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Rio de Janeiro, 25 de abril de 2024


Saúde

Médicos ensinam como evitar que a saúde caia no 1º de abril

Carina Bacelar - Do Portal

31/03/2011

 Luisa Nolasco

O 1º de abril é conhecido como o dia da mentira, mas mitos desafiam o calendário e tornam-se verdades ao longo dos anos. No caso da saúde, crenças sem fundamento podem perpetuar maus-hábitos e até causar riscos significativos. Convidados pelo Portal PUC-Rio Digital, professores da Escola Médica da Pós-graduação da PUC-Rio esclarecem dez das confusões mais comuns da vida contemporânea. Entre elas, a impossibilidade masculina de desenvolver câncer de mama e a restrição da diabetes tipo 2 à idade adulta.

Ficar em jejum emagrece mais rápido.

É justamente o contrário. Ficar em jejum torna a sensação de fome mais intensa, e o indivíduo acaba comendo mais na refeição seguinte. Além disso, essa "tática" pode levar o organismo a sequestrar proteína muscular. A perda poderia induzir a redução do metabolismo. Consequentemente, menos gordura subcutânea seria recrutada, o que predudicaria os objetivos de emagrecimento.

– O que as pesquisas mostram ser a principal falha nos tratamentos de emagrecer é o hábito de não tomar café da manhã – observa o endocrinologista Walmir Coutinho.

Pessoas "acima do peso" nunca são saudáveis.

Embora a obesidade seja já considerada uma doença que pode precipitar ou agravar complicações como cardiopatias, há indivíduos que, mesmo com uma relação entre peso e altura acima do ideal, apresentam a pressão arterial e índices glicêmicos e de colesterol dentro da normalidade, assim como a pressão arterial. Isso é observado especialmente em atletas e praticantes de atividade física regular (adequadamente prescrita e executada). A educação alimentar e a prática regular de atividade física sõ armas importante para combater a obesidade. Walmir Coutinho alerta que a obesidade também pode facilitar o desenvolvimento de alguns tipos de câncer e distúrbios articulares. 

– No câncer de mama, por exemplo, a mulher obesa acaba fabricando mais estrogênio, e isso facilita o aparecimento de tumores na região – exemplifica o especialista.

Quanto mais alimento ingerimos, melhor.

Sabe-se hoje que alimentos liberam radicais livres, substâncias responsáveis pelo envelhecimento das células. Ainda de acordo com Coutinho, pesquisas indicam que um dos principais fatores para o aumento da expectativa de vida é a educação alimentar. A restrição de gorduras nocivas, açúcares e álcool, por exemplo, ajuda na prevenção de doenças e no controle dos efeitos do envelhecimento. Aredita-se que, entre outros fatores, a alta concentração de insulina no sangue (substância liberada para decompor carboidratos) esteja relacionada com a menor longevidade.

– No entanto, a medicina desaconselha as dietas extremamente restritivas, exceto em raros casos – ressalva o especialista – O que a gente recomenda mesmo é uma alimentação equilibrada. De cinco a seis refeições ao dia, de preferência.

Em cirurgias bariátricas, o emagrecimento decorre apenas da redução do estômago.

Nesse tipo de procedimento, é feito também um desvio no intestino do paciente, propiciando uma absorção incompleta do alimento ingerido. Por esse motivo, eles correm o risco de desenvolver anemias:

– Esses pacientes devem tomar suplementos de vitaminas e minerais a vida inteira – afirma o médico.

Só pessoas de pele clara podem contrair câncer de pele.

Apesar de ser o esse tipo de câncer ser o mais comum entre os brasileiros (25% dos casos malignos detectados no país, segundo dados do Instituto do Câncer), muitos ainda acreditam que os tumores na pele só atingem pessoas de pele clara. No entanto, de acordo com o diretor da Escola Médica da PUC-Rio, Jorge Biolchini, a doença pode ser verificada em negros, apesar de os casos serem mais raros.

– O câncer de pele é mais comum em pessoas de pele e olhos claros devido à maior sensibilidade delas aos raios solares (em especial, à radiação ultra-violeta).

Câncer de mama só afeta mulheres.

Mais comum no sexo feminino, esse tipo de câncer atinge também homens, embora em uma proporção bem menor. Segundo Biolchini, a proprção é de cerca de 100 casos em mulheres para cada caso masculino.

– Uma das principais causas de morte por esta doença é a falta de informação e o preconceito – alerta.

O efeito placebo não é capaz de curar uma doença, apenas elimina os sintomas.

De acordo com o doutor Jorge Biolchini, a ingestão de medicamentos com composição química supostamente inócua para combater diretamente a doença também levar à cura. Estudos clínicos, diz ele, estimam que aproximadamente um terço dos casos é curado ou obtém remissão dos sintomas devido ao efeito placebo. Biolchini explica que o fenômeno deve-se a uma rede dinâmica de interações no organismo:

– Atualmente, são estudados diversos efeitos e mecanismos relativos às múltiplas interações ocorridas entre os diferentes planos orgânicos e os sistemas globais de comunicação e integração. Esses sistemas são compreendidos pelos sistemas nervoso, imunológico e endócrino.

Diabetes tipo 2 é uma doença relacionada ao envelhecimento.

Apesar de antigamente ser conhecida como “diabetes do adulto”, por apresentar-se mais comum nessa faixa etária, a doença atinge todas as idades.

 – A obesidade começou a ficar frequente em pessoas cada vez mais jovens – frisa o endocrinologista Walmir Coutinho, desmentindo também que a principal causa desse tipo de diabetes seja o estresse, uma crença recorrente.

De acordo com o endocrinologista, o tratamento de diabetes tipo 2 é baseado em dietas, exercícios e remédios. A insulina é usada em alguns casos.

Homeopatia não faz efeito.

Mais um mito. Jorge Biolchini esclarece que o tratamento homeopático é curativo no caso de diversos problemas de saúde – e que isso pode ser atestado por evidências científicas. Um outro  benefício é a possibilidade de se obter alívio de sintomas

– Outro aspecto útil da homeopatia é a possibilidade de reduzir ou eliminar a recorrência de certas doenças crônicas, permitindo uma função preventiva – ressalta.

Ser vegetariano é mais saudável.

Mesmo que hoje já seja possível ser vegetariano sem prejuízos à saúde, graças à ingestão de complementos (indicados por nutricionistas), deixar de comer carne representa um desabastecimento de proteínas.

– Sem a proteína das carnes e do ovo, a pessoa terá de buscá-las em outras fontes, como a soja – esclarece Coutinho.

Ele ressalva, porém, que a reposição de cálcio com comprimidos não produz o mesmo efeito do consumo de laticínios:

– O recomendável é que haja, no caso de restrição da carne, um consumo de laticínios adequado, com leite, queijo e iogurte.