Neste carnaval a internet se revelou uma embaixadora do samba carioca. Nos sites das principais escolas de samba do Rio e nas redes sociais – como o Facebook – estrangeiros escolheram a fantasia, aprenderam a cartilha do ziriguidum e se prepararam melhor para a maratona de desfiles, bailes e blocos que atrairão, segundo a Riotur, 756 mil turistas à cidade. 

O Facebook, por exemplo, entrou na onda da serpentina. Multiplicou a divulgação, em especial, da intensa programação do carnaval de rua. Para informar os foliões sobre datas e horários dos blocos, algumas páginas foram criadas na rede social, como “Simpatia é Quase Amor”, “Bloco do Sargento Pimenta” e “Escravos da Mauá”. Assim o americano Taylor Whitten, estudante de intercâmbio da PUC-Rio, de 20 anos, descobriu o “Simpatia é Quase Amor”. Taylor diz que os blocos são “diferentes de qualquer festa nos Estados Unidos, especialmente pelo astral do carioca”.

Morador do Leblon, o jovem faz parte do grupo PUC-Rio 2011-1 Exchange Programme no Facebook, no qual uma centena de estrangeiros trocam ideias, informações e se ajudam – inclusive com dicas sobre a folia carioca.  

– Acredito que a internet seja um meio essencial de se integrar na sociedade, especialmente para o estrangeiro. Conheci minha namorada pela internet, e mantenho contato com muitos outros intercambistas da PUC pelo Facebook. Minha vida social aqui no Rio Janeiro ficou mais fácil, principalmente no carnaval – observa Taylor (foto ao lado).

No mesmo grupo está o alemão Martin Marzett, de 24 anos. Ele também veio ao Rio para estudar na PUC-Rio, mas vai passar o carnaval em Salvador. Com a ajuda da internet, montou a programação na capital baiana e reuniu várias dicas para melhor se adaptar à cultura e às gírias:  

– Não é só aprender a língua, é também mandar para meus amigos da Alemanha tudo o que tenho vivido aqui. Programei excursões, passeios e festas em Salvador por meio da rede social. 

Outra facilidade criada pela internet é o acesso a opções de comida para os diferentes programas carnavalescos. O Mapa da Fominha, lista especial da rede social gastronômica ComiAli, reúne restaurantes próximos aos roteiros dos principais blocos da cidade. Vêm acompanhados de opiniões e recomendações dos consumidores sobre os serviços.

– Até eu, que sou carioca, fico confuso com tantas opções para se divertir. A lista para o carnaval reúne restaurantes recomendados por pessoas comuns, não chefs ou críticos. Esse guia colaborativo serve para que tanto o carioca quanto o turista não caia numa furada.

Desfile virtual de fantasias

A maioria dos sites das principais escolas de samba indica como fazer parte do desfile na Sapucaí. Reúnem desde informações sobre cada ala até fotos das fantasias à venda (tembém pela internet). A Imperatriz Leopoldinense, por exemplo, aderiu ao YouTube, com vídeos da escola. A Vila Isabel já samba nas páginas do Twitter. A Beija-Flor e a União Da Ilha têm lojas online com "produtos exclusivos".

No compasso da interatividade, a Mangueira criou um blog, no ano passado, para os foliões desfilarem comentários. Para tirar nota 10 nesse quesito, a escola também conta com canal no YouTube, comunidade no Orkut, Twitter. Segundo a administração da escola, a venda online favoreceu a maior procura por fantasias. A internet também ajudou a dobrar o números de inscrições para o concurso de samba enredo. Saltaram de aproximadamente 90 inscritos, em 2009, para 180, em 2010.

Há três anos a Unidos do Porto da Pedra aderiu ao ritmo das redes sociais: página no Facebook, fotos no Flickr, canal no YouTube, blog. Segundo a assessoria de comunicação da escola, os recursos tecnológicos aprimoraram a sociabilidade, aproximando o sambista da diretoria.

– O objetivo é fortalecer a imagem da escola. Solidificá-la como escola grande do Grupo Especial, mostrando alguns elementos que as outras ainda não possuiam. Conseguimos, assim, alcançar novos públicos e atraímos olhares do Brasil todo – anima-se o assessor Leandro Valente.

Leando ressalva, no entanto, que a intenção da Porto da Pedra não é "encher a escola de turistas atraídos pela internet, pois pode atrapalhar a harmonia do desfile". Ainda assim, a internet foi a principal responsável pelo aumento da procura de fantasias, que cresceu 12% do ano passado para esse – quando eles iniciaram a venda online.

Depois de pesquisar nesse baile virtual, a portuguesa Diana Celestino, de 26 anos, decidiu que deixaria de acompanhar a festa pela televisão e passaria a fazer parte dela. Sairá na Império da Tijuca, escola do Grupo de Acesso A – que desfila neste sábado (5). Espera viver um “momento maravilhoso”.

– A internet foi o primeiro meio que pensei para concretizar minha vontade de desfilar. Além disso, a divulgação de eventos tem acontecido muito através das redes sociais. Assim descobri toda a programação do feriado – conta.