Igor de Carvalho - Do Portal
02/09/2011Aberta ontem no Riocentro, Zona Oste da cidade, com a presença da presidente da República, Dilma Rousseff, a XV Bienal do Livro espera 600 mil visitantes até o próximo domingo, dia 11, para uma maratona. Os 950 expositores prometem uma infinidade de livros dos mais variados segmentos, revistas em quadrinhos que atraem de crianças a adultos, além de debates a respeito de temas ligados ao mundo literário. Para percorrer os 55 mil metros quadrados sem perder a energia, o público terá à disposição um corredor gastronômico entre os pavilhões verde e azul, agradando a todos os gostos.
Bibliotecas “nubladas”
No avanço das tecnologias digitais, onde as pessoas se encontram cada vez mais conectadas, o reflexo chegou de uma vez por todas ao mundo dos livros. Um dos estandes que chama a atenção foi o “Nuvem de Livros”, que propõe colocar à disposição de escolas, universidades e famílias um acervo de aproximadamente 3 mil itens, que vão desde livros a teleaulas da Fundação Roberto Marinho.
– Constatamos que, nas escolas públicas brasileiras, o nível de conectividade é maior do que o número de bibliotecas reais. A proposta é colaborar com as escolas públicas do Brasil. Temos um projeto com um viés editorial e de educação, integrando alguns parceiros – afirmou Ricardo Schneider, representante da Gol Mobile, empresa responsável pelo estande.
Para ter acesso a esse aplicativo, a ser lançado este mês, os interessados deverão pagar uma taxa mensal pelo acesso a todo o acervo da biblioteca. Não é possível comprar apenas um livro específico do acervo.
No espaço, os visitantes poderão ver como funciona o processo de digitalização de um livro. A máquina Kabis3 copia até três mil páginas por hora. Desenvolvido especialmente para livros antigos, que demandam maior cuidado no manuseio, o equipamento, que custa entre US$ 140 mil e US$ 200 mil, é destinado especialmente a museus e universidades.
– Fico surpresa pelo fato de os jovens ficarem mais entusiasmados com essa novidade do que os adultos. Afinal, esses jovens nasceram e cresceram neste mundo digital – contou Patrícia Ferreira, gerente de negócios internacionais da empresa Artigo Digitais MEB S.A.
Quem também esteve presente nos corredores da Bienal foi o escritor e cartunista Ziraldo. Para ele, disponibilizar seus quadrinhos em versões digitais, reproduzidas em tablets, ainda é uma novidade. Segundo ele, essa aproximação da leitura com a tecnologia pode incentivar os jovens:
– Ainda uso máquina de escrever e desenho com pena e tinta. Fico surpreso com esses avanços. Desta forma, os jovens serão atraídos por coisas menos consumistas, porque com os quadrinhos você consome coisas para a sua imaginação. Leitura é consumo para você ser alguém.
Bonecos de personagens em quadrinhos e maior livro do mundo
Fora o roteiro comum de compras de dezenas de publicações, os presentes encontram outras formas de diversão. Uma delas é a réplica do livro O pequeno príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, com 3,08 metros de largura por 2,01 metros de altura, totalizando 450 metros quadrados de papel, o equivalente a metade de um campo de futebol. Eleito o maior livro pelo Guinness book em 2007, a atração está situada no estande da Ediouro Publicações, que também disponibiliza palavras cruzadas e caça-palavras gigantes que o público pode preencher.
– Essas atividades são um sucesso todo ano entre os jovens. Por isso, sempre colocamos como presença garantida no nosso estande – conta Adriana Paula, responsável pelo marketing da Ediouro.
Outra atração são os bonecos em tamanho real de heróis de histórias em quadrinhos, como o Homem de Ferro e o Lanterna Verde. Márcio Borges, diretor do estande do grupo Panini revela que uma delas foi criada especialmente para a exibição nesta edição da Bienal:
– A ideia de trazer a estátua do Lanterna Verde foi motivada pelo recente lançamento do filme. Ela é inédita, inclusive ficou pronta poucos dias antes da Bienal.
Presidente Dilma Rousseff movimenta a Bienal
Toda a atenção nos galpões do Riocentro estava voltada para a presença da presidente Dilma aguardada para anunciar o programa “Livro Popular”, um conjunto de medidas e editais para incentivar a produção e a comercialização de livros até R$ 10 que busca democratizar o acesso às publicações, com o objetivo de ajudar a formar mais leitores no país.
Após cerca de uma hora de atraso, Dilma chegou ao Riocentro com o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, do ministro da Educação, Fernando Haddad, e do prefeito Eduardo Paes. Aguardando a presidente no lado de fora do Pavilhão Cinco, cerca de 200 pessoas, entre alunos e professores da rede federal de ensino, reivindicavam melhorias na educação, da condição dos professores e exigência de concursos públicos. Dilma não falou com a imprensa, nem atendeu aos manifestantes.
Presidente Dilma Rousseff abre XV Bienal do Livro
Legado olímpico exige mais atenção social, alertam analistas
Miguel Couto: no balcão da emergência, um retrato do Rio
Rio 2016: tecnologia e novos usos para preservar arquitetura
"Gostamos de gente, e de contar histórias"