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Rio de Janeiro, 27 de julho de 2024


Cidade

Resgate no Leblon

Iris Correia - Do Portal

11/03/2008

Um passeio na praia do Leblon quase acabou em tragédia para os amigos Werlis Henrique e Magno Mota, moradores de São Gonçalo. Werlis, de 18 anos, engordou as estatísticas de afogamentos registrados pelo Corpo de Bombeiros na altura do Posto 12, na tarde da última segunda-feira. O adolescente decidiu mergulhar junto às pedras, acreditando ser um ponto de menor risco, e acabou tragado pela correnteza.

O desespero dos amigos e o resgate foram acompanhados por uma equipe de reportagem do Portal PUC-Rio Digital, que gravava imagens no Mirante do Leblon. Foram mais de cinco minutos de tensão. Magno conseguiu sair da água e gritou por socorro. Antônio Cícero, dono de uma barraca de bebidas, que tirava um cochilo, foi o primeiro a enfrentar o mar. Com treinamento especializado, Antônio chegou até Werlis, mas, sozinho, não conseguiu retirá-lo. Quando o rapaz já tinha perdido as forças, o cabo Leonardo Luis Fernandes, salva-vidas do Corpo de Bombeiros, chegou ao local e iniciou o resgate. Werlis já estava com parada respiratória. Carregado com a ajuda de banhistas, foi atendido na areia e, em seguida, transferido para o Hospital Miguel Couto.

Durante o verão, cerca de 90 pessoas são socorridas por salva-vidas todos os dias só no Posto 12. Centenas de afogamentos são registrados em toda a orla carioca diariamente. De acordo com o cabo Fernandes, os amigos escolheram o pior lugar para o mergulho. O canto das pedras é o chamado retorno da água, que forma valas e pode arrastar os banhistas para o mar aberto. Apesar da rotina estafante de resgates, o bombeiro comemorava o dever cumprido. “Não há salário que pague o resgate de uma vida. É gratificante”, declarou o salva-vidas.

Para o amigo de Werlis, a praia é o último lugar a ser freqüentado por um bom tempo. Depois do susto, eles prometem pensar duas vezes antes de entrar em águas desconhecidas. Para os estagiários do PUC-Rio Digital, a súbita mudança de foco na reportagem valeu pelo aprendizado. Curiosamente, o texto gravado pelo repórter poucos momentos antes do afogamento dizia: “Num estado como o Rio de Janeiro, muitos acontecimentos podem virar notícia”.

Percebendo os gritos de socorro a poucos metros de distância, a equipe filmou toda a operação de resgate. O repórter caiu com o microfone na areia, o tripé da câmera estava com os pés dentro d’água. Parte da equipe tentava recuperar o fôlego. Outro integrante da equipe só pensava na bronca que levaria por encher o equipamento de areia. O saldo da cobertura foi uma sandália arrebentada, um óculos perdido, uma garrafa d’água, R$ 20 a mais na conta do telefone celular e R$ 28 de táxi. Isso a gente põe na conta da PUC, mas acompanhar um fato e transformá-lo em notícia não tem preço.