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Rio de Janeiro, 15 de janeiro de 2025


País

Dilma Rousseff terá novos desafios na saúde pública

Roberta Bruno e Isabela Sued - Do Portal

26/11/2010

 Mauro Pimentel

O crescimento da economia brasileira propiciou o surgimento de uma nova classe média, tirando milhões de pessoas da pobreza. De 2003 a 2009, 29 milhões de brasileiros ascenderam para a classe C, que agora representa mais da metade da população. Essa nova classe média tem também novas necessidades. A mudança na pirâmide social do país trouxe a melhoria na qualidade de vida da população, porém a sociedade ainda é carente de uma gestão pública mais equilibrada e eficiente.

A saúde é um dos maiores problemas do Brasil. O desafio é implantar um sistema público de saúde de qualidade, que garanta o atendimento a todos. Dilma Rousseff, a presidente eleita, terá como desafio tornar a saúde pública mais eficiente, oferecendo medidas de prevenção, melhorias no atendimento e tratamentos para reabilitação. São necessárias políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças, programas de treinamento e qualificação dos profissionais, logística de transportes de pacientes, diminuição das filas de consultas e exames, além de aumentar as unidades de atendimento em todo o país.

De acordo com o professor da Escola Médica de Pós-Graduação da PUC-Rio (EMPG) Mauro Meirelles Pena, especialista em medicina física e reabilitação, o próximo governo terá que aumentar de fato o investimento na saúde.

– É importante qualificar gestores estaduais e municipais e fazer melhorias no quadro de profissionais. A nova presidente terá, também, que se preocupar com o financiamento de cada setor – explicou o professor Pena.

A nova classe média é formada por eleitores que querem mais do que tratamento curativo para doenças. Eles querem um sistema de saúde mais completo que ofereça serviços especializados, pois possuem direito legítimo através dos Cuidados Básicos de Saúde definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Esses 29 milhões de cidadãos recém-chegados à classe média passaram a ter um novo padrão de vida e cobram dos governantes acesso a serviços públicos de qualidade. Eles querem garantir a manutenção da mobilidade social e usufruir de todas as novas possibilidades oferecidas.

A prevenção de doenças, as obras de saneamento básico, a remoção do lixo, o controle de poluição, pragas e epidemias são questões relevantes no Brasil. O desafio é combater as principais doenças que atingem os brasileiros, como a dengue, e evitar o retorno de doenças extintas no passado – a maioria relacionada à pobreza – como febre amarela e cólera. A solução está no investimento em processos de prevenção, divulgação de campanhas educacionais no âmbito da saúde e no incentivo de políticas públicas no desenvolvimento de pesquisas.

A precária rede de saneamento básico, que provocam doenças que matam sete crianças por dia, é uma tarefa enorme para o novo governante, já que em oito anos houve um avanço muito pequeno. Segundo o IBGE, 12 milhões de domicílios não têm acesso à rede geral de abastecimento de água. A parceria entre o público e o privado é uma das alternativas legítimas e modernas para viabilizar o saneamento.

Outros grandes problemas do setor estão concentrados no Sistema Único de Saúde (SUS), que ainda sofre com o subfinanciamento, gestão ineficiente de recursos, baixo investimento na formação de profissionais, predomínio de um modelo centrado nos hospitais e nos insumos biomédicos, desigualdades regionais e a falta de conectividade entre as políticas de governo. Contudo, de acordo com o professor Mauro Pena, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) instaladas no Rio de Janeiro melhoraram essa situação.

– As unidades ajudam a desafogar as emergências dos hospitais. Ampliar as emergências 24h e políticas públicas deve beneficiar todos e acelerar o atendimento, sendo, portanto, uma prioridade na saúde – concluiu Pena.