Projeto Comunicar
PUC-Rio

  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram

Rio de Janeiro, 20 de abril de 2024


Ciência e Tecnologia

Informática ao alcance de leigos e especialistas

Daniel Cavalcanti - Do Portal

12/05/2011

Mauro Pimentel


Atualizações em informática 2010

Quando foi a última vez que você comprou um computador, celular ou qualquer aparelho que tenha um chip embutido? Se há um ano, um mês ou uma semana, você já deve ter ouvido falar de um novo lançamento no mercado, um equipamento melhor, mais rápido, com mais opções ou simplesmente mais bonito. Afinal, essa é uma  área que muda com frequência. Em um mercado tão competitivo, a atualização profissional não pode ficar para trás. Para dar um upgrade no conhecimento dos profissionais da área, a Editora PUC-Rio criou a série “Atualizações em informática”.

Lançada desde 2007, em uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Computação (SBC), a série foi organizada, desde o seu lançamento, pela professora Karin Breitman, do Departamento de Informática da PUC-Rio. No entanto, cada edição recebe também a colaboração de outros especialistas. A de 2010, por exemplo, passou nas mãos dos professores Wagner Meira Jr., do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais, e de André Carlos Ponce de Leon Ferreira de Carvalho, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (USP).

As obras apresentam os estudos de ponta na área da informática até o ano corrente de publicação. Anualmente, muitas pesquisas produzidas se destacam no meio acadêmico, mas ficam em pouca evidência para o profissional do mercado. São ideias novas para resolver problemas do cotidiano do informata, desde o analista de sistemas sênior até o programador júnior.

O livro mais recente, referente a 2010, conta com oito capítulos, tratando de assuntos diferentes de pesquisadores de todo o Brasil, que envolvem desde apresentação de casos específicos – como o capítulo sobre análise forense de documentos – até a matemática aplicada em operações computacionais – a IA Multiagente, que trata da integração de vários campos de estudo relacionados à Inteligência Artificial.

Dos assuntos abordados, alguns são mais relevantes mesmo para leitores não graduados na área. É o caso do capítulo “Introdução aos clusters verdes de servidores”, que tratam de climatizar e estruturar salas de servidores para que funcionem de forma mais eficiente, gastando menos energia e contribuindo para uma computação que agride menos o meio ambiente.

Já o capítulo “CSI: Análise forense de documentos digitais” trata de todo o processo de investigação criminal que envolve o mundo dos computadores, focando na análise de adulterações de imagens por meio de programas de edição como o Adobe Photoshop. Além disso, “A ciência da opinião: Estado da arte em sistemas de recomendação”, joga luz sobre diversos sistemas de busca que usam a identidade do usuário na internet para oferecer produtos que estejam dentro dos gostos pessoais do cliente.

A seleção dos textos foi bem-sucedida de duas maneiras. Em primeiro lugar, um leigo em processamento de dados e sistemas de rede, por exemplo, pode acompanhar os estudos publicados com facilidade, pois o conteúdo abordado não exige grandes conhecimentos além do jargão básico do campo – como servidores, sistemas operacionais ou linguagens de programação – e de algum conhecimento técnico sobre o funcionamento de computadores. No entanto, o aprofundamento em certos assuntos tratados no livro exige alguma experiência com a parte matemática da área, pois os trabalhos selecionados não se restringem em apresentar a pesquisa e os resultados, mas discutem todo o processo empírico empregado. Em segundo lugar, mesmo que o livro não seja direcionado diretamente ao público leigo, é interessante que o conteúdo não seja de interesse somente do privado mundo dos informatas, mas aborde assuntos que agucem a curiosidade.

Um exemplo disso é o processo de investigação de imagens adulteradas do capítulo “CSI: análise forense de documentos digitais”, de Anderson Rocha e Siome Goldstein, ambos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O trabalho se propõe a desvendar quando uma foto foi adulterada por programas de edição de imagens, como o Photoshop da Adobe, e instrumentaliza os diversos passos tomados pelos falsários. Os processos utilizados em uma falsificação são analisados com exemplos de casos policiais e outros artifícios que facilitam o entendimento, o que torna o estudo prazeroso de ler.

Outros assuntos chamam a atenção pela atualidade, como no caso de “Ciência da opinião: estado de arte em sistemas de recomendação”, de Sílvio Cazella, da Universidade Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Eliseo Reategui, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e Maria Augusta Nunes, da Universidade Federal de Sergipe. O estudo foca na prática de algumas empresas virtuais no setor de vendas de usar informações recebidas por meio de ações dos usuários nos próprios sites para recomendar artigos. É o exemplo da Amazon, que aos poucos traça um perfil do usuário e oferece produtos que se encaixam no gosto do cliente. Todo o processo é descrito em detalhes. O aprendizado aqui não é somente relevante para quem trabalha na área, mas para quem usa esses serviços e gostaria de entender como funcionam.

A obra também trata de questões ambientais no meio da computação. Os pesquisadores Daniel Mossé, da Universidade de Pittsburgh, Julius Leite, da Universidade Federal Fluminense (UFF), e Antonio Gil Borges de Barros, presidente da Cáritas Informática, tratam de um assunto pouco mencionado no ramo: os chamados clusters verdes de servidores. Um cluster é um conjunto de servidores – computadores usados para processar dados remotamente através da internet – que são organizados em salas condicionadas e consomem energia durante o dia inteiro. A ideia por trás dos clusters verdes é reduzir o consumo energético e a perda de energia por calor, desligando parte do cluster quando os servidores não estão sendo usados. Com menos energia gasta, diminui-se o monóxido de carbono lançado na atmosfera e o custo gerado pelas empresas. O estudo propõe soluções para o problema, desde a organização espacial dos computadores até sistemas inteligentes de hibernação quando o tráfego de dados diminui.

Com um mercado em expansão, próximas edições da série poderiam abordar o desenvolvimento das possíveis integrações da plataforma Android, da Google, com dispositivos caseiros. Seria também interessante explorar o mundo dos smartphones e do desenvolvimento de aplicativos para dispositivos móveis.