A proximidade de grandes competições abre espaço para um fantasma tradicionalmente considerado distante pelos brasileiros: o medo do terrorismo. Segundo o professor do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da PUC-Rio Márcio Scalércio, seria uma ingenuidade desconsiderar a possibilidade de ações terroristas diante de iniciativas como a Copa e a Olimpíada. "Teremos de trabalhar para garantir a segurança de nossa população e das delegações durante o período de competições", observou Scalércio no seminário A Segurança Internacional em Tempos de Crise e Incerteza, semana passada, na universidade.
Promovido por alunos do IRI e do Centro Acadêmico de História, o seminário também reuniu os professores do Departamento de História Murilo Meihy e Maurício Parada, o decano do Centro de Teologia e Ciências Humanas (CTCH), Paulo Fernando Carneiro de Andrade, o cônsul-geral da Alemanha no Rio, Michael Works, e o primeiro-secretário da Embaixada do Estado de Israel em Brasília, Léo Vinovezky. Scalércio reconheceu que a década marcada pelo terrorismo já passou, mas ressalvou: o movimento propriemente dito ainda continua.
– Vamos sentir um estresse nos nossos aeroportos – projetou.
Os especialistas lembraram que a classificação "terrorista" variações frequentemente adotadas por conveniências políticas. Para Meihy, a categorização do terror pode representar um “fechamento para o diálogo" e uma dificuldade a mais no caminho da paz.
– Devemos contextualizar esses grupos chamados terroristas – ponderou.
Igualmente é importante revela-se a contextualização dos recentes conflitos no Oriente Médio e norte da África. No balanço apresentado por Meihy sobre a Primavera dos Povos Árabes, o professor afirmou que os casos da Tunísia e do Egito representam de um processo de mudança consolidado. Já Líbia e Síria estão sujeitas a inversõee. Para ele, as “pequenas reformas democratizantes” guardam relação direta com as políticas externas dessas nações:
– O fato de o Egito abrir as fronteiras com Gaza demonstra uma reformulação das estratégias de política externa.
Parada vê nessa “sensação de mudanças” uma ligação com a retórica de conflitos estruturados naquela região. Ele apontou a necessidade de os governos nacionais repensarem suas políticas:
– Se os conflitos acabam, a dinâmica interna irá sofrer alterações. Se há uma pretensão de paz, é necessário que os agentes repensem suas dinâmicas internas.
Após a guerra ao terror declarada pelos Estados Unidos durante o governo de George W. Bush, o atual presidente americano Barack Obama, vem se mostrando preocupado em recuperar a credibilidade do país no Oriente Médio. Na opinião de Scalércio, deve-se “aproveitar o momento para promover o diálogo”.
Segundo Worbs, o diálogo deve ser empregado no caso Irã. “Hoje falamos de solução conjuntas, em parcerias”, ressaltou. O cônsul destacou três orientações da política externa alemã: reforçar a integração da Europa; promover o desarmamento e a não proliferação de armas nucleares; e garantir uma "globalização em favor de todos".
– O desarmamento é um tema do futuro para as discussões de segurança. Trabalhamos para que as armas de destruição de massa não se proliferem – reforçou.
Para Vinovezky, as discussões pela paz também devem voltar-se ao futuro, buscar avanços. Segundo ele, a violência não é mais suportada:
– Chega de falar do passado, é hora de falar do futuro.
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