O economista Tony Piccolo coordena há dez anos o site Amai-vos, no qual, através de uma rede de parcerias com todas as vertentes do pensamento cultural, social e religioso, se dedica a trocar ideias para tornar o mundo um lugar melhor, dentro do seu slogan “inteligência e tecnologia a serviço do amor”. Lembra que houve um tempo em que consumidor não reclamava, jovem não tinha voz, criança não tinha direitos? Embora as conquistas tenham avançado, muitos ainda não conhecem esses seus direitos, ou não sabem a quem reclamar, a quem recorrer, onde consultar. O mesmo com os gays, que vêm tendo reconhecidos os seus direitos civis – plano de saúde, pensão e agora o direito à união civil, mas ainda têm um monte de preconceitos a derrubar.
O Amai-vos tem parcerias com a PUC para prestar assessoria jurídica, psicológica, religiosa, gratuita e de qualidade, a qualquer pessoa, sobre os mais diversos assuntos. Acaba de entrar no ar o serviço Diversidade Sexual On-line, canal de comunicação criado para orientar os internautas sobre assuntos ligados à homossexualidade, especialmente cidadania, família, religião, espiritualidade e autoestima. Conta com a parceria do Grupo de Pesquisa Diversidade Sexual, Cidadania e Religião da PUC-Rio, que se dedica ao estudo da homossexualidade relacionada a questões de família, direitos humanos, ciência e religião. É formado por professores e alunos de diversos departamentos da universidade, bem como por profissionais das áreas de serviço social, psicologia e teologia, que procuram conhecer e se aprofundar nesse tema. Já havia as orientações on-line sobre Conselho Tutelar, Direito do Consumidor, Legislação, e ainda para grupos mais específicos: jovens, médicos e professores.
Mas o portal é bem mais do que isso: é um fórum de ideias, tendo no seu time de colunistas Frei Betto, Leonardo Boff, André Urani, Luiz Eduardo Soares e Nilton Bonder, entre outros; traz notícias e entrevistas interessantíssimas, que não estão na grande imprensa. Toca projetos sociais. Divulga ações pela paz. Produz bem-estar. E produz também questionamento, indagação, inconformismo, hábitos saudáveis sem os quais não crescemos como indivíduos, como cidadãos.
O Amai-vos faz esse trabalho voluntário "silenciosamente", há dez anos. Difícil sair algo na chamada "grande imprensa". Tony nem se importa, está fazendo seu trabalho de formiguinha, e com ótimos resultados. Mas, como jornalista, fico impressionada, e não vejo outra razão para isso que não o preconceito. O preconceito do qual nós jornalistas dizemos estar livres, mas que curiosamente nos faz ignorar pautas sobre um portal de nome meio "cafona", do qual nunca se ouviu falar e, portanto, não deve ser sério. Fala sério.
Se ignorância significa não saber, arrogância significa não querer saber. Jornalista deve ser curioso, deve buscar se informar sempre, procurar notícia em qualquer lugar, sem prejulgamentos ou preconceitos, não é esse o combinado? Pois então, aí está uma boa pauta, ou várias.
Itala Maduell é professora do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio
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