Ser jovem não é tarefa fácil. Exigências, angústias, incertezas, expectativas. Mais complicado ainda é ser jovem nesses tempos transitórios, onde os valores se diluem, os modelos se esgotam, as ideologias se esvasiam.
Lançar um olhar investigativosobre a geração parida nos últimos anos da década do desbunde e que chega ao fim do milênio na casa dos vinte anos também é missão hercúlea, ainda mais quando nem ao menos o significado de geração é pilar seguro para balizar essas investigações. Se há algum tempo atrás pertencer as uma geração era estar entre fronteiras bem definidas, hoje, a história é diferente. A própria noção de tempo e espaço, que separa as gerações, é incerta.
Uma geração pensada e investigada sob os olhares de seus próprios agentes, É o que se propõe essa edição da Revista Eclética, que não abre espaço para uma juventude narcisista falar sobre seu próprio umbigo, mas que pretende criar um momento para o debate e questionamento tentando definir os limites dessa juventude que se perde mais que se encontra. Afinal, quem somos? Uma geração pós-moderna, pós-revolução sexual, pós-liberação feminina, pós-ditadura, pós-contracultura, pós Coca-cola, pós-tanta coisa...
Nossos ídolos ainda são os mesmos dos nossos pais e as aparênciais enganam sim, a família se dissolveu, as portas do mercado de trabalho se fecharam, a economia enlouqueceu, o amor se desencantou e o nosso prazer, agora, é o risco de vida. O que será então que restou para essa geração? Talvez mais interrogações.
A geração Coca-cola não existe mais, Marcada pela rebeldia, pela busca da liberdade e de alguma ideologia, ela não nos define mais. Ainda guardamos afinidades, mas ela não é mais o nosso espelho. Os tempos atuais giram rápido demais e até mesmo o refrigerante que batizou a geração do anos 80 sofreu mutações. Seríamos então a geração coca-light? Nitidamente mais "leve" e contida, adepta do jargão "prazer sem culpa", "do refrigerante que além de tudo não engorda e não da celulite?" Ou será que, como acredita o entrevistado dessa edição, o psicanalista Bernardo Jablonski, somos a geração fim do milênio? Ou será ainda que a nossa marca é mesmo a falta de definições?
Buscamos na pluralidade algum vestígio de identificação. Reconhecemos a nós mesmos é vital, pois se existe uma certeza entre nós é a de que um dia deixaremos de ser jovens e isso atormenta. Não queremos deixar a juventude escapar, queremos agarrá-la com firmeza, mas para isso é preciso primeiro, saber em que se agarrar.
O objetivo deste número é o questionamento, apresnetando dados, refazendo a nossa própria história, reconhecendo os desafios. Está aí uma reunião de pensamentos dessa geração sobre ela mesma. Se a tarefa não é simples, isso não é problema, pois se existe alguma coisa comum a qualquer jovem, em qualquer tempo, é a coragem de ser jovem. ele segue em frente, sem temer os embates nem o ingresso na vida longe das utopias. Como quem ouve um conselho de Clarice Lispector, segue de peito aberto tentando se entender e se encontrar: " Eu não me lembrara de dizer que sem o medo havia a vida".
- Da sala de aula
1- da revolução ao refrigerante.pdf- Da sala de aula
2 - o economês.pdf- Da sala de aula
3 - a lista de spielberg.pdf- Da sala de aula
4- corpo objeto de consumo.pdf- Da sala de aula
5 - alô alô marciano.pdf- Da sala de aula
6 - só pra quem é especial.pdf- Da sala de aula
7 - turbulência histórica.pdf- Da sala de aula
8 - cultura trash a contracultura pós-moderna.pdf- Da sala de aula
9 - a inocência perdida na tela da tv.pdf- Da sala de aula
10 - ihh ó o cara aí.pdf- Da sala de aula
11 - jogada de milhões.pdf- Da sala de aula
12 - quem sabe faz agora.pdf- Da sala de aula
13 - nosso estranho amor.pdf- Da sala de aula
14 - sexualidade amor nos tempos do látex.pdf- Da sala de aula
15 - molde-se.pdf- Da sala de aula
16 - para saber mais.pdf