se graduar também em cinema: cursou todas as matérias teóricas, só faltando a monografia. Explica que não foi em frente por já trabalhar em uma produtora, e por preferir outras formações: está estudando história na UFRJ e se prepara para iniciar mestrado em Letras na PUC.

A Première Brasil Retratos apresenta ainda filmes sobre o ativista político Abdias do Nascimento, o teatrólogo Augusto Boal e o cineasta Eduardo Coutinho, entre outros.

Bruta aventura em versos, de Letícia Simões. Documentário. Brasil, 2011. Odeon Petrobras: segunda (10), às 15h15. Estação Vivo Gávea: terça (11), às 13h30 e 18h20. Cinema Nosso: quarta (12), às 17h. Ponto Cine: quinta (13), às 20h.