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Rio de Janeiro, 25 de abril de 2024


Cidade

Nem o fim do horário de verão esfria a praia noturna

Daniel Cavalcanti e Mauro Pimentel - Do Portal

22/02/2011

Mauro Pimentel

Praia significa sol, calor, lotação de barracas multicoloridas? Não para os praianos noturnos. Nem o fim do horário os desanima. Em Ipanema, depois que o sol se põe, pessoas de diversos tipos aproveitam a areia e o mar menos concorridos. Desde famílias que veem a chance de encontrar uma praia mais vazia até jogadores de rugby e jovens que esticam o fim de tarde para tomar uma cerveja ou uma água de coco no calçadão.

Por volta das sete da noite alguns banhistas e passantes aplaudem o descanso solar, reflexo do costume tradicional do Arpoador. A noite traz personagens que reforçam a paixão do carioca pela praia.

 Mauro Pimentel Naquela orla tão homenageada pela música brasileira, um francês radicado no Rio, ainda com as roupas do trabalho, lê um livro ao pôr do sol. Romain Todesco (foto), de 24 anos, conta que tem o costume de dar um pulo na água quando a noite se inicia. Ali perto, famílias se reúnem na areia e crianças brincam nas ondas. A praia ganha contornos mais suaves.

Vanessa Machado, aluna de jornalismo na PUC, costuma ir à praia de noite. A menos que esteja ventando muito, para não expor o filho pequeno, Lucas. “Como ele [Lucas] estuda aqui perto, a gente traz ele depois da aula”, conta.

O funcionário público Cristiano Tomás também considera a tranquilidade estratégica para a diversão infantil. "De manhã fica superlotado", compara. Ele também lembra que a segurança é essencial para o sucesso da praia noturna.  “Como o policiamento e a iluminação melhoraram, já não ficamos mais tão preocupados”, avalia.

 Mauro Pimentel O estudante Artur Lara Romeu, aluno do 8º período de jornalismo na PUC, reconhece que houve avanços, mas identifica a necessidade de uma iluminação melhor:

– Já fui assaltado aqui em Ipanema. Acho que a região deveria ser mais bem iluminada.

Para Artur, a praia noturna é uma “extensão do fim da tarde”:

– Eu não saio da minha casa especialmente para ir à praia à noite. Mas emendar o fim de uma tarde bacana na praia, ficar por aqui tomando uma cerveja e batendo papo é muito bom.

O casal João Silveira e Karina Friedrich também joga nesse time. Eles adoram curtir a praia ao luar, e observam que os turnos – manhã e noite – não são excludentes:

– De dia você vem para curtir o mar e o sol, de noite é bom para caminhar, beber alguma coisa, relaxar.

 Mauro Pimentel A tradição de espaço que reúne variadas tribos e propostas, até se acentua. Uma síntese desse espírito democrático são as partidas de rugby na areia. A partir das oito da noite, um grupo de homens e mulheres de várias idades se juntam, às quartas-feiras, para jogar o curioso esporte inglês. Gael Deheneffe, um dos franceses da equipe, explica que os treinos "só podem ser à noite, pois todos trabalham". O time se destaca pela pluralidade. “Há cariocas da gema, americanos, franceses, australianos. Tem um jogador do Zimbábue. É bem legal. Junta gente de vários lugares”, vibra Gael.

Para outros, praia noturna significa receita. O ambulante Renato Dias Veloso, 35 anos, vende salgados árabes e se veste a caráter. Segundo ele, as vendas vão bem à noite, “especialmente quando tem show, aí é legal”.  A indumentária e os salgados típicos fazem sucesso principalmente com os jovens.

Sem mal ter tempo para responder as perguntas do repórter, Nildo de Moraes, dono de um quiosque no Arpoador, diz que a noite gera mais movimento do que o dia. Às vezes, o movimento é tanto que atravessa a madrugada. “Se tiver gente, fico até de manhã”, afirma o vendedor.

 Mauro Pimentel Próximo ao quiosque, pai e filhos se divertem com a pesca de lula. “De noite é melhor, pois a água é mais gelada”, revela o filho mais novo, Rafael Viana (foto à esquerda), de 13 anos. A família não pesca para venda. Levam para consumo próprio. “Teve dia em que pesquei umas 20 lulas aqui”, orgulha-se Felipe.

Parte dessa diversão noturna atravessa o caminho do gari Carlos Eduardo Silva, que integra o time que limpa as areias de Ipenema. Na opinião dele, a limpeza e a educação dos banhistas melhoraram nos últimos anos. ““Claro, que tem que melhorar muito mais, né?", acrescenta.

Para ver mais cenas do que acontece entre o Posto 9 o Arpoador enquanto a lua dita o ritmo da praia, clique aqui