Os carros elétricos já são realidade, mas no Brasil o pleno comércio desse tipo de automóvel só deve se consumar em 2015. Essa é a previsão do diretor de Relações Institucionais da Renault, Antonio Prataviera Calcagnoto, que na última sexta-feira (2) apresentou para uma plateia com cerca de 100 estudantes – entre os quais vestibulandos interessados em ingressar no curso de engenharia – o workshop Carros Elétricos, dentro do Renault Experience, evento realizado na PUC-Rio na semana passada. Calcagnoto destaca três motivos pelos quais o Brasil vai demorar mais a consumir carros elétricos em grande escala do que Portugal, por exemplo, por falta de estímulo do governo.
– O governo brasileiro ainda insiste no etanol. Isso leva as empresas que já possuem carros elétricos no exterior a mudarem de foco aqui, pois a demanda puxa o mercado e, se o governo não incentiva esse tipo de automóvel, elas não têm nada a fazer. Por último, vejo ainda o agronegócio ter mais destaque, deixando de lado a evolução do setor industrial. Resumindo: há uma falta de incentivo – argumentou o diretor.
O engenheiro Mauro Speranza, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da PUC-Rio, destacou também o tradicionalismo dos consumidores brasileiros:
– As pessoas ainda têm aquele sabor pelo ronco do motor, que seria perdido nos carros elétricos. Mas acredito que, aos poucos, isso vai deixar de acontecer, ao se conhecer melhor o assunto. O carro elétrico vai andar muito mais rápido, com motores cada vez menores. O que interessa não é o ronco do motor, e sim o desempenho e o conforto.
Ferrenho defensor dos carros elétricos Calcagnoto cita, além da preocupação com o clima, outros motivos para as empresas automobilísticas apostarem nesse modelo. O executivo da Renault acredita que cada vez mais países vão adotar multas para quem emite gases nocivos ao meio ambiente em grande escala, como é feito na Inglaterra –, e que a imagem das marcas ganhará status de “preocupada com as mudanças climáticas” e com a atual crise mundial.
– Em tempos de crise, o carro elétrico é perfeito, pois a redução do custo de abastecimento é enorme se comparado aos veículos movidos a combustão – ressalta Calcagnoto.
O diretor de Relações Institucionais da Renault cita um estudo feito pela hidrelétrica Itaipu, indicando que, se 100% da frota de veículos do Brasil já fosse movida a eletricidade, consumiria apenas 3,77% da energia gerada pela binacional em um mês. Calcagnoto acredita que em 2050 a frota mundial será composta por 50% de veículos movidos a base de combustíveis e o restante de elétricos.
Para Speranza, porém, o cálculo de Calcagnoto é “pessimista”:
– A coisa ainda vai evoluir muito mais do que é previsto hoje, é uma bola de neve. Os países europeus e os norte-americanos já estão incentivando o uso dos carros elétricos. Por todas as razões, o futuro é em cima dos carros elétricos. Sinceramente, não sei se os carros movidos a combustão vão existir daqui a 50 anos. Provavelmente, não.
Problema e solução
O fato de os veículos elétricos não fazerem barulho é positivo em relação à poluição sonora. No entanto, poderia se transformar num perigo aos cegos, por exemplo. Calcagnoto explica que já está sendo produzida uma espécie de sensor, que emitiria um aviso sonoro ao detectar algo físico na frente.
PUC-Rio e os carros elétricos
Atentas aos avanços do mercado, as engenharias da universidade já estão se inserindo no contexto dos veículos elétricos. Speranza afirma que está ocorrendo uma “autofusão”:
– Há mais ou menos uns dois anos e meio houve a percepção de que este era o caminho a ser seguido. O pessoal de mecânica está envolvido com o pessoal de automação, de mecatrônica, de elétrica. Os resultados estão expostos no Laboratório de Introdução à Engenharia (Lieng).
Embora haja avanços, Speranza reconhece que ainda não há um projeto de grande porte financiado por alguma grande empresa.
– Os estudos são apenas acadêmicos, com intenção de colocar os novos engenheiros dentro desse novo mundo –destaca o professor, ressaltando que o próprio departamento precisa adquirir mais experiência na área. – Enquanto não surgem incentivos, estamos em fase de preparação. Quando surgir um grande projeto, financiado por uma Finep, por exemplo, estaremos preparados – garante Speranza.
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