Projeto Comunicar
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Rio de Janeiro, 18 de abril de 2024


Economia

Eles viraram casaca em busca da felicidade profissional

Carolina Bastos - Do Portal

16/09/2011

 Gabriela Caesar

Aos 16, 17 anos, estudantes são levados a decidir o rumo profissional. Por razões que vão da falta de informações a interferências familiares, uma parte deles muda a trajetória na universidade. Alguns mudam até de universidade. No mundo da bola, seriam chamados de "vira-casaca". Para a psicopedagoga Juliana Alves, do Núcleo de Orientação e Atendimento Psicopedagógico (NOAP) da PUC-Rio, a precocidade na decisão sobre a carreira está em descompasso com o nível de educação e orientação no ensino médio – o que aumenta a chance de escolhas "equivocadas". Na tentativa de corrigi-las, pode-se até trocar de cidade. Assim fez, por exemplo, a baiana Babi Costa Ramos, que desistiu de ser arquiteta e trabalhar com a família em Salvador para virar jornalista no Rio de Janeiro. “Não sabia como falar para meus pais que eu não seguiria a mesma profissão deles, que eu não queria mais aquilo”, lembra. 

Juliana aponta a precariedade de informações no processo de escolha como o principal motivo da mudança posterior. Para evitá-la, ou melhor, tornar a decisão mais "acertada", ela recomenda um estudo aprofundado das carreiras de interesse:

– É necessário que o aluno faça uma pesquisa em veículos de comunicação, converse com profissionais da área, com pessoas da mesma faixa etária sobre o curso em questão. Um convívio prático com a profissão que procura.

Além da iniciativa do próprio aluno, Juliana acredita que as escolas do ensino médio deveriam promover visitação em feiras de profissões, palestras com profissionais em sala de aula, atividades em grupos de determinadas profissões. "Precisamos mostrar a realidade, a visão futura, as necessidades do mercado de trabalho", explica. Na universidade, iniciativas como o PUC Por Um Dia e a Mostra PUC contribuem para uma melhor nitidez do mercado. Nesta, o universitário conhece oportunidades e exigências de algumas das principais empresas. Naquela, o aluno do ensino médio conhece não só as instalações do campus mas atribuições relativas a diferentes carreiras. 

Juliana observa que a raiz da dúvida sobre o caminho profissional pode surgir dentro de casa. Na adolescência – período de 12 a 19 anos –, o jovem é, em geral, influenciado pelos pais e pelos "rótulos" das carreiras. Tais informações, ainda de acodro com a psicopedagoga, frequetemente estão distante da realidade das profissões:

– Os pais estão distantes da realidade em que o estudante se encontra. O mercado de trabalho é outro, mas muitos não conseguem, ou não querem, enxergar isso. O adolescente, por falta de maturidade ou por comodidade, acaba acatando as ideias dos pais, que só querem o melhor para o filho.

Pesquisa cuidadosa aumenta a nitidez sobre as profissões 

Monica Cernigoi, também psicopedagoga do NOAP, acrescenta que não raramente os pais traçam um planejamento da vida para o filho e, mesmo de forma inconsciente, pressionam o futuro universtário a seguir tal roteiro. Qualquer mudança nessas expectativas costumam levar à frustração. "Você cria um filho de uma maneira, e não aceita que ele siga outros caminhos", resume Monica. Para que o conflito não termine em decepção, e na posterior troca de rumo, as duas especialistas recomendam – à família inteira – uma pesquisa aprofundada sobre o curso que os filhos querem seguir e aquele que os pais querem que ele siga.

No caso do universitário que percebe um descompasso entre o caminho adotado e a vida profissional por ele desejada, Juliana considera a mudança inevitável. "Se a situação é essa, ele deve mudar de curso. Não pode ficar onde está por acomodação. Ele não será feliz", alerta.

Para o orientador vocacional Marcelo Souza, o centro desses conflitos é a mesmo a falta de informação durante o ensino médio. A pesquisa no mercado e o planejamento revelam-se, segundo o especialista, os grandes alicerces para a sonhada vida profissional:

– O estudante não pesquisa profundamente as características do curso que vai fazer, da profissão que vai exercer. E isso leva às tantas mudanças ao longo do período acadêmico.

Na avaliação de Souza, a falta de maturidade também favorece a inciência do vira-casaca universitário: "Com 17 anos, muitas vezes não se tem discernimento para escolher o futuro profissional". Administrador da empresa Talento & Profissão Consultoria, Souza acredita que a orientação vocacional pode reduzir as incertezas por meio de um planejamento da vida do aluno.

– Fazemos uma análise dos gostos do aluno e suas características principais para verificar qual é o curso que melhor se encaixa com seu perfil – explica.

Percepção de "tempo perdido" torna mudança mais complexa 

Souza auxilia estudantes dos ensinos médio e superior na fase da escolha sobre trajetória profissional. Na opinião dele, a "situação torna-se mais complexa" para o universitário que está em dúvida sobre o curso, pois a incerteza, ou a decepção, é acompanhada da percepção de "tempo perdido":

– Precisamos fazer com que o aluno tenha certeza da mudança que está prestes a realizar. Não adianta começar outro curso e perder mais tempo ainda. Além dos anos passarem, o dinheiro gasto em função daquela universidade também é jogado fora. 

Mas o especialista enxerga vantagens para um novo curso em relação à experiência acadêmica anterior:

– A bagagem de um curso pode não ajudar no próximo que o estudante pretende fazer, mas a experiência na universidade sempre contribui para uma melhor experiência acadêmica.

Essa também é a opinião das psicopedagogas. Elas descartam a ideia de "perda de tempo". Para Juliana, "qualquer tipo de conhecimento é uma aquisição positiva".

– Se o estudante está aprendendo, não é perda de tempo. Ele pode fazer quatro anos de um curso e não seguir essa carreira. Mas tudo que ele aprendeu vai servir, no mínimo, para aperfeiçoar seu caráter e sua maturidade – pondera.

 Luisa Nolasco

Da arquitetura baiana para o jornalismo carioca

Versátil, "apaixonada pela vida", determinada. A baiana Babi Costa Ramos achava que, aos 17 anos, tinha certeza sobre o rumo de sua vida. Desde pequena, Babi frequentava reuniões de arquitetura, lançamento de projetos e visitava o escritório da família, quase toda no ramo. A facilidade de emprego na área influenciou muito a decisão de seguir a mesma carreira: “Quase toda a minha família era do ramo. Não tinha como escapar, arquitetura era o meu destino”.

Babi prestou vestibular para o curso de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal da Bahia (UFBA) em 2007. O choque veio logo no primeiro período, quando ela já estagiava e participava de uma grande obra, mas  “não conseguia se enxergar como uma arquiteta”.

– Não sabia o que eu faria pelo resto da minha vida, mas sabia que não era ser arquiteta – recorda.

Depois de dois anos de curso, Babi resolveu desistir. Os pais desaprovaram. “Foi uma grande decepção para eles, que sempre deram força para eu seguir os negócios da família”, conta. Durante três meses, a jovem consultou psicólogos, fez diferentes testes vocacionais, e optou por Comunicação Social. A escolha da nova profissão impôs-lhe uma decisão ainda mais difícil: mudar de cidade.

– Os cursos e o mercado de comunicação em Salvador não eram muito bons. Eu queria fazer na PUC-Rio, e foi mais um desafio convencer meus pais.

A família de Babi aceitou, viu que a filha estava convicta. A estudante foi morar com uma amiga carioca e começou a cursar a PUC-Rio no início de 2010. Estava decidida a fazer publicidade. Mas Babi trocaria, mais uma vez, o seu futuro:

– Comecei a estagiar no Projeto Comunicar e percebi minha paixão em ser repórter.

A identificação de Babi com o curso de jornalismo ganhou o incentivo dos pais. A angústia ainda renitente vinha não mais do destino profissional, e sim da saudade de casa. O tempo curou:

– Aos poucos, me acostumei com a rotina de trabalho e a ficar longe da família. Minha insegurança deu lugar à alegria de ter encontrado a verdadeira vocação.

Babi não se imagina mais em outra área, nem em outra cidade. Ela pretende trabalhar com jornalismo de tevê, mas considera "essencial" à formação do jornalista transitar por outras áreas. Depois de ter superado uma viagem de dois mil quilômetros, a oposição da família e desafios do mercado, ela tornou-se um símbolo da busca bem-sucedida pela felicidade profissional:

– Temos que tomar grandes decisões ainda muito novos. Mas, para mim, não importa a quantidade de cursos que o jovem tenha que passar para ver o que realmente quer. Você precisa experimentar para conseguir ter sucesso profissional.

Do direito para a cozinha

Ela se diz responsável, apaixonada por reggae, churrasco e por trilhas na natureza. Responsável desde cedo, a estudante de 21 anos Mariana Bastos prestou vestibular com apenas 16, quando ainda cursava o segundo ano. Mariana escolheu o Direito por se achar "uma pessoa com capacidade de convencimento e argumentação”. Optou pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), faculdade próxima ao restaurante de mãe, em Botafogo. A estudante terminou o ensino médio com um supletivo e fez um intercâmbio de cinco meses nos Estados Unidos para aperfeiçoar o inglês. No segundo semestre de 2007, iniciou o curso de Direito em horário integral. Talvez a decisão tenha sido precoce. Depois de um período e meio, Mariana trancou a matrícula:

– Não estava contente com alguns professores, com o método de ensino e com o fato de que eu só poderia estagiar quando a carga horária não fosse mais integral, ou seja, a partir do 6º período.

O descontentamento com a rotina avançou para o abandono do curso. “Eu não tinha vontade de estudar, de fazer nada. Chegava em casa morta de cansaço”, desabafa. Não sabia se "o problema era a faculdade ou o curso". Psicologia era uma alternativa. "Sempre achei que fazer terapia era uma das formas ideais de superar os problemas", observa.

Com o apoio dos pais, Mariana fez três meses de treinamento vocacional. Manteve a opção pelo Direiro, desta vez na PUC-Rio. Ingressou no turno da noite, em 2009.

– Eu me adaptei rapidamente aos horários e aos métodos da PUC. Amei os professores e sempre tirei notas boas. Estava muito motivada – lembra.

Mariana passou, entretanto, por outras conturbações. “O problema não era mais a faculdade, era o curso”, diz ela. No quarto período, fim de 2010, a jovem trancou a matrícula. Sem saber o que fazer, decidiu seguir os negócios da família, e aprender como funciona a parte administrativa das três unidades do restaurante da mãe, o Salsalito. Os pais não ficaram tão satisfeitos assim.

– Eles viram que eu estava confusa. Ao mesmo tempo, me apoiavam, pois sabiam que eu seria uma ótima ajuda nos negócios da família.

Para se especializar na área, Mariana precisava escolher o curso mais "apropriado": Administração ou Hotelaria. “A tendência é fazer hotelaria, por ser mais dinâmico e criativo, menos teoria do que administração”, argumenta. O pai, o economista Mario Cunha, discorda:

– O curso de administração é mais abrangente e completo, inclusive com maior aprofundamento nos conceitos matemáticos e administrativos, perfeito para gestão de negócios de um modo geral.

Em março, Mariana iniciou um curso de gestão de restaurantes no SENAC com duração de três meses, para "ver se era isso que realmente queria". Ao mesmo tempo, começou a trabalhar com a mãe na área de projetos especiais dos restaurantes. No meio do ano, prestou vestibular de Administração para a PUC-Rio e Hotelaria para a Universidade Estácio de Sá. Por não gostar de matemática – área obrigatória no curso de administração – ela escolheu, enfim, fazer hotelaria. 

– Quero seguir os passos de empreendedorismo da minha mãe. Quem sabe, criar um happy hour no restaurante, uma rede de lanches e delivery – planeja.

Para Mario Cunha, a dúvidas da filha "pós-adolescente" sobre o direcionamento profissional são "naturais":

– É comum que tenham dúvidas nessa fase, ainda mais quando tomam decisões muito cedo, como ela tomou. Talvez tenhamos falhado nesse ponto: a precocidade.

 Arquivo Pessoal

Da engenharia para... a engenharia

Tricolor de coração, hiperativo e pavio curto. O estudante da PUC-Rio Rodrigo Kahn precisou de “algumas quedas” para tomar o rumo da sua vida. A primeira foi a decepção com as disciplinas de Engenharia Mecânica, que o desestimulou a seguir essa área e o fez mudar sua habilitação para Engenharia Civil, no segundo ano de curso. No último ano, Rodrigo percebeu que Engenharia Civil não "se encaixava em seu perfil". Diz que se sentina “um peixe fora d´água”. Inseguro, ele optou pela área mais administrativa: Engenharia de Produção.

– Foram jogadas arriscadas, mas hoje agradeço por ter corrido esse risco – recomhece.

Filho de arquiteta e médico, Rodrigo sempre teve uma referência profissional "muito boa", estimulando-o a seguir um curso de "mesmo nível". Da mãe, Rodrigo ganhou o dom do desenho, e isso influenciou em sua decisão: “Qualquer arquiteto sabe desenhar. É um diferencial ter um engenheiro com essa qualidade”. A experiência na área foi proveitora, mas não o suficiente para deixá-lo satisfeito:

– Estava frustrado com a minha prática acadêmica em Egenharia Civil. Decidi fazer algumas disciplinas da área de produção. Me apaixonei.

Rodrigo faz estágio na área administrativa da operadora Oi e enxerga aplicações práticas fundamentais do que aprende na universidade. “Finalmente posso dizer que me sinto completo”, anima-se. Embora os pais o apoiem nas decisões, ele lembra que havia pontos financeiros e emocionais a serem acertados:

– É largar tudo que você tem por algo que você não tem, mesmo que desagrade muitos ao redor. É largar tudo que você já fez, e pagou para fazer, para fazer algo completamente diferente e com pouco aproveitamento em comum. A troca só foi feita de maneira, digamos, pacífica porque tinha uma situação muito boa em casa. Meu pai sempre me estimulou a conhecer diferentes áreas, a ser um profissional “multiuso”. 

Ainda assim, Rodrigo confessa que guardava um certo medo de se arrepender. Chegou a fazer o Exame Nacional do Ensino Médio, cogitando os cursos de Arquitetura e Desenho Industrial. Mas a  história já trilhada na Engenharia foi mais forte:

– Eu já tinha conhecimento da área, amigos, tudo em engenharia. Não valeria a pena deixar tudo para trás.

Ele agora não se imagina fazendo outra coisa: “Encontrei meu rumo”, afirma, aliviado. Depois da decisão, teve o estímulo da namorada Catherine Hallot, formada em Engenharia Ambiental. “Ela sempre me deixou ser quem eu sou”, elogia.

– Não sei se é fase, mas eu estou muito feliz. Estou levitando com o curso, nunca senti tão realizado.

Com a experiência de seguidas mudanças, Rodrigo não se considera uma exceção. A dúvida, segundo ele, é recorrente entre os jovens, por “serem imaturos para decidir o resto de suas vidas”. Para o universitário, poucos têm coragem de mudar:

– É preciso ter coragem, arriscar mesmo. Só assim você vai ver qual é sua verdadeira vocação. Caso contrário, seremos infelizes.

 Arquivo Pessoal 

Da vontade dos pais para a vontade própria

Flamenguista, apaixonado pelo tradicional arroz com feijão, viciado em esportes, cabeça dura. Assim o estudante de Comunicação Social Bernardo Berman se define. Mas sua determinação não foi forte o suficiente para encarar o pai, que o impediu de prestar vestibular em 2009 para a "única paixão": a publicidade. Sob pressão familiar, Berman entrou para a PUC-Rio no curso de Engenharia de Produção, formação dos pais. “Meu pai riu quando eu disse que queria fazer comunicação. Eu não tinha apoio dentro da minha própria casa, não podia lutar contra isso”, conta. A mãe, que sempre o apoiava,  também era a favor da Engenharia. Fora isso, os melhores amigos estavam abraçavam as ciências exatas. Então ele “acatou” a ideia.

No primeiro período, não conseguiu ficar no turno da manhã com os amigos. Fez à tarde. Repetiu a disciplina Cálculo e trancou Química com medo de não passar.

– Tive muita dificuldade de me adaptar. Nunca gostei de números, nem no colégio. E na faculdade tudo é muito diferente: você estuda aquilo para aplicar na sua vida – explica.

Ao planejar os horários para o segundo período, só foi possível se inscrever em apenas quatro matérias, o máximo permitido de acordo com o seu CR (Coeficiente de Rendimehto).

– Logo no início do semestre, percebi que não estava dando certo e que não era aquilo que eu queria. As matérias eram maçantes e eu não aprendia nada – afligia-se.

Berman reclamava reclamava diariamente aos pais sobre o curso, mas a pressão familiar seguia grande. Eles insistiam para que o filho continuasse "se esforçando". O estudante não aguentou. Depois de entregar uma prova da disciplina Programação, decidiu largar:

– Não dava mais para mim. Não importava se meus pais não iam gostar da minha decisão, eu não estava feliz.

Berman trancou a matrícula no mesmo dia. Quando chegou em casa avisou aos pais, que ficaram irritados. Passou dois meses sem falar com o pai e sem saber que rumo tomar. Cogitou fazer Administração, pela "relação mais estreita com a área de engenharia". Memo sem a aprovação dos pais, estudou em um mês todas as matérias específicas de Comunicação Social e prestou vestibular novamente para a PUC-Rio. Berman descartou a opção de transferência interna pelo tempo extenso que levaria. No ano passado, ele finalmente começou a mergulhar no sonho de ser publicitário:

– Gostei das aulas, das pessoas do curso, dos professores. E já estou ansioso para acabar o ciclo básico e começar a me focar somente em publicidade – empolga-se o jovem, que pretende trabalhar na área de criação.

Depois da experiência conturbada, ele passou a avaliar bem suas ideias antes de botá-las em prática. “Não me estresso mais com questões familiares”, garante. E se diz amadurecido:

– Sou mais tranquilo. Tento sempre extrair o melhor das coisas, não fico mais batendo o pé e tomo minhas decisões com mais consciência. Hoje, não deixaria de fazer nada por conta da desaprovação dos meus pais.

 Arquivo Pessoal 

Da física para o sonho cinematográfico

Espontâneo, “de bem com a vida” e apaixonado por cinema. Desde o ensino fundamental, Vitor Clin sempre teve uma ligação forte com a arte. Mas seu sonho também não era o mesmo dos pais. Para a  família, curso de cinema é quase “coisa de vagabundo, que não gosta de estudar ou trabalhar”. Resignado, Vitor mostrou-se realista: “Não culpo eles. Acho que a maioria dos pais não gosta que o filho faça cinema”. Sendo assim, Vitor optou, em 2003, pela Escola Superior de Formação de Oficiais da Marinha. A satisfação dos pais não durou nem uma semana:

– Percebi que eu teria que passar quatro anos estudando administração dentro do sistema militar e não sobraria tempo para eu investir na carreira de cinema. Não podia fazer aquilo.

Vitor partiu para a Física na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Durante a faculdade, começou a trabalhar no restaurante da tia. Assim teria "uma estabilidade financeira para cursar cinema posteriormente" – mesmo contra a vontade dos pais. Em 2008, o restaurante faliu e Vitor decidiu finalmente largar as ciências exatas e seguir seu coração.

No mesmo ano, enquanto estudava para o PROUNI, fez alguns cursos e oficinas de arte. Em 2009 foi aprovado com bolsa integral para cursar Cinema na PUC-Rio. No terceiro período, já dirigia filmes e participava da produção de outros. Atualmente, Vitor organiza o Concurso de Roteiros da PUC-Rio. O aspirante a cineasta aconselha aos estudantes que também sofrem situações semelhantes: “A vida é uma só. Temos que correr atrás do que realmente queremos”.

Procedimento de transferência de curso na PUC-Rio:

Na PUC-Rio, caso o estudante tenha dúvidas sobre a carreira escolhida, a Vice-Reitoria para Assuntos Acadêmicos direciona o aluno ao Núcleo de Orientação e Atendimento Psicopedagógico (NOAP), no qual recebe orientação de psicopedagogas. Para alunos de Engenharia, o ciclo básico do próprio departamento conta com duas psicopedagogas. Caso o aluno realmente opte pela mudança de curso, ele deverá recorrer à Diretoria de Admissão e Registro (DAR). As inscrições para admissão e tranferência para 2012.1 vão de 3 de outubro a 4 de novembro. Os resultados serão divulgados no dia 13 de dezembro. Já para a troca de habilitação, o período vai de 26 de setembro a 7 de novembro.

Transferência interna:

  • Solicitar a transferência dentro dos prazos previstos no Calendário Escolar;
  • Ter vagas disponíveis no curso de preferência;
  • Ter cursado pelo menos um período letivo na PUC-Rio;
  • Cumprir as exigências complementares estabelecidas pelo departamento em questão.

Transferência externa:

  • Estudar em outro estabelecimento nacional de ensino superior reconhecido ou em estabelecimento estrangeiro de igual nível;
  • Cursar em outra instituição pelo menos uma disciplina aceita na PUC-Rio;
  • Ter cumprido pelo menos um período na instituição de origem;
  • Não estar a mais de dois períodos em situação de trancamento de matrícula;
  • Não ter sido jubilado ou desligado da instituição de origem por motivos acadêmicos ou disciplinares;
  • Ter vagas disponíveis no curso de preferência;
  • Entregar toda a documentação necessária no momento da inscrição;
  • Fazer a transferência para mesmo curso iniciado na instituição de origem;
  • Cumprir as exigências complementares estabelecidas pelo departamento em questão.