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Rio de Janeiro, 26 de abril de 2024


País

Irineu Marinho: "O controle maior é o controle remoto"

Bruno Alfano e Juliana Oliveto - Do Portal

12/11/2010

 Mauro Pimentel

Na solenidade de encerramento das comemorações dos 70 anos da PUC-Rio, o Portal PUC-Rio Digital conversou com o presidente das Organizações Globo, Roberto Irineu Marinho, sobre a polêmica envolvendo porpostas de controle da imprensa e da mídia no Brasil. Na cerimônia, Irineu Marinho foi homenageado com uma medalha comemorativa dos 70 anos da universidade.

Ao Portal PUC-Rio Digital, Roberto Irineu Marinho classificou qualquer controle de conteúdo jornalístico como “inconstitucional” e diz que acredita no discurso de Dilma Rousseff de que o governo não caminhará em direção nesta direção.

Portal PUC-Rio Digital: Como o senhor vê hoje, no país, essa discussão sobre o controle da mídia?

Roberto Irineu Marinho: Isso é uma grande bobagem. O controle maior é o controle remoto. Você não está gostando? Desliga. Além disso, essa é uma discussão absolutamente inconstitucional. A liberdade é garantida pela Constituição. Qualquer controle de conteúdo que implique em censura ou na falta de liberdade – de assistir àquilo que bem entenda ou de produzir aquilo que bem entenda – é um atraso para o país. O que se tem que fazer é uma revisão da lei, que é antiga e tem certos itens que podem ser revistos. Todo mundo cita muito a televisão europeia para falar de controle de mídia. Entretanto, é preciso lembrar que não existe televisão gratuita na Europa. Lá, toda televisão é paga. A regra que se aplica à Inglaterra não pode ser aplicada ao Brasil. Lá se paga, se não me engano, 400 libras por ano para ter o direito de receber a televisão na sua casa. São regras diferentes, não dá para comparar. Eu poderia comparar com o contexto americano, onde existe televisão gratuita. O que tem que se trabalhar é a nossa legislação antiga.

Portal: Como o senhor acredita que o governo eleito de Dilma Rousseff vai atuar nessa questão?

R.I.M: Pelo menos as declarações que nós temos escutado da presidente eleita são extraordinárias. Então, eu confio que ela vai fazer o que está dizendo. O discurso dela é absolutamente coerente com o que eu acabei de dizer: garantir a liberdade e rever a legislação que está atrasada.

Portal: O senhor acha que vai haver uma polarização do governo com a imprensa durante o próximo governo?

 Stéphanie SaramagoR.I.M: Por quê? Eu acho a imprensa brasileira tão boa. Não só a parte que me toca, claro, porque seria auto-elogio, mas eu acho os outros jornais muito bons. A Folha de São Paulo e o Estado de São Paulo são dois jornais extraordinários. Eu acho o Estado um dos jornais mais modernos do mundo. A Folha é um jornal extraordinário, diferente, um jornal mais provocador. E as televisões que nós temos hoje no Brasil não têm o que aprender em lugar nenhum do mundo. Ao contrário, têm o que ensinar. Nós temos muito para ensinar. A televisão brasileira, hoje, é uma das melhores do mundo. Quando se visita qualquer lugar do mundo e se começa a assistir televisão ou ler um jornal, percebe-se que a mídia brasileira está entre os melhores que você vai encontrar. Não vejo porque ela vai polarizar, mudar em alguma coisa ou se tornar menos equilibrada somente porque há um novo governo.