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Rio de Janeiro, 15 de janeiro de 2025


País

Aeroportos exigem esforços conjuntos e urgentes

Gustavo Rocha - Do Portal

14/03/2011

Mauro Pimentel

A modernização da infraestrutura é um dos principais desafios do novo governo, tanto para honrar os compromissos de sediar a Copa 2014 e Olimpíada 2016, quanto para a ambição de entrar para o clube das principais economias do mundo. Um dos gargalos crônicos para o desenvolvimento são os aeroportos. Em janeiro, a presidente Dilma Roussef deu um passo para dirimir este atraso. Anunciou a privatização da construção e operação dos novos terminais de Guarulhos e Viracopos, em São Paulo. A solução, entretanto, não é uma unanimidade. João Antônio Del Nero, presidente de uma empresa especializada em consultoria para projetos de engenharia, considera positiva a entrada do capital privado nas obras, principalmente para cumprir os prazos exigidos pela Copa e pela Olimpíada. 

– A concessão permite alavancar projetos em prazo mais curto, o que é decisivo no caso das modernizações mais urgentes. Em alguns aeroportos, a situação está crítica – avalia Del Nero.

O consultor sugere um modelo de parceria público-privada:

– As companhias podem construir os terminais e operá-los. A administração pública ficaria com os pátios para estacionamento de aeronaves, as pistas e o controle aéreo – sugere.

Por outro lado, Leonardo Lefkovits, especialista em infraestrutura de aeroportos e ex-aluno da PUC-Rio, mostra-se parcimonioso em relação à proposta de privatização. Argumenta que, por envolver segurança nacional, essa área é "grande demais" para sair do controle do Estado:

– Essa coisa de trafego aéreo é sensível. Eu acho que o governo teria condições de melhorar os aeroportos. É responsabilidade dele – afirma.

Para Lefkovits, as melhorias têm que começar pelos aeroportos mais importantes, que são os do eixo Rio-São Paulo. Ele lembra que transtornos nesses aeroportos geram problemas em rede, no país inteiro.

 – O caso de Guarulhos é significativo, pois recebe o maior número de voos domésticos e internacionais do país. Quando fecha, observa-se um efeito cascata no Brasil todo – exemplifica.

O especialista afirma que, para deixá-los em nível internacional, é necessária uma conjugação de avanços de infraestrutura e de serviços além de obras nos terminais. Tais avanços envolvem desde melhores instalações para passageiros e para as companhias aéreas até qualificação profissional e melhorias no entorno: 

– Guarulhos, por exemplo, precisa de um equipamento para compensar a falta de visibilidade pelos nevoeiros. Para isso funcionar, a tripulação tem que saber usá-lo. 

Dentre as obras prometidas pela presidente Dilma Rouseff para o setor, estão a ampliação do aeroporto Galeão-Tom Jobim, com a conclusão do terminal 2 e melhorias no terminal 1; a construção de novos aeroportos em Goiânia, Cuiabá, Porto Seguro e São Gonçalo do Amarante (RN); a ampliação nos aeroportos Afonso Pena (Curitiba) e Guarulhos; e uma nova pista no aeroporto de Confins (Belo Horizonte). Del Nero reforça que os aeroportos das grandes cidades merecem mais atenção para se ajustar à demanda crescente, impulsionada pela classe C.

– Nessa relação de obras, as mais urgentes são São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Brasília. Os outros são aeroportos menores. Com o crescimento do Brasil, o tráfego aéreo aumentou muito – observa Del Nero.

Segundo o especialista, não se trata de construir novos aeroportos, mas sim “aperfeiçoar os já existentes":

– Existem empresas interessadas em construir. Acho que podem entrar no capital da Infraero e otimizar os aeroportos existentes para atender, da maneira mais rápida possível, a demanda crescente – sugere Del Nero.

Lefkovits aponta outro empecilho para um aeroporto novo:

– Aeroporto não é igual a supermercado ou farmácia. Tem que pensar no tráfego aéreo. Se construir outro aeroporto na grande São Paulo, Viracopos e Guarulhos não funcionam mais. E se colocar em outros lugares, vai ser ruim para os passageiros irem até Campinas ou Jundiaí, como se especula, para pegar o avião.