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Rio de Janeiro, 18 de abril de 2024


País

Revolução digital aproxima comunicação da engenharia

Caio Lima - Do Portal

09/05/2011

 Luisa Nolasco

A afirmação da internet como plataforma de lazer e de trabalho vai aproximar a comunicação da engenharia. Por exemplo, o jornalista deve aperfeiçoar os domínios técnicos e tecnológicos para melhor explorar os recursos digitais na produção e transmissão de informações. Assim prevê o editor da versão online do jornal Extra, Aloy Jupiara, que, ao lado do editor do site do jornal O Globo, Pedro Doria, ministrou palestra na PUC-Rio, semana passada, sobre as novas formas de se fazer jornalismo (foram convidados pelos professores e jornalistas Chico Ótávio e Suely Caldas). O engenheiro Luiz Alencar Reis da Silva Mello, coordenador do Grupo de Propagação do Centro de Estudos em Telecomunicações da PUC-Rio (Cetuc), concorda com Jupiara. Ele destaca a reciprocidade dessa aproximação, para que os engenheiros possam desenvolver os dispositivos de uma maneira mais adequada à comunicação e, por outro lado, os profissionais de comunicação aproveitem as novas “ferramentas e potencialidades”.

– Daqui para frente, quanto mais um profissional de comunicação tiver conhecimento, ainda que básico, das novas tecnologias, mais ele terá espaço no mercado de trabalho. Da mesma forma, o engenheiro que conhecer técnicas de comunicação, ou seja, para que vai ser utilizado o dispositivo, será um profissional desejado pelas empresas. A aproximação dessas áreas abre a visão e permite uma eficiência maior dos dois lados – acredita Silva Mello.  

Luisa Nolasco 

Ainda segundo o coordenador do Cetuc, qualificações necessárias às novas exigências profissionais já são contempladas pela área acadêmica. Ele observa, no entanto, que “seria importante flexibilizar os currículos e criar nos cursos de comunicação, por exemplo, disciplinas para ensinar como essas ferramentas funcionam. Não como são feitas, mas o conceito".

– Olhando pelo lado da engenharia, poderia haver matérias mais humanas/sociais que permitam o engenheiro entender melhor o mundo real de usuários e profissionais para o qual eles trabalham – pondera Silva Mello.

A aproximação com a engenharia e com as novas ferramentais digitais impõe ao jornalista uma qualificação avançada – da qual faz parte também, lembra Doria, um conhecimento mais abrangente, além das técnicas específicas para a produção e apresenetação do conteúdo. Ele reforçou, aos estudantes que lotaram o auditório da sala 102-K, a importância de se ter "noção real de como o negócio é feito, independentemente da mídia".

– Sempre existiu a ideia de que o jornalista deveria ficar longe da área comercial e administrativa, pois não deveria se “contaminar” com assuntos que, supostamente, não lhe pertencem. Agora isso deve mudar. Um bom jornalista deve saber como é financiada sua empresa, por exemplo – avalia Doria.

Luisa Nolasco 

A despeito das facilidades e das potencialidades trazidas pela internet, o uso da web 2.0 (interativa) como fonte de informação ainda é cercado de polêmica, sobretudo quanto à credibilidade. Para o jornalista, a busca desenfreada da audiência é uma “doença”, que se agrava na internet:

 – É pior porque, para agradar o público, em blogs especificamente, são usadas formas inusitadas de apresentenção do conteúdo. A qualidade da informação cai – opina.

­Doria propõe um investimento ainda maior em redações específicas para internet. A professora Suely Caldas concorda:

– O novo desafio é encontrar meios para sustentar a redação web, com tamanho de uma redação de veículo impresso – afirma.

A credibilidade de informação na web virá, segundo Doria, “um dia após o outro, como qualquer outra mídia”. Ele ressalva, porém, que a internet não muda a base da forma com que o jornalismo é feito. Já Jupiara acredita na influência da mídia sobre o setor:

– A leitura é diferente por parte do consumidor. Cada página ou site deve ter valor de uma capa de jornal impresso para chamar a atenção do leitor. Isso quebra completamente a maneira de fazer jornalismo – argumenta.