Em palestra na PUC-Rio, na última sexta-feira (13), o fotógrafo oficial do ex-presidente Lula anunciou que pretende lançar um filme sobre o dia a dia do governante no período da Presidência.
– A ideia é mostrar Lula fazendo o que todo mundo faz: escovando os dentes ou comendo na cozinha – afirmou.
Atual fotógrafo da CBF, Ricardo Stuckert contou como surgiu a ideia de exibir pela primeira vez uma posse presidencial em 3D, a da atual presidente Dilma Rousseff. O curta, sobre os bastidores da posse de Dilma, foi dirigido pelo próprio fotógrafo em parceria com a produtora Casablanca e será lançado em julho.
– Eu sempre enviava o que produzia para o Blog do Planalto, mas eles desconfiavam das minhas filmagens e publicaram um texto falando que eu ia lançar um filme sobre os bastidores do governo. Alguns cineastas e produtoras me ligaram para produzir o filme citado e eu pensei: "Por que não mostrar os bastidores da posse em 3D?" – contou.
Neto de um tradutor e pintor alemão que se encantou pelo Brasil e pela fotografia, Ricardo Stuckert contou que seu pai, irmão e tios avós também são fotógrafos. Fotografar presidente também veio de família: o pai, Eduardo Stuckert, fotografou o ex-presidente João Figueiredo. O irmão Roberto Stuckert Filho é quem acompanha agora a presidente Dilma Rousseff.
Quando as pessoas o perguntam sobre trabalhar para o governo, Ricardo afirma:
– Eu faço fotografia, não ideologia.
Segundo ele, os ensinamentos do pai neste quesito foram bem claros: o fotógrafo presidencial não pode ouvir, ver ou falar.
Com um estúdio e um laboratório de fotografia do pai, que ficava em casa, Ricardo Stuckert viu muitos políticos passarem por ali para serem fotografados. Certa vez, o pai, atrasado, ligou pedindo que ele montasse o estúdio para fotografar Nelson Piquet em sua casa.
– Acabou virando rotina. Eu montava o espaço, verificava o fotômetro, ajustava a luz – contou.
Mas o que mais chamou atenção de Ricardo foi o processo de revelação.
– Fiquei encantado. Na hora pensei “isso é mágica” – lembrou.
Ainda com 13 anos, morador de Brasília, foi fazer uma matéria para escola sobre o cerrado com colegas de classe. Sua função no grupo era a de fotógrafo. “Achava que já sabia fotografar e peguei a Leica do meu pai”, lembrou. O filme, no entanto, foi colocado de maneira errada na máquina de forma que nenhuma das fotos foi registrada.
– Fiquei com aquilo na cabeça, arrasado.
Apesar da decepção, fez um curso do jornal O Globo por seis meses e começou a trabalhar para o periódico. Nessa época, usava a máquina do pai escondido. “Me tornar fotógrafo foi um esforço pessoal meu, meu pai nunca me pressionou. O erro foi meu estímulo”, afirmou.
Ricardo passou também pelas revistas Veja, Istoé e Caras e cobriu os jogos olímpicos de Sidney. Em janeiro de 2011, começou a trabalhar para a CBF para documentar detalhadamente, tanto com fotos quanto com filmes, o dia a dia da confederação e dos preparativos para a Copa 2014, do mesmo modo que fez com Lula.
– Quando é que vou ter outra oportunidade de cobrir outra Copa no Brasil? A hora é agora – disse Ricardo.
O fotógrafo contou que pôde viajar para mais de 90 países ao lado do presidente Lula e aproveitava as viagens para desenvolver outras pautas. Logo, registrou milhares de fotos além das do presidente e pretende, em breve, reuni-las em uma exposição.