Com vinte anos de profissão, o fotógrafo Gabriel de Paiva esteve na PUC-Rio em novembro passado para dar uma palestra sobre os desafios e dificuldades de seu trabalho. O encontro foi organizado pelo professor de fotojornalismo, Paulo Rubens. Gabriel começou a estagiar como repórter em jornais como Estado de Minas e O Globo, mas conta que ao fazer algumas fotos para a faculdade, pouco antes de se formar, entrou numa grande dúvida: “Eu balancei, e na última hora escolhi fotografar. Resolvi apostar no que eu gostava”.
Acostumado a estar sempre atrás das lentes de sua máquina, Gabriel estranhou tantos olhares voltados só para ele. Tímido, o fotógrafo disse que é importante estar atento a tudo que acontece, e mais do que sorte, é preciso preparo para não perder um momento sequer. Além disso, é preciso prever situações. Em uma das galerias de fotos mostradas na palestra, Gabriel exibiu aos alunos uma sessão feita por ele em Irajá, onde flagrou o desabamento de uma casa.“Eu ouvi uns estalos, achei que poderia acontecer e acreditei”.
O recurso utilizado para isso é o motor drive, que chega a tirar de cinco a seis fotos por segundo, mas, para Gabriel, ás vezes nem assim o fotógrafo consegue a imagem do momento exato do acontecido. O fotógrafo é também um jornalista. A foto não basta ser apenas um registro, mas acoplado à ela deve estar presente uma idéia, pensamento ou crítica. Ainda mais quando o ‘objeto’ a ser fotografo são políticos e autoridades, “É a hora da vingança, de dar o troco, isso é o mínimo que podemos fazer. A reação deles é normal: eles nos odeiam!”, diz Gabriel.
Após a palestra o Portal PUC-Rio Digital fez uma pequena entrevista com o fotógrafo, confira:
Qual é o maior desafio do fotógrafo?
Manter a criatividade. O trabalho do jornal é diário, então todo dia você tem que procurar uma coisa nova. É começar tudo de novo, do zero, e sempre mantendo um nível de qualidade. É um exercício que a gente tem que ter.
Qual é a melhor qualidade de um fotógrafo?
Empenho. Fotógrafo preguiçoso não vai a lugar nenhum. Ele tem que estar sempre correndo atrás da melhor imagem, da melhor hora e do melhor lugar para bater a foto.
O fotógrafo quase sempre trabalha com uma multidão de outros fotógrafos em busca da melhor foto. Como se impor?
Eu acho importante você fazer seu trabalho o mais invisível e imperceptível possível. Se você se impor ali na hora é capaz de conseguir algum atrito, então não tem que chamar muita atenção. É tentar não incomodar as pessoas, proteger seu equipamento e passar despercebido mesmo.
Se você tira uma foto maravilhosa, mas a pessoa que está nela pede para não ser publicada. O que você faz?
Na verdade essa decisão cabe ao jornal. Mas geralmente ele entende e não publica, mesmo que a foto esteja maravilhosa. Até porque é um direito da pessoa, né? Temos que respeitar.
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