Um novo tipo de conflito armado ganha força na África: as “new wars”. Segundo o professor Tom Young, da Universidade de Londres, um dos convidados para o ciclo de palestras "Africa Lecture Series", esta semana, na PUC-Rio, esses conflitos são movidos por novos grupos sem planos de ação ou comando definidos, com saques e ações terroristas. Em contraste com as milícias de esquerda ou direita surgidas durante o processo de descolonização do continente, não possuem suporte ideológico.
De acordo com o especialista, as ações dessas milícias ainda são uma incógnita para as potências ocidentais. Sabe-se, no entanto, que suas ações são mais violentas, comparadas às das guerrilhas dos anos 1990, e foram motivadas, em parte, pela estagnação econômica.
– Toda a expectativa em torno do progresso dos países africanos após as guerras civis, nos anos 1990, não deram em nada. Houve um colapso do desenvolvimento, e isso pode ter dado força aos grupos radicais – explicou o professor, no debate organizado pelo Insiituto de Relações Internacionais.
Outro fator que, segundoYoung, torna mais complexo o jogo de poderes naquele continente é a forma do "engajamento ocidental":
– Nunca é fácil esclarecer as reais intenções de instituições de apoio comunitário. São de fato beneficentes, mascaradas ou os dois? – questionou.
Assim como os conflitos internos nos países africanos, o tipo de intervenção internacional nesses territórios também se modificou na passagem dos anos 1990 para os 2000. Hoje concentram-se mais na prevenção de guerras, em vez da invasão de territórios com conflitos já deflagrados. Por outro lado, quando as guerras acabam, as intervenções externas tendem a permanecer por mais um tempo, sob a justificativa de erradicação das "condições de conflito".
– Não é mais suficiente apenas fazer as pessoas pararem de lutar. Em Serra leoa, por exemplo, até uma política energética foi criada após o fim da guerra civil pelas tropas estrangeiras – afirmou Tom Young.
Esse tipo de ação é menos invasiva na economia e na política dos países em conflito, acredita o professor. Tem sido menos observada, por exemplo, a formação de tribunais, por iniciativa estrangeira, para o julgamento de crimes de guerra:
– Na maioria das vezes, eles têm se limitado a mediar acordos de paz.
Há também, ainda de acordo com o especialista, um "reavivamento" do termo “imperialismo”, aplicado, desta vez, aos países africanos. São considerados estados imperialistas aqueles que não mantêm controle sobre a população, enquanto aqueles que o fazem são vistos “com bons olhos” pelo Ocidente:
– Nesse sentido, agora a Líbia (com o povo rebelando-se contra Muamar Khadafi) está sendo considerada “imperialista” – observou Young.
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