No encontro "O diálogo inter-religioso e a Páscoa judaica", realizado na PUC-Rio na quarta-feira (20/04), o ex-reitor da universidade padre Jesus Hortal ressaltou a importância do diálogo entre os mais diferentes credos em detrimento somente da coexistência.
– Eu me pergunto: “Por que estamos aqui? Para dialogar ou para coexistir?” – perguntou Jesus Hortal.
O questionamento foi feito na companhia do rabino Nilton Bonder e da professora Maria de Lourdes Lima, do Departamento de Teologia da PUC. Bonder lembrou da liturgia das casas, presente na Páscoa judaica, que de certa maneira faz do lar o lugar do santuário, deixando a Sinagoga em segundo plano. Na Páscoa cristã, diferentemente, a festa é celebrada nas igrejas, para as comunidades. Para o Rabino, no entanto, as diferenças não afastam os credos.
– É importante mostrar essa interseção tão grande que existe entre as duas tradições. É um espírito muito condizente com a Páscoa a gente promover este encontro – afirmou Bonder. – As duas religiões podem ser consideradas irmãs.
A professora Maria de Lourdes Correa Lima afirmou que é preciso que todos estejam dispostos a entender a perspectiva da outra religião.
– O diálogo inter-religioso, para ser realmente um diálogo, exige que cada uma das partes se abra à outra, para compreendê-la melhor, para perceber a validade das suas proposições – afirmou a professora.
Segundo ela, é fundamental que os cristãos comuniquem o que pensam e tentem entender o ponto de vista judaico para que haja o diálogo. Ela destacou a questão dos testamentos (o Antigo e o Novo), lembrando que mesmo que cada religião tenha sua perspectiva sobre eles, tentem dar aos dois uma unidade, conectando as religiões de alguma forma.
– Espero ter trazido uma palavra exatamente para favorecer o diálogo na continuidade entre os dois testamentos na perspectiva da Páscoa – afirmou a professora.