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Rio de Janeiro, 26 de abril de 2024


Saúde

Especialistas aprovam redução de sal nos alimentos

Stéphanie Saramago - Do Portal

10/05/2011

 Stéphanie Saramago

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e as associações que representam os produtores de alimentos processados assinaram em abril deste ano um termo de compromisso que estabelece um plano de redução gradual na quantidade de sódio nos alimentos industrializados. A iniciativa vai começar a limitar o sódio em massas instantâneas, pães e bisnaguinhas. O objetivo do plano é reduzir o consumo excessivo de sal (40% dele é composto por sódio), que está associado a uma série de doenças crônicas, como hipertensão arterial, cardiovasculares, além de problemas renais e cânceres.

Professora do Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFFRJ, Cristiane Hess considera a decisão positiva. Segundo ela, os brasileiros consomem há um bom tempo uma quantidade grande de sal e, além disso, o açúcar também.

– Depois do sal, o ministério tem que começar nesse caminho de limitar o açúcar. Os dois fazem mal a nossa saúde, são elementos preocupantes. Quanto menor o consumo desde a infância, melhor – disse Cristiane.

A professora destacou que hoje as indústrias têm tecnologia suficiente para conservar os alimentos industrializados e logo é possível reduzir o índice de sal. São embalagens ativas, inteligentes que protegem mais do que as tradicionais.

– São saídas para se minimizar o sal como conservador e deixá-lo apenas com a finalidade de dar o sabor – ressaltou.

 Stéphanie Saramago Professor titular de endocrinologia da PUC-Rio e UFRJ e membro titular da Academia Nacional de Medicina, Luiz Cesar Pólvoa afirma que o consumo de sal deve ser equilibrado. Ele lembra que o sódio é necessário para manter os níveis de contração muscular e para manter os níveis de pressão normais.

– Sódio em excesso leva a pressão alta. Devemos ingerir somente o necessário e, por exemplo, após a prática de atividade física – explicou Pólvoa.

A meta da Organização Mundial da Saúde para 2020 é um consumo de menos de 5 gramas de sal diários por pessoa. No caso das massas instantâneas, a quantidade de sódio fica limitada a 1,9g até 2012. Para pães de forma, o limite deve ser de 522mg, e bisnaguinhas, 430mg. Até o fim de 2011, segundo o Ministério da Saúde, serão estabelecidas metas para outros produtos como pão francês, batatas fritas, biscoitos e embutidos.

Pólvoa afirma que é importante entendermos o histórico do consumo de sal. Segundo ele, o sal foi adicionado a nossa comida por diferentes razões, como a de conservar:

– No interior quando você não tinha geladeira, você salgava os alimentos para não haver deterioração. Em grandes viagens, o sistema era o mesmo, salgavam-se peças de carne, por exemplo, para não estragarem. O sal conserva a temperatura – ressaltou Pólvoa.

Segundo o professor, o sal passou a ser usado constantemente e o homem ficou “viciado”. Pólvoa concorda com a decisão de limitar a porcentagem de sódio nos alimentos industrializados:

– O Ministério da Saúde realizou alguns estudos e verificou que hipertensão e diabetes são as duas causas que mais matam no Brasil e possivelmente uma é consequência da outra. Como endocrinologista, só posso louvar essa atitude. – afirmou.