Foram descobertos no fim do ano passado os primeiros casos de dengue tipo 4 no Brasil desde 1982, quando o vírus foi identificado pela última vez no país. Até o momento, foram confirmados casos no Amazonas, Roraima e Pará. A preocupação é que o vírus volte ao Rio de Janeiro e cause uma nova epidemia, a exemplo de 2002, quando o tipo 3 contaminou mais de 290 mil pessoas só no estado do Rio. Apesar de ser chamada dengue tipo 4, esse vírus não é mais forte ou fatal do que os outros. A denominação segue apenas a ordem de descoberta. A doença causada pelo vírus do tipo 4 tem os mesmos sintomas e exige os mesmos cuidados. No entanto, como a maioria da população brasileira não tem imunidade a essa variação, o risco de epidemia torna-se maior:
– A imunidade contra a dengue funciona como nas outras doenças infecciosas: formação de anticorpos específicos contra o vírus. Assim, anticorpos são produzidos quando a pessoa adquire o tipo 1, mas eles não irão funcionar contra os outros tipos – explica o infectologiasta Rômulo Macambira, da Escola Médica de Pós-graduação da PUC-Rio.
Após o período de infecção, o corpo produz anticorpos que destroem o vírus causador da doença. Esses anticorpos ficarão gravados na memória do sistema imunológico, para que, caso o vírus volte a atacar, seja rapidamente eliminado. No caso de contaminação por outro vírus da dengue (tipo 2, 3 ou 4), os anticorpos não funcionarão. O sistema imunológico enfraquecido pela infecção anterior pode fazer com que o quadro evolua para a dengue hemorrágica.
Segundo o professor Maulori Cabral, do Instituto de Microbiologia Prof. Paulo de Góes, "a potencialização da
– Partículas de flavivirus
O resultado disso é a redução da
– As
O principal sintoma da dengue comum é a febre alta. Além disso, dor de cabeça, tonturas, náuseas, vômitos, manchas vermelhas no tórax e braços, dor no corpo, ossos e articulações e cansaço. Apresentando os sintomas, é recomendado dirigir-se ao posto médico mais próximo para a realização do exame que vai identificar a doença. O tratamento é simples. Consiste em repouso, ingestão de líquidos e uso de medicamentos prescritos pelo médico para o combate da febre e de dor. É importante evitar a automedicação, alerta Cabral:
–
Apesar do tratamento simples, o acompanhamento médico é indispensável. A evolução para um estágio mais grave pode acontecer mesmo aos pacientes que nunca tiveram a doença:
– Embora seja mais rara, a dengue hemorrágica pode acontecer mesmo nos casos de primeira infecção. Há pouco tempo acompanhei um paciente de 18 anos que sofria de dengue hemorrágica sem nunca ter sofrido infecção anterior pelo vírus – conta Macambira.
A principal ação preventiva contra a proliferação da dengue é a eliminação dos focos de água parada – em lixo, copos, garrafas, pneus – que podem servir como criadores do mosquito Aedes aegypti. O risco tradicionalmente se agrava nesse período do ano, por conta das constantes chuvas do verão. Assim, é importante atentar para plantas que acumulam água (como bromélias), evitar pratinhos de água para plantas, terrenos baldios com entulho e lixo abandonado; tampar caixas d’água e tonéis e limpar lajes com água de chuva empoçada.